A ideia ingénua do Zèd traz-me outro pensamento ingénuo. A mim uma das coisas que mais me choca no que toca à desigualdade salarial em Portugal é que, ao que parece, os que mais beneficiam dessa desigualdade – os gestores, patrões e as várias "elites" profissionais – não merecem ganhar tanto. Eles não podem dizer como alguns grandes patrões no mundo que merecem o que eles usufruem porque criam riqueza, empregos, etc., etc.
Porque é que eu digo isso. Num dos últimos números do Público de 2007, havia um dadozinho que deve fazer pensar (e isso desde há pelos menos 40 anos). Os trabalhadores portugueses lá fora – e o Público referia-se aos Portugueses no Luxemburgo que são três vezes mais produtivos que os trabalhadores em Portugal – são muito mais produtivos que os que ficam em Portugal. Ao que se deve essa diferença brutal que permite pensar que o problema não está na mão-de-obra?
Pode-se pensar que aqueles que emigram são os mais empreendedores, os mais dinâmicos, os mais produtivos.
Talvez. Mas não me parece explicação suficiente.
É sobretudo porque em Portugal o aparelho produtivo (máquinas, etc.), a organização do trabalho, as relações de confiança (ou sobretudo de desconfiança) criadas nas empresas, os incentivos salariais e o management das carreiras são deficientes. E isso é a culpa de quem? Em grande parte, dos gestores, dos patrões, de todos aqueles que auferem vencimentos chorudos e às vezes são melhores pagos que os seus homólogos europeus.
Por isso, “chapeau” a esses privilegiados.
Mas isso só traz perguntas : o que pode fazer o Estado para atenuar as desigualdades, obrigar as empresas a melhoraram o aparelho produtivo, melhorar os vencimentos, criar confiança nas relações laborais, facilitar a mobilidade social (pelo ensino e pela formação profissional), promover a iniciativa dos trabalhadores (e a justa recompensa dessas iniciativas), incentivar os talentos e a inovação (e não manter o status quo e as posições adquiridas e protegidas pelo Estado), etc., etc.,
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
Outras ingenuidades
Posted by Victor at 23:27
Labels: desigualdades, Ingenuidades, trabalhadores
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1 comments:
Incompetentes e bem pagos.
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