Na noite de quarta-feira foi assistir ao filme Entre les murs (A turma), no DocLisboa. Retenho o espírito das palavras do realizador Laurent Cantet antes da projecção: estava muito contente por apresentar o seu filme no Doc, pois considera que a distância entre documentário e ficção é muito ténue; estava curioso sobre a recepção do filme pois havia quem pensasse que o filme era sobre uma realidade especificamente francesa.
Depois de ver o filme, de que gostei muito, posso corroborar que é uma feliz aproximação ficcional ao real. Há uma história bem contada, que documenta o quotidiano de uma turma no contexto de sala de aula, na disciplina de Francês, sob a perspectiva do professor, M. Marin (intepretado pelo professor e escritor François Bégaudeau, autor do romance autobiográfico no qual se baseia o filme), ao longo de um ano lectivo. Tudo se passa numa escola de Paris frequentada por filhos de imigrantes de diversas provieniências (Marrocos, Mali, Tunísia, Turquia, China, Portugal, etc.) e também por filhos de franceses da Europa e das Antilhas. Em pano de fundo, encontramos não só a questão da imigração, das tensões raciais e da identidade, mas também do insucesso escolar, da aprendizagem da língua, da autoridade, da adolescência, entre outras.
Depois de ver o filme, de que gostei muito, posso corroborar que é uma feliz aproximação ficcional ao real. Há uma história bem contada, que documenta o quotidiano de uma turma no contexto de sala de aula, na disciplina de Francês, sob a perspectiva do professor, M. Marin (intepretado pelo professor e escritor François Bégaudeau, autor do romance autobiográfico no qual se baseia o filme), ao longo de um ano lectivo. Tudo se passa numa escola de Paris frequentada por filhos de imigrantes de diversas provieniências (Marrocos, Mali, Tunísia, Turquia, China, Portugal, etc.) e também por filhos de franceses da Europa e das Antilhas. Em pano de fundo, encontramos não só a questão da imigração, das tensões raciais e da identidade, mas também do insucesso escolar, da aprendizagem da língua, da autoridade, da adolescência, entre outras.
Não sou professora e já deixei de ser aluna do 3.º ciclo do ensino básico há muitos anos, mas parece-me que a realidade que o filme ficciona/documenta não é especificamente francesa e, nalguns aspectos, também não é nova. O cerne do argumento aplica-se a escolas de Lisboa e da AML. Só teríamos de mudar as origens dos pais dos alunos para Cabo Verde, Brasil, Ucrânia, Paquistão, Índia... Aquela turma não foi a minha turma mas pode bem vir a ser a turma da minha filha.
Dois aspectos positivos que retive: a participação dos alunos na sala de aula (não obstante alguma dose excessiva de insolência) e a sua representação no conselho de turma (apesar dos problemas que também pode acarretar).
Deixo-vos com uma referência a uma das cenas 'intemporais' do filme e uma memória pessoal. A entrada dos alunos na sala de aula, entrada barulhenta, demorada e tumultuosa. O professor Marin, depois de bater na mesa e de gritar para impor o silêncio, lembra que assim se perdem 15 minutos, um quarto do tempo de aula. O meu professor de Português do 7.º ano unificado, ao contrário da maioria dos outros professores, não falava mais alto para nos calarmos. Abria e fechava a luz da sala e escrevia no quadro: "o ruído impede a comunicação".
Entre les murs vai para as salas de cinema no final do mês. Não deixem de ver.-
Imagem retirada daqui.
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