Para governar, a líder do Kadima não terá outra alternativa senão a de compor com o Likud e com os socialdemocratas do Partido Trabalhista (14), o que me parece uma missão quase impossível, uma vez que Netanyahu também quer voltar a ser premiê . Pra piorar a situação, já que merda pouca é bobagem, há uma pedra no sapato de qualquer que seja o bloco governista. E essa pedra no sapato chama-se Avigdor Lieberman, um ultranacionalista e líder do Yisrael Beitenu. Com os 15 mandatos conquistados, deverá preitear um ministério importante que lhe garanta influência decisória e visibilidade política. Ou seja, será muito difícil livrar-se dele na composição do próximo governo. Talvez impossível.
Em suma, seja qual for o próximo governante de Israel não vejo no horizonte a possibilidade de uma abertura de diálogo que dê condições políticas para a elaboração de um projeto sério e determinante que garanta a criação de um Estado palestino livre e soberano. Ao contrário. Tudo deverá ficar como está ou pior. Por isso, ao povo palestino só me resta deixar aqui excerto da poesia de Carlos Drummond de Andrade, “José?”:
E agora, José?/ A festa acabou, / a luz apagou,/o povo sumiu,/ a noite esfriou, /e agora, José ?/ você que é sem nome,/ que zomba dos outros,/ você que faz versos,/ que ama protesta,/ e agora, José ?/ Está sem mulher, está sem discurso,/ está sem carinho, / já não pode beber,/ já não pode fumar,/ cuspir já não pode,/ a noite esfriou,/ o dia não veio,/ o bonde não veio,/ o riso não veio,/ não veio a utopia...
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