quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Ó Zé reaperta o cinto, se ainda o tiveres...

Ontem à noite recebemos uma dupla má notícia: derrota do SLB na Alemanha e agravamento das medidas de austeridade económica em Portugal.

É verdade que era preciso atalhar a actual situação das contas públicas (embora a dívida das empresas seja maior). O problema é que o pacote oficial segue mais uma vez a lógica do corte cego  e do ziguezague, não tem preocupação de justiça social, sendo mais penalizadas as classes baixa e média (que vivem basicamente dos seus rendimentos do trabalho) e saindo menos afectada a classe alta. Ademais, parte deste poderá agravar a recessão, o desemprego e as perspectivas de crescimento, enterrando ainda mais o país (como p.e. alerta Bateira).

Mas havia outras medidas possíveis, claramente justificáveis e com preocupação de justiça social:

>reescalonamento da aquisição dos 2 submarinos (que representam mil milhões de euros) e doutras despesas militares;

>orçamento de «base zero», com a despesa pública previamente justificada (proposta do BE);

>maior contribuição da banca (como referiu Alegre), com equiparação do IRS desta ao das restantes empresas, e fim do offshore da Madeira;

>maior taxação dos dividendos pela venda da participação da PT na VIVO (como defendeu Louçã);

>redução das regalias de dirigentes e chefias, das horas extraordinárias, etc.;

>melhor (re)negociação dos contratos das PPP e doutros grandes contratos.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Sustento condigno para todos

Esta é uma das ideias fortes da palestra de hoje de Peter Spink, que veio ao ISEG falar de «Trabalho, informalidade e cidadania» (em seminário do CESA), num dia marcado pela jornada europeia a favor de emprego condigno e direitos sociais para todos. Feliz coincidência.
O autor, investigador na Fundação Getúlio Vargas, acha que os conceitos de trabalho formal e informal já não são suficientes para descrever aquilo que preocupa mais as pessoas, ou seja, fazer pela vida, «se virar», buscar sustento, livelihood, na expressão inglesa. Ainda assim antipatiza com sustainable livelihood: «sustento sustentável» não será demasiado rebarbativo? E porque hão-de ser os pobres a ter que se preocupar com o ambiente quando os outros nada fazem?
Entretanto, buscando na net, deparei com 2 estudos de Spink: um chamado Parcerias e alianças com organizações não-estatais (2001, com livre acesso ao texto na ligação supra); e outro com Camarotti, sobre Parcerias e pobreza: soluções locais na implementação de políticas sociais, (2000), estudos que podem interessar a muitos leitores.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Por fim, uma euro-manif

Há muito esperada, a euro-manifestação ocorrerá esta quarta-feira, sob o lema «Não à austeridade, prioridade ao emprego e ao crescimento». É promovida pelo European Trade Union Confederation e pelos 50 sindicatos nacionais nela filiados, que representam 30 países. A principal manif será em Bruxelas, havendo depois dezenas de manifs nos países destes sindicatos. Em Portugal, decorrerão no Porto e em Lisboa, por iniciativa da CGTP.

Após a crise financeira de 2008, o Banco Central Europeu (BCE) passou a emprestar dinheiro aos bancos a taxas reduzidas, os quais por sua vez inflaccionaram as taxas para os empréstimos de que os Estados nacionais necessitam para sair da crise. É um círculo vicioso, que nem nos EUA ocorre, pois aqui apenas há um banco coordenador (o federal), que, por sua vez, é responsável pela contenção da inflacção e pelo crescimento, enquanto na UE o BCE apenas se preocupa com a inflacção e os défices nacionais. Estas são duas das razões porque a crise está a ser tão grave na Europa. E, por muito que se mude na regulação e conexos, falta mexer nesta parte nevrálgica.

domingo, 26 de setembro de 2010

Servir ou mandar?

Estava eu a dizer bem da Igreja católica (enfim, duma parte dela) e não é que logo a seguir cai uma daquelas notícias habituais sobre mais uma tentação de poder por parte do clero?

A história é simples e vai contra a história, passe a cacofonia: a ICAR quer ficar com a tutela das misericórdias, as quais, ao longo de mais de 5 séculos foram construindo a sua autonomia, face ao Estado e face à Igreja.

A questão envolve-nos a todos, pois as misericórdias prestam um relevante serviço público na área da acção social, estão espalhadas pelo país e são responsáveis por c. 70% da rede de cuidados continuados. Além disso, mesmo no sector social, a Igreja católica goza já de grande influência, pois está ligada a boa parte das IPSS.

Para aprofundar esta polémica desnecessária vd. «Misericórdias vão chamar Estado a resolver conflito com os bispos» e «"Não há razões para sobressaltos", afirmam bispos», por António Marujo.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Se mais gente assim da Igreja avançasse, haveria mais exigência política

Igreja Católica pede ao poder político para dar o exemplo quando pede sacrifícios aos portugueses

Carlos Azevedo defende que se houver aumento de impostos ele deve principalmente incidir nos que ganham muito

«A distribuição da riqueza é tão injusta em Portugal - é o país da Europa onde há mais desigualdades a nível da remuneração das pessoas - que se houver forte peso nos impostos dos que ganham muito, era saudável também para ajudar a nivelar a sociedade de um modo mais justo», disse.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

«Violação grave dos direitos humanos» no ataque israelita à Flotilha da Liberdade, conclui relatório da ONU

Relatório da ONU diz que há provas para acusar Israel de crimes internacionais 
Ataque de Israel à flotilha foi «uma violação grave dos direitos humanos»

Novas do «Portugal tecnológico»

«Escola premiada pela Microsoft fechou», por Natália Faria e Bárbara Wong

Supervisão financeira, bem precisamos dela

Depois dos EUA, a União Europeia vai, por fim, avançar na supervisão financeira, que é como quem diz «casa roubada, trancas na porta» (vd. «Eurodeputados dão luz verde à reforma do sistema de supervisão financeira»).
Mas há outras frentes conexas onde também se estão dando passos indispensáveis: «UE ataca produtos financeiros altamente especulativos», por Isabel Arriaga e Cunha.
Para um balanço comparativo vd. estes 2 artigos dum dossiê recente: «Reformas da supervisão chegam dois anos depois da queda do Lehman», por Ana Brito; e «As novas regras após o Lehman».

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Parabéns Time Out

Que hoje publicou o número especial de 3º aniversário. Eu era dos cépticos que de fala o editorial e até aqui zurzi no 2º número, crítica a que a própria revista se deu à maçada de responder.
Três anos, e várias números comprados, depois, tenho de elogiar a Time Out. Consegue dar ideias novas sobre o que fazer em Lisboa quase todas as semanas e algumas secções de sempre como o «Amamos e Odiamos» e o «Ouvido no metro» conseguem ter muita graça, assim como o crítico dos restaurantes, Tiago Rio.
Ainda falta melhorar a crítica de livros e, sobretudo, de filmes, mas como ainda terá mais alguns anos pela frente, tudo se resolve.

O maoísmo luso revisitado


O ensino da história: um mundo fechado ou aberto?

Sobre este tema, a Shyz chamou a atenção para um interessante debate que está a decorrer em França, a propósito da introdução duma rubrica de estudos africanos («Regards sur l’Afrique») no curricula do 5.º ano.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Se for mais do que propaganda, será bem útil

«Governo lança Agenda Digital com 2,5 mil milhões de euros», por Maria Lopes

Depois do choque tecnológico, eis o plano tecnológico:

1) rede de banda larga de nova geração de acesso universal;

2) sistema simplificado de licenciamento comercial;

3) um tutor virtual da matemática;

4) um registo de saúde electrónico;

5) um cartão de transportes universal, o Portugal total.

Só falta mesmo uma boneca insuflável para cada português...

Boas práticas a nível local

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Mais uma originalidade lusa: despedido via telex

E, já agora, o pretexto, não é? Vamos lá a isso, então:

O ex-ministro socialista lançou hoje um livro – intitulado E agora? Por uma nova República – cuja editora, a Sextante, garante ser o motivo da demissão.

No sábado, Carrilho deu também uma entrevista ao Expresso, a propósito do livro, em que critica projectos como o dos computadores Magalhães e o Programa Novas Oportunidades.

PS: e para que isto tudo não seja apenas folhetim manhoso, mais vale avaliar o contributo do autor. Para esse efeito, pode ajudar a amostra publicada pelo DN.

Baby pigs

Que qualquer percurso feito na A1 merece um desvio na Mealhada, já se sabia, por isso, será mais do que justo que a experiência dos leitões apareça na secção Travel do site do Guardian. O artigo até está bem simpático, omitindo a incrível fealdade do local, concentrando-se realmente no maravilhoso leitão e no borbulhante vinho. Talvez nos faça mais comedores de carne de porco do que realmente somos, mas também nunca vi nenhuma estatística sobre o assunto. Em todo o caso, já fiquei a suspirar por uma oportunidade de viajar na A1.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Estudar é uma espécie de desporto do cérebro



Sábias palavras sobre o fim das férias já foram aqui ditas pelo peão Daniel. Agora temos um néscio discurso de regresso às aulas que ainda nos faz ficar mais deprimidos. Os olhos vítreos, o tom esganiçadamente complacente, o cenário de Paços de Ferreira e, sobretudo, a oca e lastimável mensagem que se dirige não sei bem a quem e da qual apenas se depreende que um dia tem 24 horas. Para desporto do cérebro este discurso nem chega a atingir os mínimos.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A morte de Manuel Bidarra

Morreu Manuel Bidarra, um dos 45 católicos que, em 1959, assinou uma carta aberta dirigida a Salazar denunciando os métodos da PIDE. A resposta de Salazar foi insinuar publicamente «graves consequências» para a Igreja Católica por alguns  católicos terem rompido a «frente nacional».
Manuel Bidarra foi militante da Juventude Operária Católica, ferroviário, chefe de serviço da Lisnave, fundador da cooperativa Pragma e editor da Multinova.
A fotografia foi retirada do blogue «Entre as brumas da memória», de Joana Lopes, deste post evocativo.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Agatha Christie

faria hoje 120 anos. Fiquei a saber pela homenagem do Google, em que o G até ostenta um bigodinho à Poirot.
Este Verão foi a «memória arqueológica», Na Síria, que me acompanhou nas viagens de avião; noutros Verões, mais juvenis, os seus livros enchiam as intermináveis horas que era preciso esperar entre o almoço e o mergulho seguinte, de crime.
Na Síria, Agatha Christie faz um espirituoso relato das expedições arqueológicas em que acompanhou o marido nos anos 30 do séc. XX. Desde as primeiras páginas que descrevem os preparativos, as compras na «Secção Tropical», ou os tormentos da viagem, «o meu intelecto fica sempre diminuído pelas travessias marítimas», p.35, ou mais à frente quando descreve a vivência do Médio Oriente e o quotidiano das escavações, até o regresso ao conforto de Paris, a escritora mantém um delicioso tom sardónico de viajante que raramente se deixa deslumbrar, mas que, ao mesmo tempo, reconhece «que foi um modo de viver muito feliz», p. 281.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

UE avança judicialmente contra expulsão de ciganos por Sarkozi

Campanha «Como salvar milhões de mães e crianças»

A ONU reúne-se este mês para debater a prorrogação dum programa, o Projecto do Milénio, que, nos últimos 10 anos, ajudou a reduzir a pobreza, miséria e mortalidade materna e infantil em muitos países subdesenvolvidos, além doutros feitos. Nesse sentido, a ONG Avaaz elaborou esta petição para se pressionar os líderes mundiais no sentido da continuação do programa. Deixo-vos um excerto desta exortação à participação cidadã:

Aos líderes globais:

Como cidadãos globais engajados, pedimos que você renove a sua promessa de combater a pobreza até 2015 na Cúpula da ONU sobre os Objetivos do Milênio. Nós pedimos, especificamente, a duplicação dos fundos para reduzir dramaticamente a mortalidade materna e infantil, e garantir que os fundos sejam enviados de forma coordenada e eficaz.

domingo, 12 de setembro de 2010

Claude Chabrol (1930-2010): o último rebelde da «nouvelle vague»

«French filmmaker Claude Chabrol dies at 80», por Jenny Barchfield (AP)

«Claude Chabrol est mort» (Libération)

Para mais sobre a sua vida e filmografia vd. aqui.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Bons exemplos

Parabéns à Velha-a-Branca pela ideia, mais arrojada ainda se pensarmos que é da área cultural e não aceita subsídios do município bracarense (que saudades daquele espaço, do quintal, do ambiente, da conversa...).
Era bom que outros lhe seguissem o exemplo.

E 4 meses depois lá se concluiu o caldinho...

«Federação despede Queirós e convoca eleições»

Agora resta aguardar pelo novo cozinheiro. E que não nos dêem mais arroz de polvo. Queremos melhor. Marisco!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Um módico de sensibilidade? Ou o mínimo dos mínimos?

Deram o corpo às balas para conseguirem manter um mínimo para a subsistência. Conseguiram. Mas é só para o mínimo.
Sendo o mínimo dos mínimos, até isso lhes queriam tirar. Arrependeram-se. Ainda bem, resta fazer o resto do caminho.

Facebook

Estar ou não estar no Facebook? Luís Januário explica a questão - aqui. No meu caso, ainda estranho, mas vou entranhando.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Seminário Como se faz um povo

O projecto  POVOpeople, de que aqui falei, encerra amanhã em grande com o dia inteiro dedicado ao debate dos livros conexos e a visitas guiadas temáticas (vd. programa aqui).

No 1.º debate, sob a História e o povo, os investigadores  Fernando Oliveira Baptista e Manuela Ribeiro Sanches comentarão o livro Como se faz um povo, seguindo-se um debate com os colaboradores do livro que estiverem presentes (e foram muitos, 32). Será às 11h30.

No 2.º debate, sobre A política dos muitos, o jornalista António Guerreiro e o filósofo Nuno Nabais comentarão a antologia homónima, que junta textos de pensadores como Giorgio Agamben, Dipesh Chakrabarty, Michel Foucault, Eric Hobsbawm, Raymond Huard, Jacques Rancière, Paolo Virno e Slavoj Žižek. A sessão começa às 16h15 e será moderada pelos antologiadores, Bruno Peixe Dias e José Neves.

A conferência de encerramento cabe ao filósofo político Antonio Negri, que falará sobre «Entre povo e multidão, o comum», no que pode ser uma recapitulação do seu último livro Commonwealth, escrito a meias com Michael Hardt. Começa às 18h15.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

4 funerais e nenhum casamento

Já há alguns dias que queria escrever sobre este tema, mas só agora tive tempo. Nas últimas semanas, faleceram algumas pessoas que merecem ser evocadas, mais que não seja para se saber um pouco mais da sua vida e obra. Aqui fica então o registo:

> Baltazar Ortega (1919-2010): foi um dos mais conhecidos caricaturistas de imprensa em Portugal, tendo começado cedo e trabalhado em inúmeros títulos de referência. Conheci-o quando estava no jornal o diário, ligado ao PCP, nos anos 80. Era implacável com os adversários políticos, embora falasse dos seus bonecos com ternura e fosse uma pessoa muito amável - é assim que eu o recordo, dos tempos em que me mostrava os seus últimos cartoons e me deixava vê-lo paginar o jornal com rápidos traços de lápis em riste. Não se limitou à caricatura política, gostando também de retratar artistas e intelectuais. Assinava como Baltazar, simplesmente. Textos biográficos no catálogo «A rir se castigam os costumes», do Clube de Jornalistas, em «Adeus Baltazar, Alentejo mais pobre» e em «O mestre da caricatura, Baltazar Ortega faleceu a 6 de Junho de 2010», por Osvaldo Macedo de Sousa (6/VI).

> Tony Judt (1948-2010): era um dos mais famosos historiadores da época contemporânea. Iniciou a sua obra com um estudo sobre o socialismo francês oitocentista. A sua obra mais elogiada é Pós-guerra - a história da Europa desde 1945, originalmente editada em 2005. Recentemente saiu O século XX esquecido. Lugares e memória (2008), onde volta a confrontar aquilo que designa por amnésia moral dos intelectuais comunistas, a adesão incondicional ao estalinismo, ele que era um anti-socialista assumido. Ficou conhecido pela sua intervenção contundente, em várias questões, designadamente contra a opressão israelita sobre os palestinianos e sobre a lógica simplista por detrás da Guerra do Iraque. Ill fares the land é o seu testamento político, em prol da social-democracia e do Estado-Providência.  Mais detalhes em «Tony Judt obituary», por Geoffrey Wheatcroft (6/VIII).

> António Dias Lourenço (1915-2010): um dos antifascistas portugueses mais destacados, aderiu aos 17 anos ao PCP e foi um dos responsáveis pela reorganização do PCP, em 1940/41, ao lado de Álvaro Cunhal e outros. Mais detalhes em «Morreu o histórico do PCP Dias Lourenço», por São José Almeida (8/VIII).

> Ruy Duarte de Carvalho (1941-2010): escritor e antropólogo angolano, teve em Portugal um editor apaixonado, o responsável pela Cotovia. Mais detalhes em «O escritor que morreu “longe de tudo” não estava assim “tão longe do mundo dele”», por Alexandra Prado Coelho (19/VIII).

3º Encontro de Escritores Moçambicanos na Diáspora

domingo, 5 de setembro de 2010

Francisco Zambujal, o caricaturista do futebol

Até 8 deste mês decorre uma homenagem ao caricaturista Francisco Zambujal, nos 10 anos da sua morte. A iniciativa é da Sociedade Recreativa Os Artistas, do Rotary Club e do município de Faro, cidade onde passou grande parte da sua vida.
Além da inauguração duma rua com o seu nome, tem como aperitivos maiores o lançamento dum livro, Francisco Zambujal - o mestre da caricatura, do estudioso Osvaldo Macedo de Sousa, e de 2 exposições: «Amizade», com uma mostra do seu trabalho, e «O humor e o desporto» (para mais, vd. este programa).
Se não me engano, muitos dos leitores deste post terão conhecido algum do seu trabalho pelas cadernetas de cromos da bola dos anos 70 e 80. Ou, então, pelas inúmeras caricaturas que publicou no jornal A Bola e que se tornaram uma imagem de marca deste desportivo.
Aproveito para deixar aqui uma das suas caricaturas de grupo, duma das equipas do Benfica dos anos 60. Com José Torres presente, evidentemente.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

José Torres, o «bom gigante» (1938-2010)

Foi um dos atacantes da geração de ouro do Benfica, os anos 60. Precisou de 3 épocas para se impor como titular, no lugar do outro grande José Águas. Jogou 12 épocas de águia ao peito, marcando 226 golos em 259 jogos. Arrumou as botas aos 42 anos, em 1980. Ainda prosseguiu como treinador. Faleceu agora, aos 71 anos.
Deixo aqui uma foto dele com o uniforme da selecção portuguesa, pois ele também a representou e bem, no Mundial de Inglaterra em 1966 e enquanto seleccionador nacional. Mais detalhes aqui.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Maputo a ferro e fogo

O rastilho terá sido um pesado aumento dos preços de bens essenciais. Logo de manhã, grupos de pessoas dos bairros mais pobres da capital moçambicana começaram a protestar e a levantar barricadas. Seguiram-se confrontos com a polícia e pilhagens. A cidade rapidamente ficou sitiada. Até agora, há 6 mortos e dezenas de feridos, incluindo duas crianças.

No telejornal da SIC das 12h, o escritor Mia Couto confessava a sua surpresa pela ausência de comunicados oficiais sobre os acontecimentos. O premiê moçambicano, Armando Guebuza, que só à tarde falou, está sob crítica: terá demorado muito tempo a reagir.

Por ora, o ambiente acalmou, mas continuam a circular incitações ao protesto, por sms.

Os motins populares não são novidade em Moçambique. O problema é aquilo que revelam sobre o mal estar social e as más condições de vida: fome, privação, pobreza, desemprego, insegurança sobre o futuro. Há que criar condições que combatam estas causas. A receita actual, baseada num neo-liberalismo recauchutado, não resultou.