domingo, 13 de abril de 2008

Ele há vinhos do Carvalho!

Este post da série Vinhos ao Domingo (é uma série de posts que resulta episodicamente na publicação de posts sobre Vinho aqui no Peão, geralmente ao Domingo) não é para falar de um Vinho em particular mas de um fenómeno que me preocupa de sobremaneira. É que algo de desagradável me acontece de quando em vez quando ando nas minhas pesquisas de novos vinhos. Pode ser má vontade minha mas acho que a epidemia começou com os vinhos de Bordeaux, e contagiou outros vinhos um pouco por todo o lado. Não, não estou a falar do Cabernet Sauvignon, embora me pareça haver uma forte correlação (o Cabernet Sauvignon é uma cepagem infestante que anda a invadir vinhas de onde não é autóctone um pouco por todo o lado). O fenómeno que me atormenta é a serradura de Carvalho no vinho. Alguma coisa está errada quando se tenta degustar um copo de vinho e é mais fácil identificar a qualidade do Carvalho cuja serradura foi utilizada para o "aromatizar" do que a cepagem de que foi feito esse vinho. Não me interpretem mal, eu sei que o casco de Carvalho é bom para o vinho, mas há limites. Sistematizemos da maneira mais clara possível: Envelhecer vinho em barris de casco de Carvalho é bom, fermentar vinhos em cubas de aço inoxidável com serradura de Carvalho lá para dentro é que já é mais duvidoso. E não é que eu seja um desses conservadores que é contra as modernices da tecnologia (acho que os meus posts sobre transgénicos o demonstram*). Acho muito bem que se utilize todo o tipo de tecnologias possíveis na produção do vinho, como no resto. Apenas exijo uma condição: que o produto final seja de melhor qualidade e/ou mais barato (na pior da hipóteses apenas a segunda, e sempre sem prejuízo da primeira). Vinho com serradura de Carvalho não é de melhor qualidade que um vinho tradicional envelhecido em cascos de Carvalho, pelo contrário. Lanço aqui um apelo aos produtores de vinho que abusam da serradura: Deixem-se dessas merdas, pá!

* Falando em transgénicos, espero que ninguém tenha a ideia de pôr uma cepa a expressar os genes do casco de Carvalho nas uvas... e daí talvez nem fosse assim tão mau.

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