
Em Os Inúteis não há um argumento sólido ou tese visível – a narrativa vai construindo-se em volta de cinco personagens, das histórias e da inacção de cinco homens com trinta e tal anos, que vivem em casa dos pais, numa pequena vila italiana, e passam o tempo em festas, errâncias, seduções e quimeras. O líder do grupo, Fausto, engravida a namorada, é obrigado a casar e arranja um emprego medíocre que não tarda a perder. É uma história que não faz sentido nos dias de hoje. Ao mesmo tempo, a ideia de uma adolescência que se prolonga até ao absurdo, a inquietação, a dificuldade de levar uma vida a sério e satisfatória, parecem bem actuais. São os paradoxos da aldeia global, que tanto abre horizontes inconcebíveis numa pequena povoação dos anos 50, como recria condições de dependência e fragilidade social, psicológica, económica que não constavam dos sonhos modernos das cidades do futuro. I Vitelloni é um filme a redescobrir.
2 comments:
e os planos dos inúteis quando um dos amigos deixa a cidade e parte de combóio?
Mágníficos movimentos de câmara, como se os inúteis estivessem a ser filmados de um comboio em movimento.
Enviar um comentário