
Em Portugal há movimentos católicos empenhados na realização de um outro referendo que vai abrir a caixa de Pandora. O referendo sobre o casamento homossexual pode desencadear uma campanha homofóbica. Na mesma caixa estão a islamofobia, a xenofobia e todos os outros medos que saltarão cá para fora assim que a palavra «referendo» for pronunciada para tomar decisões sobre a vida privada dos outros, sobre os direitos de minorias. Esquecemos demasiado depressa que todas as minorias são relativas. Como os bispos suíços lembraram, também os católicos são minorias em países de maioria muçulmana. Não perguntes portanto que minoria viu os seus direitos limitados. Quando os direitos de uma pessoa são ameaçados, os direitos de todos são ameaçados.
PS Uma associação judaica criticou a interdição dos minaretes na Suíça e lembrou que há um século outro referendo suíço serviu para proibir o ritual judeu de matar animais (ver aqui). Deve acrescentar-se que Sarkozy comentou os resultados do referendo nos seguintes termos: «(...) esta é a prova de que as pessoas, na Suíça como na França, querem manter a sua identidade»; que Angela Merkel declarou ambiguamente: «Os resultados do referendo suíço são para ser levados a sério»; que Le Pen aplaudiu a proibição dos minaretes; que a extrema-direita holandesa quer fazer um referendo sobre o mesmo assunto na Holanda. Os minaretes suíços podem ser pontas de um iceberg esmagador.
2 comments:
A Suiça é, ela própria, uma minoria, cuja Banca tem parasitado os povos explorados pelos seus "Depositantes".
Bom post, João Miguel, e também uma posição de elogiar, a dos bispos suiços.
Enviar um comentário