segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

À atenção dos críticos literários

Isto pode parecer anacrónico, ou uma repetição do que já alguém disse, ou mesmo ridículo (como as cartas de amor do Fernando Pessoa), mas:

há qualquer coisa de profundamente actual na — hoje tão fora do panteão literário — arte neo-realista. Não o serão os temas do neo-realismo histórico, não o serão as imagens dos trabalhadores do campo ou das fábricas do século XX (e da cultura nacional), muito menos o será a filosofia da história marxista e o correspondente exercício de autoritarismo moral. Não o serão muitas outras coisas, como o próprio nome. Mas do movimento neo-realista como metáfora (de uma arte empenhada, de uma arte comprometida na luta contra o enorme sofrimento do mundo) talvez houvesse uma série de pistas novas a tirar.

(ou talvez já estejam a ser tiradas algures no mundo, e a gente simplesmente não veja)

Seria isso: o neo-realismo como desejo enorme de mudança, como imaginário. Como o contrário daquilo que foi historicamente: pura forma da emancipação social.

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