É uma notícia inesperada e triste, esta do falecimento do músico João Aguardela, ontem, vítima de cancro. Não chegou aos 40 anos, que celebraria em Fevereiro próximo.
Aguardela foi vocalista, líder e fundador dalguns dos projectos mais interessantes da moderna música portuguesa e que eu tive muito gozo em acompanhar, por sintonia geracional e estética: Sitiados, Megafone, Linha da Frente e A Naifa.
Os seus projectos tinham um denominador comum: cruzar a música tradicional portuguesa com sonoridades electrónicas, um pouco como a continuação de António Variações e, aqui e ali, com ressonâncias dos The Pogue, e outros. Linha da Frente tinha a particularidade de ter sido criado por vocalistas de várias bandas para a interpretação de textos de poetas portugueses, dando o mote a outra preocupação de Aguardela, a divulgação da língua portuguesa. A inovação estética era nele uma preocupação central.
O último projecto, A Naifa, tinha-o juntado a Luís Varatojo e outros músicos, para uma revisitação bem atraente do fado, cruzando-o com a música electrónica e uma voz feminina.
O último projecto, A Naifa, tinha-o juntado a Luís Varatojo e outros músicos, para uma revisitação bem atraente do fado, cruzando-o com a música electrónica e uma voz feminina.
Tinha uma bonita voz e uma boa presença. Ficam-nos as suas músicas, o seu sentido estético, o seu empenho cívico e a sua atitude aberta ao mundo, desalinhada do estrelato e do comercialóide.
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