terça-feira, 17 de abril de 2007

Feminismo ou Feminismo?

14 comments:

Hugo Mendes disse...

Bom texto, é verdade. Mesmo que ela continue a não gostar de sociologia francesa.

Anónimo disse...

aah!? blog feminista o que é? não é para falar de casinhas, cozinhas, criancinhas, rendinhas? ou é obsessivamente contra isto anti-ista? Anonimista

CLeone disse...

Desta vez discordamos, Hugo. O texto é mais uma utilização de exploração unilateralemnte (embora neste psot já pareça sercoisa boa), mas aplicada ao caso feminino. O anúnico da Superbock a que ela se refere era simplesmente aprvo pq apresentava os homens como parvos simplesmente interessados em tetas. É isso que os feministas daqui pensam da autora do texto? Tanto «altruísmo» (e vai outro conceito ao ar, unilateralmente de novo) Convinha saber o que significa «objecto» em «objecto sexual», não é uma oposição a «sujeito», é uma oposição a ser humano». Mas ética moderna é demasiado sério para quem assina «fuckitall», talvez. Como feminista (ie, não descriminador) que sou, espero que não.

Sofia Rodrigues disse...

Por muito que queira modernizar a minha ideia de feminismo, a dura realidade não mo permite.
Continuo a ver e todos os dias uma desigualdade de tal forma evidente, no meio social, profissional e familiar, que ainda não consigo pensar que a grande questão actual reside em cuecas e soutiens (ou falta deles) em outdors. Nem vejo como o aparecimento de boxers podia contribuir para melhor a condição feminina.
Só um exemplo para acabar: no domingo, enquanto esperava pelos Gato Fedorento, ainda ouvi Marcelo Rebelo de Sousa referir-se à candidata francesa qualquer coisa como «é adorável, mas não apresentou uma única ideia». Ora cá está um conceito que nunca se ouve se aplicado a um homem.

Hugo Mendes disse...

Carlos, não sei se subscrevo tudo o que está escrito no texto (nem estou a par de todos esses anúncios) mas estão lá coisas escritas que me parecem interessantes do ponto de vista de outras visões do "feminismo". Serve quanto mais não seja para dizer que há vários "feminismos".

Mas concordo contigo que
"feminismo" - pelo menos aquele com que me identifico -, no limite, significa "não-discriminação".

CLeone disse...

Peço desculpa Sofia, mas adoráveis sem nenhuma ideia é coisa que se diz de muitos homens. E é mentira no que diz respeito à adorabilidade, em muitos casos. E o mesmo vale apra as mulheres, claro - sem discriminação

Sofia Rodrigues disse...

Sem ideias claro que se diz, mas adoráveis?!? Eu nunca ouvi.

Cláudia Castelo disse...

Zèd, concordo com as ideias expressas no texto de Fuckitall.
Quanto à tua pergunta, acho que as/os feministas não devem lutar nem contra a exploração da imagem sexualizada da mulher nem a favor da exploração da imagem sexualizada do homem*.
Devem sim contrariar a perpetuação do mito da mulher como elemento desinteressado do sexo e da sexualidade. Diferenciar os géneros em matéria de desejo e de prazer sexual (homens activos / mulheres passivas) tem provocado muitos equívocos e tem contribuído para a subalternização das mulheres num domínio muito importante da nossa (de todos) vida.
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* Como a utilização do corpo e do desejo sexual (no feminino ou no masculino) na publicidade não me choca e, por vezes, até me diverte, recomendo-vos os efeitos secundários de um certo creme para o rosto.
http://www.seemoresideeffects.ca/

Zèd disse...

Cláudia,

Concordo inteiramente, aliás reivindico aqui o direito a ser tratado pelas mulheres como um objecto sexual :-)

Se é verdade que os publicitários se limitam a seguir o mercado então o facto de não vermos publicidade utilizando imagens masculinas sexualizadas dirigidas ao pùblico feminino é um reflexo de uma relação diferente que mulheres e homens têm com a sexualidade. A tal diferença entre "os géneros em matéria de desejo e de prazer sexual (homens activos / mulheres passivas)" de facto existe, está interiorizada pela maior parte das mulheres, e é um produto da cultura machista. O desejo e o prazer sexuais estão vedados de facto às mulheres, há uma repressão socio-cultural que lhes é imposta, e a meu ver o feminismo deveria combater esta interdição. Essa é a verdadeira emancipação sexual da mulher.

Os homens (heterossexuais) só teriam a ganhar com essa emancipação, não há nada tão bom como o sexo com uma mulher emancipada.

Pedro Sá disse...

Sem prejuízo do essencial que foi dito o com o qual concordo, devo lembrar que o que menos falta por aí são mulheres jovens que por serem mulheres se acham no direito de querer fazer dos homens o que bem lhes apetece e que são superiores como mulheres a qualquer homem.

Ah, pior. Conheço uma PSICÓLOGA com cerca de 38 anos que diz alto e bom som que os filhos são só da mãe. E o pai é o quê, gado bovino ?

CLeone disse...

Gado? Nem isso, se duvida consulte a legislação em vigor

FuckItAll disse...

Posso meter aqui o meu nariz de antropóloga pró-anglosaxónica? Não é um nariz pequeno, querem ver?

Queria tornar claro que não defendo particularmente a criação de imagens sexuais de ninguém, apenas defendo que, quando surgem, elas (1) não podem ser censuradas e (2) não devem ser interpretadas, só por si, como uma exploração/degradação de ninguém.

Depois, por partes:

CLeone, a campanha da SB seria parva, mas a parvoíce não é crime. E ainda acho que tudo o que a campanha fez foi pegar na mulher como objecto de desejo e tentar produzir uma associação mental com a cerveja, para torná-la também desejável. Tenho dificuldade em perceber isto como ofensivo para alguém, e muito mais em perceber o machismo de ver a mulher como desejável. Espero que o meu nick não prejudique para si a possibilidade de conversarmos sobre isto…

Sofia, precisamente, eu também acho que as grandes questões feministas não passam por saber se uma modelo publicitária ou uma dançarina de cabaret aparecem mais ou menos despidas. Pelo menos em Portugal, ainda há todas as questões laborais, familiares, e até de segurança física, a debater. Mas se a questão (da imagem publicitária) é levantada em nome do feminismo, sinto-me obrigada a dizer que o meu feminismo vai no sentido contrário.

Hugo, apesar da nossa questão magna, estamos de acordo nisto: o meu principal ponto era mesmo que feminismos há muitos [se houver algum especificamente francês, aviso já que sou contra]. O que é muito natural, há mulheres (e homens) de meios e sensibilidades muito diferentes a pensar sobre estas questões. Parece-me saudável, na verdade.

Cláudia, obrigada pela síntese, era isso de facto o que estava a defender.

Zèd, tenho alguma esperança que neste momento a tal assimetria se passe muito mais nos discursos públicos do que na vida das pessoas concretas. Não tenho ideia que a maior parte das mulheres se vejam como seres sexualmente desinteressados ou passivos. E se estivermos com atenção, vemos inúmeras, constantes imagens de homens-como-objecto-de-desejo na publicidade. Não há é movimentos puritanistas a sublinhar esses anúncios.
E, se me permitem: sexo mau é com gente que leva a moral para a cama.

Pedro, a parvoíce é um bem democraticamente distribuído por ambos os géneros. O problema é quando a legislação reforça essas coisas, concordo com o CLeone. No que respeita à legislação e sobretudo ao sistema judicial, a paternidade e os direitos masculinos nesse campo são inacreditavelmente menorizados. Eis (mais) uma boa batalha para se travar no campo das igualdades de género.

CLeone disse...

Cara Amiga,
O nick não me atrapalha, direi apenas que a ter algum sifgnificado ele será o de indicar algum problema seu com tudo e mais alguma coisa.
Sobre a boa síntese da Cláudia, reproduzo-a: «Devem sim contrariar a perpetuação do mito da mulher como elemento desinteressado do sexo e da sexualidade. Diferenciar os géneros em matéria de desejo e de prazer sexual (homens activos / mulheres passivas) tem provocado muitos equívocos e tem contribuído para a subalternização das mulheres num domínio muito importante da nossa (de todos) vida.» Isto é consensual, embora esteja já datado, como decorre do seu comentário a outros comentários mais hilariantes aqui postados.
Sobre o resto: claro que a parvoíce não é crime. Eu disse que era? FUi eu que defendi a censura aos meios de comunicação social? E também concordo que não acho ofensivos esses anúncios todos. Lembrei-me do caso cervejeiro de 2006, não ofensivo mas boçalzinho, por ter escrito sobre ele; não me fui reler, mas suspeito que seria qualquer coisa do género então as feministas não se importam de ser tratadas como objectos? Agora, se reler o que escrevi acima, verá que foi justamente à questão do objecto e do sujeito que me referi. Se quer realmente saber, isto também se relaciona com a noção de sexo, que para gente muito progressista e sapiente parece ser apenas uma coisa que têm entre as pernas. Não sei se aquela referência que fez a moral na cama indica algo nesse sentido, ou se estes temros lhe parecem sequer ser realmente o problema, mas se quiser discutir esteja à vontade.

FuckItAll disse...

Caro,
O nick não indica muito mais que uma brincadeira sempre fértil em gerar trocas de piadinhas e mal-entendidos vários.

E a conversa do sexo-com-moral também era uma brincadeira em resposta à do Zèd - uma brincadeira que tem ramificações sérias, mas que não vêm ao caso agora.

Again, o ponto é que para mim ver estas imagens como objectificantes, no sentido negativo que lhe dá, na maior parte dos casos implica que se ache que a nudez e o sexo objectificam (de modo negativo) a mulher. Eu acho que nem por isso. E que de qualquer forma há muito mais riscos em querer uma imagem sempre controlada e medida do feminino (não estou a dizer que esta é a sua posição, mas é a aquela por oposição à qual eu estava a escrever).