segunda-feira, 23 de abril de 2007

Escolhe o teu esquerdista preferido - O epílogo

No concurso "Escolhe o teu esquerdista preferido", evento paralelo às eleições presidenciais francesas a coisa não correu muito bem aos candidatos.

Olivier Besancenot (Ligue Communiste Révolutionnaire) 4,11%
Marie-George Buffet (Parti Communiste Français) 1,94%
Dominique Voynet (Les Verts) 1,57%
Arlette Laguiller (Lutte Ouvrière) 1,34%
José Bové (Altermundialista) 1,32%
Gérard Schivardi (Parti des Travailleurs) 0,34%

A haver um vencedor terá que ser Olivier Besancenot, que voltou a apresentar-se, e foi o único que manteve os mesmos níveis de votação (o rapaz, carteiro de profissão, faz-me mesmo lembrar o Francisco Louçã dos tempos do PSR, mas em mais descontraido). Todos os outros pioraram a sua votação, ou do candidato do mesmo partido, de 2002. José Bové não é "herdeiro" de nenhuma das candidaturas de 2002, mas também não se saiu nada bem.

Em 2002 as votações tinham sido:
Olivier Besancenot (Ligue Communiste Révolutionnaire) 4,25%
Robert Hue (Parti communiste français) 3,37%
Noël Mamère (Les Verts) 5,25%
Arlette Laguiller (Lutte Ouvrière) 5,72%
Daniel Gluckstein (Parti des travailleurs) 0,47%

José Bové foi o único que na noite eleitoral se referiu ao falhanço de uma candidatura unitária à esquerda nestas eleições, e de como estes resultados foram uma derrota de todos. Num momento de extrema lucidez apelidou as votações obtidas pelos candidatos à esquerda do PSF de "desperdício eleitoral" (gâchis électoral). Efectivamente acabaram todos sem honra nem glória (excepto Besancenot) a assumir as suas derrotas e a queixar-se do voto útil, e todos (incluindo Besancenot) a apelar ao voto em Ségolène Royal sem qualquer margem de manobra para reivindicações, sem quaisquer hipóteses de poderem ser parte de um projecto com reais possibilidades de ganhar as eleições.

Embora seja um mero exercício teórico, porventura fútil, é interessante imaginar qual teria sido o cenário eleitoral ontem com uma candidatura de convergência à esquerda dos socialistas. Provavelmente o voto útil não teria funcionado tanto em favor de Royal como funcionou, o eventual candidato dessa esquerda estaria agora a ser tão assediado como o está a ser o centrista François Bayrou. Não é seguro, pelo contrário, que esse fosse um cenário favorável a Ségolène Royal. Ironicamente a fragmentação da esquerda que foi a causa do desastre para Lionel Jospin há cinco anos, talvez dê uma grande ajuda a Ségolène Royal desta vez.

2 comments:

Anónimo disse...

O que Bové disse escreve-se "gâchis électoral"

Zèd disse...

Obrigado pela correcção.