quinta-feira, 5 de junho de 2008

François Fetjö (1909-2008), precursor da história do comunismo leste-europeu

No mesmo dia em que faleceu o músico Bo Diddley morreu também o historiador húngaro-francês François Fetjö.
Foi um dos primeiros a criticar o estalinismo, ainda no início dos anos 1930, tendo escrito uma obra de referência sobre o comunismo na Europa de Leste, intitulado As democracias populares (v. o. de 1952, edição portuguesa de 1975). O último 'tomo' desta obra foi La fin des démocraties populaires (1992).
No ínicio do seu percurso intelectual, Fetjö fora comunista, tendo co-fundado um círculo de estudos marxistas na Budapeste universitária, acto pelo qual foi preso pelo regime pró-fascista romeno. Nessa altura rompe com o comunismo, por acreditar que os comunistas alemães tinham recebido instruções de Moscovo para se associarem aos nazis contra os sociais-democratas. Posteriormente, torna-se social-democrata, co-fundando a revista Szép Szo, que criticará tanto o fascismo como o estalinismo. Nas vésperas da II Guerra Mundial, foge para França, onde se torna membro da resistência antifascista.
No pós-guerra foi correspondente da France Presse para a Europa de Leste e professor no Institut d'Études Politiques (anos 70 e 80), tendo convivido com intelectuais como Camus, Aron e Morin, e polemizado com Malraux e Sartre. Após a queda do Muro de Berlim defendeu uma espécie de Plano Marshall aplicado ao países do ex-Pacto de Varsóvia.
Fontes:
*"François Fetjö", BiblioMonde, 2008.
*KULAKOWSKA, Elisabeth (1992), "François Fejtö (avec la collaboration d'Ewa Kulesza-Mietkowski): La fin des démocraties populaires. Les chemins du post-communisme [recensão crítica]", Vingtième Siècle, n.º 36 (X-XII), p. 106/7.
*QUEIRÓS, Luís Miguel, "François Fetjö (1909-2008): um pioneiro da história do comunismo na Europa de Leste", Público, 3/VI/2008, p. 21.
*PORBASE.

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