quarta-feira, 4 de junho de 2008

(A propósito da Amy) To Zèd with luv

Let us put our trust in the eternal spirit which destroys and annihilates only because it is the unsearchable and eternally creative source of all life. The passion for destruction is also a creative passion!
Michael Bakunin: Reaction In Germany (1842).
Há uma triologia de Tom Stoppard intitulada The Coast of Utopia, onde Bakunin é uma das personagens mais interessantes.
Seguem duas quotes de Bakunin anti-marxistas:
"They [the Marxists] maintain that only a dictatorship—their dictatorship, of course—can create the will of the people, while our answer to this is: No dictatorship can have any other aim but that of self-perpetuation, and it can beget only slavery in the people tolerating it; freedom can be created only by freedom, that is, by a universal rebellion on the part of the people and free organization of the toiling masses from the bottom up." (...) anarchism or freedom is the aim, while the state and dictatorship is the means, and so, in order to free the masses, they have first to be enslaved.
Mikhail Bakunin, Statism and Anarchism

6 comments:

Zèd disse...

O Bakunin era mas é um g'and'a maluco.

A sério, Bakunin fala de destruição, não de auto-destruição. Destruição pode ser muito útil, tipo destruição de uma ditadura. A auto-destruição impede que se possa depois destruir outras coisas. O discurso do Bakunin é bem mais interessante do que o da Amy, é pena não ter deixado um discografia gravada, devia ser bem interessante.

Anónimo disse...

O problema é quando outros se divertem a ver a auto-destruição de alguém enquanto eles próprios não destroem nem constroem. O circo romano ainda tem espectadores.

Enquanto isso, outros abutres aproveitam e constroem mitos que lhes constroem fortunas e bens materiais.

Sofia Rodrigues disse...

Zéd, já nem sei bem onde te deixar um comentário a tanta posição sobre a Amy Winehouse (de quem não conheço uma única música).
A destruição, mas também a auto-destruição podem ser formas de expressão válidas.
Além disso, a lista de cantores bêbedos e/ou drogados em palco não tem fim e também está bem.
E nem sei como te dizer isto, mas o Bagão Félix, hoje de manhã, na Antena 1, não andava longe do que defendes.

Zèd disse...

Ai, ai, ai, Sofia... Não ouvi o que o Bagão Félix disse, mas duvido que estejamos de acordo. Não me devo ter explicado bem. Vamos por partes:

- Não tenho nada contra o espectáculo da auto-destruição de Any Winehouse, per se, sobretudo de um ponto de vista moral(ista). Não estou de todo preocupado com o exemplo que isso possa dar aos jovens fãs, acredito que eles pensem pela própria cabeça, o que é suficiente.

- Não tenho paciência para esse tipo de espectáculo, do ponto de vista artístico. É algo que realmente não aprecio, porque, precisamente, impede o artista de exibir o seu verdadeiro talento. A actuação da Amy Winehouse é um exemplo, pelo que vi, bem claro. Se eu soubesse que ela ao vivo cantava tão bem como em estúdio ia já comprar um bilhete para o próximo concerto, porque até gosto da música dela... quando ela canta.

- Há inúmeros exemplos de génios que entraram em processo de auto-destruição, mas a auto-destruição não faz de todo parte do génio, bem pelo contrário. Billie Holliday, Nina Simone, Jim Morrison, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Garrincha, Maradona, George Best, Charlie Parker, Miles Davis, John Coltrane, etc... deixaram de ser geniais e criativos precisamente a partir do momento em que entraram na espiral da decadência (no caso de Davis e Coltrane, quando conseguiram sair do processo de decadência voltaram a ser geniais).

- Há uma mistificação pseudo-romântica (que se viu nos posts do Daniel Oliveira, e do Pedro Sales, por exemplo) que confunde a auto-destruição e decadência com o génio, o que, pelo que já disse, me parece um disparate. A decadência não faz parte do génio e nada tem de louvável ou edificante. Isto não é um juízo moral, é uma simples constatação. E, o que também me irrita pessoalmente, é à conta deste pseudo-romantismo serem votados ao esquecimento, ou menorizados, outros verdadeiros génios que cometeram o "pecado" de não se auto-destruírem.

Sofia Rodrigues disse...

Zéd,
tenho dúvidas que o génio acabe onde começa a auto-destruição. Algumas das mais belas criações artísticas foram feitas em estados de semi-inconsciência e quando os autores já tinham entrado em espirais de decadência.
Além disso, toda uma classe de génios sóbrios e construtivos durante todo o tempo, mais pareceria uma maçadora repartição.
(mas admito que alinho nalgum pseudo-romantismo como lhe chamas e que o Bagão Félix era para me meter contigo ;-)

Zèd disse...

Sofia,
Tenho que concordar contigo que há casos em que a decadência se alia ao génio. E o génio deve ser sempre louvado, decadente ou não. Estou a lembrar-me Camões (de longe o meu poeta preferido).