sexta-feira, 12 de setembro de 2008

A quem compensa a desestabilização da Bolívia?

aqui previramos o que infelizmente começou ontem: uma guerra civil, por ora larvar, na Bolívia. Recusando a política central de transferência de fundos do imposto petrolífero para um plano nacional de assistência aos idosos, vários governadores provinciais incentivaram à contestação aberta e violenta e à exigência do retorno desses fundos para os seus orçamentos (cujos territórios detêm o grosso desses preciosos recursos naturais). O Presidente Morales acusa os instigadores desta rebelião de "golpe de Estado civil contra a unidade e a democracia na Bolívia". É óbvio que neste caso ele tem razão, mas também é verdade que deu o flanco no procedimento quanto ao referendo para uma nova Constituição (+info sobre o que se passou ontem aqui e aqui).
Os críticos neo-liberais (de dentro e fora da Bolívia) acusam qualquer política de nacionalização de determinados recursos económicos de aventureirista e nefasta, só para nos ficarmos pelos termos mais suaves.
Contudo, são os países-farol do capitalismo actual que estão agora a dar o exemplo, e quanto a isso, nada dizem. Porquê? Porque é para salvar grandes empresas particulares da bancarrota. Primeiro no Reino Unido, mais recentemente nos EUA, com a nacionalização das empresas Fannie Mae e Freddie Mac, as duas maiores financiadoras da compra de imóveis. Nos EUA?! Pois é (vd. aqui).
Moral da história: uns podem, outros não. Resta perguntar, onde fica a legitimadade política para a decisão?

2 comments:

Zèd disse...

O grande risco da Bolívia neste momento é a secessão, e é um risco que existe praticamente desde a eleição de Evo Morales. As províncias mais ricas, no Norte e Leste, e politicamente mais à direita, ameaçam há tempos com a separação do país em dois. Segundo um amigo meu boliviano, o que tem valido por enquanto é o exército, defensor acima de tudo da unidade nacional. Vamos ver quanto dura.

Sappo disse...

É, Daniel. A coisa começou a pegar fogo. Creio que somente uma saída negociada arrefecerá os ânimos. Mas uma negociação que envolva ambas as parte em conflito e dirigentes sensatos da América do Sul, como a presidente do Chile, Michelle Bachelet, e Lula.