To everyone's amazement, the entire colour ran from Bush's face. Then he Collapsed onto his desk, head in hands, visibly shaken.
Finally, he composed himself and asked Rumsfeld, "Just exactly how many is a brazillion"?
Posted by Renato Carmo at 10:40 2 comments
Posted by Zèd at 08:17 0 comments
Labels: Eleições França, imprensa, presidenciais francesas, Sarkozy
Posted by Cláudia Castelo at 22:03 12 comments
Labels: 25 de Abril, carga policial, PSP
Posted by vallera at 19:48 2 comments
Labels: ennui, George Steiner, livros, Theophile Gaultier
« (...) both France and the United States are rich countries. The United States grew more rapidly than France in the 1990s after four decades in which the opposite was true. GDP per head in the USA is about 20 per cent higher than in France, but French working hours are 20 per cent shorter than in the USA, so that hourly output is much the same in the two countries. From a statistical perspective, the difference between the two countries is that the French take lunch, and five weeks' holiday».
John Kay, The Truth About Markets, p.328-9
As inovações podem ser más, mas as continuidades são piores. Quem viu a «manifestação pacífica» de aspirantes a terroristas devidamente encapuçados a gritar «desmascarar a democracia», muito animados contra «o capitalismo e o fascismo» enquanto se encaminhavam numa manifestação ilegal (não autorizada e com vandalismo associado) para a sede de um partido com o intuito expresso de a atacar (na linha da repetida destruição da propaganda política regular), não pode deixar de notar as similitudes (identidade) de termos, meios e objectivos políticos com a «extrema-direita» associada a claques de futebol, concertos clandestinos, posse ilegal de armas, etc. Embora, de facto, haja discriminação: até ver, ninguém se interessou por investigar quem organizou aquilo, nem como é que a «provocação» e a «violência policial» resultaram em 7 feridos dos quais 5 são polícias, nem por que motivo a juíza colocou «os jovens» sob termo de identidade e residência, tal como os responsáveis pela destruição do cartaz do PNR não interessam a ninguém.
Felizmente, por Portugal ser uma democracia «meramente formal», do «centrão», não podem tratar uns dos outros como desejavam - nem dos imigrantes, nem de nós. E nem toda a informação é como a peça que o Público hoje apresenta, nem mais nem menos anedótica que o editorial ou a diatribe de Pulido Valente. Compare-se com a notícia sobre o caso no DN e veja-se a diferença.
Posted by CLeone at 11:37 8 comments
Labels: fascistas e sociais-fascistas; liberade política; informação
Posted by Sofia Rodrigues at 23:48 0 comments
Labels: 25 de Abril, Cavaco Silva, Comemorações
Posted by Zèd at 21:45 2 comments
Labels: Bayrou, Eleições França, presidenciais francesas, Sarkozy, Ségolène Royal
Num universo onde as realizações académicas se medem em número de cadeiras avançadas de física quântica que se frequentaram no liceu, Marilee Jones, a coordenadora (dean) de admissões ao prestigiado MIT, tentou, ao longo da sua carreira, convencer os administradores, pais e alunos que um résumé se constrói, também, com paixões e realizações pessoais.
Para muitos dos que orbitam em torno destas escolas de elite, as realizações pessoal e académica fudem-se numa só. Há pouco espaço para o resto. A procura do mérito, sempre o mérito, não o permite. Ou não o permitia. Hoje, sabemos que as coisas não funcionam assim. Muito por culpa de Marilee Jones. Mas Marilee Jones já não é a coordenadora do processo de admissões ao MIT. Não o é, porque se demitiu hoje. E demitiu-se, porque durante 28 anos mentiu sobre as suas realizações académicas.
[Mais aqui.]
Posted by João Caetano at 20:50 2 comments
Labels: EUA, Universidade
Luta de classes ou luta de gerações? Um debate importante a acompanhar aqui. Depois voltarei a isto em post.
Posted by Hugo Mendes at 18:58 0 comments
Labels: classes sociais, esquerda, gerações, interesses particulares
de terrorismo...
Posted by Hugo Mendes at 11:22 0 comments
Labels: Bayrou, Eleições França, Jacques Chirac, Sarkozy
O ex-ministro do Interior, ex-ministro da Economia e das Finanças, o presidente do partido que reúne a maioria na Assembleia Nacional, o qual é apoiado por quase todos os ministros do governo Villepin (menos individualidades com pouco peso como o Azouz Begag), consegue obter 30% dos votos. 30% dos eleitores acham que um dos principais actores políticos dos 5 últimos anos vai conseguir resolver os problemas que a direita não conseguiu resolver até agora, tendo Chirac sido eleito com mais de 80% e os governos tendo usufruído de uma maioria absoluta na Assembleia e no Senado. Ora, em 5 anos, Chirac e Sarkozy não conseguiram lograr sucessos na agenda da direita (seja ela má ou boa, isso não é o problema aqui). A insegurança (tema principal de 2002) não desapareceu. Isso não aparece mais porque há várias manipulações dos dados policiais e que, de forma pouco misteriosa, a insegurança quase não aparece nas televisões como a TF1. O problema do endividamento não foi resolvido. A dívida aumentou. O “buraco” da Sécu não desapareceu também. O deficit continua (com a agravante de se instalar uma protecção médica pública a duas – ou mais - velocidades). Os impostos (grande promessa de Chirac e da direita em geral) não baixaram (no conjunto – impostos directos e indirectos). O desemprego também não baixou de forma substancial e aqui também há problemas de manipulações de dados. O problema das pensões também não foi resolvido. E o crescimento económico sempre é baixo, mais baixo que a maioria dos outros países ocidentais. Apesar de todos esses insucessos (tendo como ponto de partida a agenda de direita) o Sarkozy consegue ter 30% dos votos. Bravo!
PS : Para vencer o Sarkozy, parece-me que não é suficiente fazer uma crítica da sua personalidade. É preciso impor na campanha um programa de esquerda coerente e recordar o fracasso da direita de Sarkozy, político que muito se mexe mas pouco faz (com sucesso).
Posted by Victor at 03:56 1 comments
Labels: Eleições França, ilusionismo, Sarkozy
1. Depois das sondagens de domingo relativas aos resultados da segunda volta darem a entender que Sarkozy detinha uma vantagem apreciável (o score variava entre os 54% e os 56%), uma sondagem mais recente aponta para a diferença mínima 51%-49%. Credível ou não, valha-nos pelo menos o seu valor performativo, dado que permite à campanha de Ségolène ganhar mais confiança face um cenário, para já, e segundo estes valores, ainda bastante em aberto.
2. Sarkozy recusou um debate público com Bayrou. É difícil perceber exactamente o que explica esta recusa, mas é possível que Sarkozy temesse que ficassem à vista de todos diferenças entre os dois candidatos, e é provável que existam indicações credíveis de que Bayrou não lhe estenderia a passadeira vermelha. Na TV, isso poderia ser letal. Para mais, a justificação de Sarkozy para a recusa é torcida:
"Dans une compétition de football, il y a une finale entre le numéro un et le numéro deux" et "le numéro trois, il fait autre chose, mais il n'est pas dans la finale", a-t-il expliqué. "Dans l'urne, il n'y aura pas de bulletin de M. Bayrou", a tenu a rappeler M. Sarkozy.
Sarkozy esquece-se que o senhor que não vai estar no boletim de voto pode decidir a eleição.
Entretanto, Bayrou já aceitou encontrar-se nesta sexta-feira com Ségolène, e pretende que o encontro seja transmitido na televisão.
3. Sarkozy e outras personalidades do UMP já vieram criticar Bayrou por não ter dado indicação de voto. Isto pode querer dizer que Sarkozy e os seus temem - eventualmente apoiados em sondagens a que só eles terão acesso - que, sem indicação explícita de Bayrou para o apoio ao candidato da UMP, os votantes no candidato centrista virem à esquerda.
Posted by Hugo Mendes at 01:41 3 comments
Labels: Bayrou, Eleições França, Sarkozy, Ségolène Royal
Posted by Renato Carmo at 00:57 25 comments
Labels: cidades médias, desenvolvimento, ensino superior
Primeiro as árvores cobriram-se de folhas
depois de pássaros e depois
de homens
Jorge Sousa Braga, Porto de abrigo, 2005.
Posted by Cláudia Castelo at 10:11 0 comments
Labels: 25 de Abril, Jorge de Sousa Braga, poesia
Com um abraço especial aos camaradas Daniel e Cláudia que andam por terras galegas.
Posted by Renato Carmo at 09:15 1 comments
Posted by vallera at 03:49 3 comments
Labels: 25 de Abril, Alexandre O'Neill, ditaduras, livros, Maria Lamas, Nora Mitrani, PIDE, poesia, Tempo de Fantasmas
Em Outubro de 2004, no casamento de um casal amigo, e seguindo a tradição norte-americana de se apresentar um questionário aos convidados, perguntava-se, entre outras coisas, algo do género: Which country is known for its Carnation Revolution?. Tradição norte-americana, talvez seja exagerado. Mas, pelo menos, seguindo a tradição de uma família católica de Buffalo, Nova Iorque, cidade que no Inverno fica soterrada em neve durante três meses, o que diz muito sobre o tipo de tradições que se instituem.
Posted by João Caetano at 02:41 0 comments
Labels: EUA
Karl Rove, o arquitecto político da mais desastrosa administração norte-americana, está sob investigação federal. A notícia alegrou as hostes liberais. Pouco tempo depois, a Fox News - who else? - avançou que o investigador que está a investigar as acções de Karl Rove está, ele próprio, sob investigação federal.
Posted by João Caetano at 02:20 5 comments
Labels: Benfica-Sporting, EUA
Posted by Renato Carmo at 22:10 0 comments
Labels: culturas urbanas, graffiti, revolução
Posted by Renato Carmo at 21:40 0 comments
Labels: culturas urbanas, Le Monde Diplomatique
Posted by Renato Carmo at 14:47 14 comments
Labels: cidades, desemprego qualificado, desenvolvimento, ensino superior, qualificações
Começaram os gestos de cortesia de Sarkozy e Ségolène para com Bayrou, que pensa já nos trunfos que pode garantir nas eleições legislativas. Se contar o passado histórico das formações políticas e o seu "interesse partidário", é provável que Bayrou apoie Sarkozy; se contar o seu sentido de dedicação à causa pública, Bayrou devia apoiar Ségolène. Tudo porque é altamente duvidoso que Sarkozy consiga fazer alguma mudança de fundo num país como a França. Não é a questão da "liberalização" que ele promete ou deseja - mais ou menos explicitamente - ser "boa" ou "má". Nesta altura do campeonato, com a "balkanização" dos estatutos profissionais, dos contratos laborais, das regulações dos diversos mercados, uma liberalização bem feita, de acordo com critérios transparentes, não traria grandes males. A questão não é tanto essa. O problema é que reformar um país como a França não é como reformar, por exemplo, o Reino Unido, como fez Thatcher há quase 30 anos. O nível de potencial conflitualidade social, o poder de veto de diferentes parceiros sociais e o grau de stickiness das instituições é tal que só uma abordagem negociada é que permitiria fazer reformas bem feitas. É improvável que Sarkozy consiga ter capacidade negocial para enfrentar as resistências previstas, e é improvável que os "resistentes" queiram negociar com Sarkozy. Prepara-se para ficar tudo na mais ou menos na mesma, sujeito à lógica do sinuoso muddling through, não apenas por mais 5, mas eventualmente por mais 10 anos, dado que, tradicionalmente, quem cumpre o primeiro mandato, acaba por estar em vantagem para ser reeleito (vide Mitterrand e Chirac).
A única coisa positiva seria talvez o impacto no PSF de mais uma travessia do deserto; talvez o partido fosse capaz de se refundar, iniciar um debate político com os seus congéneres europeus, pensar do início alguns princípios - como levar a sério o princípio da redistribuição e da defesa dos mais fracos e preocupar-se menos com a classe média-alta, esse tal grupo de "explorados" que está entre os 25% mais ricos e que vê qualquer medida que mexa nos seus bolsos como um ataque "neoliberal". O PSF gosta de se ver na vanguarda, mas na verdade muitos dos princípios que defende, mais ou menos implicitamente estatistas, já deviam ter dado lugar a uma estratégia social-democrata - nos países nórdicos que os socialistas franceses gostam de elogiar (mas sem grande convicção: é sempre numa lógica de dizer que o modelo americano não é "único") isso já aconteceu há mais de meio século. A lógica não devia ser "resistir" ao capitalismo (através do Estado: o que leva a proteger uns e deixar os outros de fora, precisamente os mesmos que pagam a protecção dos primeiros...), mas melhor compreendê-lo para o melhor "instrumentalizar", com o objectivo de cumprir os objectivos de crescer economicamente e reduzir as desigualdades. É que, hoje, a França não está a fazer nem uma coisa nem outra.
Posted by Hugo Mendes at 13:26 2 comments
Labels: Bayrou, Eleições França, estado, mercados, Partido Socialista Francês, Sarkozy, Ségolène Royal, social-democracia
Vital Moreira no "Público", a ler com muita atenção:
«(...) Seja como for em tese geral, no caso dos sindicatos de professores, a invocação da defesa da escola pública para justificar e legitimar a sua luta contra as medidas na área do ensino não poderá ser mais contraditória. De facto, toda a resistência sindical tem tido por único e exclusivo fim a defesa das posições profissionais adquiridas, mesmo quando elas conflituam de modo flagrante com a qualidade e a eficiência do sistema escolar. A oposição ao alargamento do horário escolar, às medidas contra o absentismo, às aulas de substituição, à contratação plurianual dos professores, ao encerramento de numerosas escolas com poucos alunos sem as mínimas condições para um ensino de qualidade, etc., essa oposição pode ter toda a justificação em termos de defesa dos "direitos adquiridos", mas não encaixa minimamente com nenhuma ideia de defesa da escola pública.
O mesmo se passa com a rejeição do novo estatuto da carreira docente, que institui dois escalões e estabelece requisitos exigentes de acesso ao escalão superior. Para quem goza da regalia de uma carreira plana, sem provas intermédias e com possibilidade de quase toda a gente atingir o topo da carreira, a mudança para o novo sistema é seguramente uma importante perda. Porém, independentemente da sua configuração prática, o novo conceito é inatacável sob o ponto de vista da melhoria da qualidade do ensino, da remuneração pelo desempenho, da eficiência da escola. Por isso, nesta circunstância, não existe nenhuma coincidência entre interesses profissionais e o interesse do serviço público.
Pelo contrário, como é evidente. As referidas medidas é que podem parar e reverter o caminho de degradação e de abandono da escola pública em favor da escola privada, com prejuízo para as famílias (que tem de pagar as propinas) e para o papel de socialização interclassista e de inclusão e de coesão social que somente a escola pública pode desempenhar. Ao invés das proclamações sindicais, verifica-se um conflito entre a defesa da escola pública e os interesses sindicais.
Existe uma posição de esquerda romântica, segundo a qual, havendo uma convergências histórica entre a esquerda e as lutas sindicais, um Governo de esquerda deve encarar com benevolência e mesmo com complacência as reivindicações sindicais. Numa versão mais radical, vai-se mesmo ao ponto de ver na contestação sindical uma prova incontornável da natureza direitista e neoliberal das políticas impugnadas. Trata-se, porém, de um sofisma político, não somente porque a defesa de interesses sectoriais (sobretudo quando relativamente privilegiados) pode não coincidir com o interesse geral, mas também porque numa paisagem sindical politicamente segmentada e com manifestas articulações partidárias (a propósito, quando é que se retira do princípio constitucional da independência partidária dos sindicatos a incompatibilidade do exercício simultâneo de cargos sindicais e de cargos partidários?), nenhuma razão existe para não distinguir nas lutas sindicais aquilo que são as reivindicações sindicalmente sustentáveis e aquilo que constitui aproveitamento partidário da via sindical. Não é por ser desencadeada pelos sindicatos e não pelos partidos da oposição que a contestação política se torna mais justificável, independentemente dos seus motivos e objectivos. Um Governo de esquerda não pode seguramente contestar o direito de acção sindical, nem o direito à negociação e à participação. Tampouco pode deixar de considerar seriamente os pontos de vista sindicais, quando fundamentados. Porém, como organizações de defesa de interesses profissionais sectoriais, os sindicatos não dispõem de nenhum direito de veto. Para além deles há outros "grupos de interesse" mais vastos, que não têm sindicato que os represente, nomeadamente os utentes dos serviços públicos, que estão interessados em que eles cumpram a sua missão, e os contribuintes, que querem que os dinheiros públicos sejam utilizados de maneira profícua e eficiente. Por conseguinte, a nova guerra da Fenprof é para perder. No conflito entre os interesses profissionais e os interesses da escola pública, o Estado só pode atender aos primeiros sem sacrificar os segundos.»
Posted by Hugo Mendes at 12:35 0 comments
Labels: escola pública, Fenprof, interesse público, interesses profissionais, Sindicatos
Posted by Hugo Mendes at 11:51 2 comments
Labels: ignorância, jornalismo, Público, qualificações
Desde que passe tempo suficiente, todos os blogues acabarão inevitavelmente por entrar em polémicas com todos os outros.
por David Luz, no Linha-dos-Nodos
Posted by Zèd at 09:10 0 comments
Labels: blogofrase da semana, blogues
(comecei a manhã pessimista, depois fui-me animando ao longo do dia por razões totalmente apolíticas e agora já entrei no mais puro delírio. Isto passa, tudo passa.)
1- Começar por encostar Sarkozy à campanha da primeira volta e às suas diversas incursões no terreno lepenista. Desmontar a aproximação que ele vai fazer ao centro. Não mudar de rumo. Perguntar: "qual é o verdadeiro Sarkozy, o da primeira ou o da segunda volta, o que pisca o olho a Le Pen ou a Bayrou?". Quando ele começar a estrebuchar, não largar. Surfar a onda anti-sarkozysta, demarcando-se dos desmandos que houver. Ter muito cuidado com a vitimização, que ele deve ser bom nisso ou deve ter amigos bons nisso.
2-Seduzir devidamente, com distância tranquila, todo o eleitorado de Bayrou. Dizer que Bayrou é um homem sério, muito republicano, e que o que ele disse na campanha é para levar a sério. Por isso, votar agora em Sarkozy, que tem um pé na cultura republicana e outro fora, é negar todo o espírito da campanha anterior. Votar em Sarkozy depois de ter votado Bayrou é voltar ao passado.
3-Juntar muita paciência, manter a determinação da primeira volta e está pronto a servir.
Posted by andre at 20:07 3 comments
Labels: culinária, Eleições França, Ségolène Royal
...a grelha de análise esquerda-direita que o meu post dali de baixo transporta é bastante antiquada. A diferença entre esquerda-direita já não é um muro (e há quem pense que em França a diferença esquerda-direita explica muitas vezes mal as diferenças políticas, muito atravessadas pela questão do jacobinismo). Há um voto volátil, o Bayrou por exemplo é um político-http/ptbv (protocolo de transferência de boletins de votos). E portanto tudo pode acontecer. O que nos lixa é que o Sarkozy é um hacker filha da mãe.
Já agora: Vital Moreira diz que a campanha de Ségolène Royal foi pouco convincente. Não concordo. Apesar de a ter achado errática nalgumas propostas, sobretudo ao início (e de não concordar com várias delas), Ségolène conseguiu arrancar na parte final da campanha, centrando-se nas propostas centrais do seu "pacto presidencial", subindo bem acima do que previam as sondagens no início da campanha. Ségolène tem um estilo mediático que pode não agradar a muitos à esquerda — mas é difícil ver qual seria o outro candidato da área socialista a conseguir chegar ao resultado que ela atingiu. E o estilo, pelos vistos, não afastou os votos da extrema-esquerda e dos comunistas, logo à primeira volta.
Sei que não é o caso de Vital Moreira, mas é bom lembrar que com Ségolène há uma exigência que não existe com outros candidatos. Sarkozy, por exemplo, está livre da acusação de pouco convincente. Mas trata-se duma "convincência", convenhamos, um tanto xenófoba e um tanto hipócrita.
Allez Ségolène, allez.
Posted by andre at 17:03 1 comments
Labels: Eleições França, Ségolène Royal
Posted by Sofia Rodrigues at 17:02 1 comments
Labels: Dia do Livro, livros, Virginia Woolf
Posted by Zèd at 15:27 2 comments
Labels: esquerda, presidenciais francesas
A noite eleitoral começou ontem, para mim, com tons de franco optimismo, para acabar em tons de semi-depressão. Diz ali o Hugo que desta vez não houve grandes surpresas. Talvez seja verdade, se o termo de comparação forem as sondagens (a bulimia das sondagens, que quanto mais tentam tornar previsível o voto, de certa maneira mais o tornam incompreensível). Mas não deixa de ser surpreendente que, somados os votos da esquerda "clássica" (do PS para a esquerda), estes atinjam apenas cerca de 36% do total, talvez o pior resultado de sempre. E isto depois de 5 anos na oposição, de 5 anos de governo Chirac-Sarkozy, de 12 anos de presidência Chirac... Bem sei que houve muita gente de esquerda que votou em Bayrou, mas mesmo assim...
A meio da noite eleitoral (ver a France 2 foi também deprimente, com uma total ausência de informação sobre os resultados reais e uma total ausência de convidados que fizessem análise política em vez de campanha) já era claro que o maior vencedor da primeira volta seria Sarkozy. A estratégia de ir buscar votos à extrema direita resultou em pleno (quase um milhão de votos a menos para Le Pen). E é-lhe agora mais fácil virar ao centro, onde está uma clientela clássica dos gaullistas, e seduzi-lo. É preciso no entanto ver o que faz Bayrou, porque teve muito, muito voto e porque se o que ele disse na campanha sobre Sarkozy é para valer, será pouca a margem para um apoio explícito. Mas, em qualquer caso, a tarefa de Ségolène para ganhar vai ser hercúlea, vai ser peneloponaica (fazer à esquerda e desfazer ao centro e vice-versa...). Desse ponto de vista, caro Hugo, a quadratura do círculo não tem nada a ver com os sindicatos e os comunistas. É saber como ganhar, muito simplesmente.
Posted by andre at 09:15 4 comments
Para mostrar que não me é indiferente a questão do desemprego dos licenciados, estou disposto a encetar uma discussão mais a sério sobre ela. Na semana passada houve muito barulho sobre este ponto, mas ninguém forneceu medidas para a resolver...
A caixa de comentários aqui em baixo está aberta a quem quiser oferecer medidas para que resolver o problema da mão-de-obra qualificada (ali deve ler-se: medidas credíveis e exequíveis. Mas isso depois fica para a discussão). Se o problema é tão grande e preocupação das pessoas enorme, então a vontade de o resolver deve ser bem intensa, e a imaginação colocada em prática mais vasta ainda.
Posted by Hugo Mendes at 02:50 8 comments
Labels: desemprego qualificado
A primeira volta das eleições francesas não trouxe, felizmente, grandes supresas. À distância, alguns comentários:
1. A França deu uma verdadeira lição de participação democrática. Os números dos que foram votar (à volta dos 85%) são impressionantes.
2. Le Pen foi derrotado. Convincentemente derrotado. Este não pode deixar de ser um dos elementos mais positivos deste escrutínio.
3. Ségolène centrou o seu discurso em torno da ideia de "confiança". Se ganhar as eleições, os franceses bem vão precisar de confiança se quiserem fazer reformas que confiram coerência ao regime e as instituições de política económica. O problema em muitas áreas do funcionamento da economia francesa não é facto de ser excessivamente rígida, mas de ser incoerente, e de as complementaridades instituicionais de que depende um bom desempenho macroeconómico funcionarem mal. Perante esta incoerência que é resultado da multiplicação de corporativismos tanto no sector público como no sector privado, há duas saídas. Uma, a da liberalização. Essa será a saída de Sarkozy, mas é improvável que ele consiga liberalizar coerentemente a economia perante a constante ameaça de conflitualidade social. A outra é a da coordenação das instituições, em particular as que sustêm o funcionamento do mercado de trabalho. O PS e Ségolène estarão, em teoria, em melhor posição para negociar com os sindicatos uma reforma do mercado de trabalho que acabe com a multiplicação irracional de contratos laborais que alimentam a dualização - e obviamente, o aumento das desigualdades - entre os insiders e os outsiders. Isto não é a mesma coisa que acabar com a precaridade, como erradamente Ségolène disse ("mettre fin aux insécurités et aux précarités"). A segurança do sector público de antigamente vai, tem de acabar, e não vale a pena medir a segurança laboral futura a partir dessa referência. O que deve ser feito é o que a esquerda historicamente sempre procurou fazer: redistribuir os riscos no mercado de trabalho, neste caso criando protecções inteligentes para o sector exportador, que é o que alimenta qualquer economia globalizada (e em particular o sector público, convém não esquecer) e que é o que mais sofre(rá) de incerteza crónica. Era muito importante que os sindicatos do sector público percebessem isto e fossem capazes de redistribuir os riscos entre o público e o privado, coordenando as suas políticas de aumento dos salários com um eventual Governo socialista e auxiliando este na criação de emprego e crescimento macroeconómico - de forma a provar que a liberalização, mais ou menos brutal, não é a única saída. Reformar o sistema de relações laborais e as instituições de mercado de trabalho é dos desafios mais importantes que o futuro governo terá pela frente. Vamos ver como é que os sindicatos se portam. No caso de esse ser um governo-presidência socialista, era bom que deixassem de lado os delírios "transformacionistas" e a lógica da "resistência"- que não levam a lado absolutamente nenhum, senão ao fraco desempenho macroeconómico, desemprego elevado e ao aumento das desigualdades - para colaborarem inteligentemente para uma mudança que conferisse mais atenção aos que mais dependem do funcionamento do mercado - porque é este o público, e não a mítica "classe operária" que já não existe (ver o ponto 5.), a que esquerda contemporânea deve prestar atenção, porque é o que mais (vai) precisa(r) de protecção em função da crescente globalização das trocas mercantis.
4. Pelo que ouvi dos (e li sobre os) discursos de Sarkozy e Ségolène, as referências à Europa foram, se não nulas, muitíssimo escassas. Ouvi-los falar da "República" e da "Nação" francesa como se a França não fizesse parte de um dos maiores espaços económicos do mundo (e como se não ganhasse ao fazer dele parte), e com o qual partilha, pelo menos idealmente, um conjunto de valores e princípios civilizacionais e políticos é estranho e negativo. Depois admiram-se com coisas do género como o que aconteceu no referendo ao Tratado Constitucional Europeu em 2005.
5. O PCF já foi o maior partido comunista da Europa Ocidental. Hoje, a sua candidata, Marie-George Buffet, recebeu, pela informação que tenho agora, cerca de 1,9% dos votos. Os números dizem tudo da sua decadência eleitoral - mais do que justa face à sua bancarrota ideológica. Infelizmente, a influência de elementos afectos ao partido à frente de várias instituições francesas, para além dos problemas de efectiva representatividade que coloca, continua a comprometer o desempenho dessas instituições e a capacidade destas em participar do tão badalado rassemblement que ambos os candidatos mencionam. Enquanto continuar a haver esta fractura de representação (entre membros de instituições e os seus líderes), por um lado, e problemas sérios de coordenação de dinâmica política (entre os líderes das instituições e os representantes do poder político, sobretudo o executivo), por outro, as reformas que todos anseiam levar a cabo ficam, estrutural e organizacionalmente, bastante comprometidas - dado que o poder de "veto" das instituições estará, nesses casos, praticamente assegurado. (aliás, este diagnóstico relativo à discrepância entre o peso eleitoral do PC e o seu poder no interior de certas instituições, corpos profissionais ou movimentos podia ser aplicado a muitas situações em Portugal. Um deles é claramente este.)
Posted by Hugo Mendes at 23:16 0 comments
Labels: complementaridades institucionais, Eleições França, Partido Comunista Francês, Partido Socialista Francês, Sarkozy, Ségolène Royal, Sindicatos
Posted by Sofia Rodrigues at 22:53 2 comments
Labels: Amélie Nothomb, Bret Easton Ellis, David Lodge, Dia do Livro, J. D. Salinger, Javier Marías, livros, Marguerite Duras, Paul Auster, Raymond Carver, S. Joao da Cruz, Tom Wolfe
Posted by Zèd at 20:23 0 comments
Labels: Eleições França, presidenciais francesas
Posted by Zèd at 19:03 0 comments
Labels: Eleições França, presidenciais francesas, Sarkozy, Ségolène Royal
Atenção! Espalhem a notícia! Corações começam a palpitar, trocam-se os primeiros SMS, combinam-se os pontos de encontro, preparam-se as mochilas e as tendas. Não dá para a acreditar, o trio maravilha vai juntar-se em Portugal num mega Festival. Vai ser super 'boeda' demais!
Posted by Renato Carmo at 10:05 5 comments
Labels: festival infantil
It is better to have a permanent income than to be fascinating.
Oscar Wilde, The Model Millionaire (1912)
Posted by Hugo Mendes at 19:36 2 comments
Labels: Oscar Wilde
«- O Governo pretende fazer X. Perante a défice de A que temos, X é uma meta ambiciosa, mas essencial, não achas?
- Oh, A...então e o problema B?
- Então, mas espera...A é absolutamente essencial, é um problema que toca mais de metade da população, os mais pobres que, senão atingirmos X, irão continuar de certeza pobres para o resto da vida. O problema B é um problema de menor dimensão, relativamente ao qual já algumas coisas estão a ser feitas, e que terá toda a probabilidade de ser resolvido nos próximos anos, com a expansão da economia no sentido da procura dessas pessoas. Verdadeiramente importante é atacar A. A esquerda devia valorizar isso, não?
- A verdadeira esquerda não se contenta com isso. Isso são migalhas. Quando vocês querem atingir a meta X, nós propomos X+1; quando vocês querem a meta Y, nos colocamos a meta Y+1. Isso sim, é ser exigente e crítico.
- E ser verdadeiramente de esquerda é isso? Cada vez que um governo de esquerda propõe uma coisa, dizeres que isto não chega, ou que o problema é outro?
- Sim, claro, nunca me deixo apanhar.
- Então mas tudo se resume a isso? A não te "deixares apanhar"? Portanto, se o país precisa de política X, e mesmo que, pessoalmente, até reconheças, tu vais acabar por dizer que isso ou não chega ou que esquece alguém, mesmo que para isso tenhas que criticar uma política absolutamente essencial, e mesmo que isso acabe por contribuir, eventualmente, para um insucesso relativo da política?
- Sim, é isso mesmo, porque eu não sou dos teus, eu não me defino politicamente como um dos teus.
- Dos "meus"?
- Sim, porque eu me identifico com os fracos e oprimidos, tu és um burguês que pactua e beneficia do modo como este mundo é.
- Ah, percebi: então tu, por te definires como próximo dos fracos e oprimidos, vais sempre recusar, ou achar por definição insuficiente, qualquer política que melhore objectivamente a sua condição, só porque é proposta por alguém que, segundo a tua concepção, não se "identifica" com eles e não os "representa" realmente, é isso? E isto, imagino, para preservares a tua identidade política: para não te deixares associar, ou direi mesmo, contaminar pelos "meus"...Não achas que isto é hipocrisia?
- Espera lá....o que é que é hipocrisia?
- Colocares a defesa da tua identidade política à frente da defesa dos fracos e oprimidos...Porque é isso que está em causa aqui: mesmo que reconheças que esta proposta seja imprescindível para eles, o teu apoio a ela violaria o teu princípio de apoiares algo que não é proposto por um dos "teus"...
- Eu só acho que essa medida dá-lhes pouco. Isso são migalhas. É preciso ser exigente e querer melhor para eles.
- Eu também quero. Mas devias saber que, quando o elevador sobe, antes de chegar ao 10º andar, tem de passar primeiro pelo 5.º, e antes de chegar ao 5.º tem mesmo de sair do rés-do-chão!
- Isso é só conversa, são desculpas para não fazer mais.
- Ah, claro. Tens alguma proposta a fazer, alguma política alternativa?
- Por exemplo, podíamos fazer K, que seria verdadeiramente de esquerda.
- Ah, portanto saltar directamente para o 10.º andar sem passar pelos andares de baixo! Tu achas que isso faz algum sentido, que isso é verdadeiramente possível?
- Só não implantas porque não queres, tu e os teus amigos capitalistas.
- Portanto tudo se resume a isso, a falta de vontade e de bondade, não é?
- Não só, mas também por incompetência.
- É espantoso como passas lições de correctude moral e julgamentos sobre a maior ou menor capacidade para concretizar coisas quando a tua identidade política se define precisamente por não sujar as mãos, por te distinguires sempre dos que, por obrigação, são, passe o pleonasmo, obrigados a fazê-lo.
- Não vejo onde esteja a incoerência.
- Aqui não existe nenhuma. Isto é totalmente previsível; estamos afinal de contas no domínio do incentivo à irresponsabilidade: como sabes que nunca terás obrigações para nada, podes propor ou prometer este mundo e o próximo. A única incoerência ficou "congelada" lá atrás, mas é bem real: é que colocas a defesa da tua identidade política à frente do bem-estar dos que dizes defender.
- Estás a desconversar.
- Não, não, estou mesmo no ponto-chave da conversa. Mas admito que uma vez colocada esta questão a nu, a conversa futura fique bem mais difícil.»
Posted by Hugo Mendes at 15:57 5 comments
Labels: fábulas
Posted by vallera at 02:18 0 comments
Labels: better live than dead, God save the Queen, greil marcus, johnny Rotten, lipstick traces, livros, música, no future, poesia, pretty vacant, punk, sex pistols
Posted by Daniel Melo at 00:02 0 comments
Labels: Câmara Municipal de Lisboa, cartoonista GoRRo, humor
Por falar em blogues, temos aí novos ciclistas, disfarçados de ladrões de bicicletas, e parece que bem preparados para pedaladas de maratona. Boas pedaladas!
Posted by Daniel Melo at 00:01 0 comments
Labels: blogues, Ladrões de bicicletas
Posted by Renato Carmo at 23:24 3 comments
Labels: Bloco de Esquerda, governo, Novas Oportunidades
No início da semana eu ficava irritado. Agora acho que fico simplesmente triste. Triste por ver pessoas inteligentes escrever coisas como o Miguel Vale de Almeida, que insiste no discurso que esta "vergonhosa" campanha é "elitista", que se baseia na "ideologia dos doutores" e que quer promover a "ideologia capitalista do sucesso".
Miguel, vamos lá deixar os palavrões caros de lado: para quê tanto exagero quando falha tão redondamente o alvo? Não vê que não está em causa transformar ninguém em "doutor" (e se estivesse, qual era o problema?)? Apenas se pretende que o/as miúdo/as adquiram, pelo menos, a escolaridade mínima...Não vê que não se pretende catapultar ninguém para a estratosfera do turbocapitalismo de sucesso? Apenas se pretende garantir os recursos mínimos para o futuro de pessoas que sem eles ficarão entregues ao emprego precário ou ao desemprego crónico...Será que é assim tão difícil compreender este esforço? Será que não compreende o valor de uma certificação quando não se tem nenhuma? Será que não compreende a importância de transmitir a estes jovens a ideia precisamente de que eles podem e devem ambicionar ter algum sucesso na vida, para contrariar o fatalismo crónico que transportam de casa para a escola, e da escola para casa, que marca a sua existência quotidiana, que lhes limita fatalmente os horizontes desde criança?...
Sim, Miguel, estes jovens precisam mais do que ninguém de uma certificação e mais do que ninguém da confiança mínima que podem ter algum sucesso na vida. É disso mesmo que eles precisam. Porque tudo o resto na existência deles os puxa para baixo. Achar o contrário, achar que isso do "doutor" é um luxo, é apenas e só projectar a sua visão do mundo na "análise" (?) deste problema; e achar que isto é conversa delirante do "elitismo" e da "autocracia socialista" é a mais completa indiferença mascarada de preocupação por estas pessoas.
Há alturas em que eu perco esperança na lucidez das pessoas, na razão humana. Isto, felizmente, passa.
Posted by Hugo Mendes at 22:20 1 comments
Labels: Miguel Vale de Almeida, Novas Oportunidades, qualificações
«(...) Na verdade, suspeito que por detrás dessa conversa de "todas as profissões são dignas" (quando ninguém diz o contrário) muitas vezes se esconde o desejo das pessoas que têm trabalhos interessantes terem outras pessoas dispostas a fazer (felizes e contentes) os trabalhos "chatos" para elas.»
Ler o post integral do Miguel Madeira aqui.
Posted by Hugo Mendes at 18:13 0 comments
Labels: Novas Oportunidades, qualificações
Posted by Cláudia Castelo at 17:51 1 comments
Labels: conhecimento, liberdade
Posted by Hugo Mendes at 16:52 8 comments
Labels: Bloco de Esquerda, governo, Novas Oportunidades, qualificações
Posted by Renato Carmo at 14:52 9 comments
Posted by Zèd at 12:28 13 comments
Labels: BE, Novas Oportunidades, qualificações
1. O comentário que talvez mais vi difundido nos últimos dias em torno desta polémica da campanha do "Novas Oportunidades" reportava-se ao facto de que toda esta história da certificação reproduzir uma espécie de doença bem portuguesa de querer arranjar um “canudo” à força para mostrar ao vizinho, ou coisa do género.
Esta ideia é extremamente difundida, mas transpira senso comum preconceituoso, é verdadeiramente provinciana – quando pretende supostamente criticar o provincianismo… - e tem, infelizmente, a solidez argumentativa e empírica da esferovite. E digo infelizmente porque antes ela fosse real; bom seria que houvesse um stock considerável de qualificações. O que se passa é precisamente o inverso: é a não-objectivação dos saberes de uma larguíssima fatia da população que sabe muito mais – por aquilo que aprendeu, por vezes ao longo de muitos e muitos anos, no mercado de trabalho – do que o seu diploma de 4º classe ou 9.º ano diz.
2. Para ver o que esta situação envolve, imaginem uma economia onde as actividades informais fossem muito mais predominantes que as actividades formais. O resultado é que as trocas não seriam sancionadas pelo mercado, não seriam contabilizadas pelo Estado, e os salários seriam mais baixos, os impostos arrecadados também, as pensões idem, etc. Agora apliquem o mesmo raciocínio à educação: o que as pessoas está como que em estado eminentemente incorporado, tácito, não-codificado. Não apenas todas essas competências que o indivíduo acumulou pela experiência são, neste contexto, razoavelmente opacas para terceiros, como as pessoas correm o risco de verem o seu conhecimento real ser subavaliado por quem compra o direito a usar a sua força de trabalho. Existirá, então, um não-reconhecimento objectivo das competências do trabalhador – com reflexos potenciais, por exemplo, no seu salário ou possibilidades de progressão na carreira. Um trabalhador nestas condições está objectivamente desvalorizado. Do ponto de vista económico, isto gera um potencial subaproveitamento daquele capital humano. Do ponto de vista moral, isto é indigno (e isto responde à questão da suposta indignidade da campanha: é que esta questão não se resolve com elogios bonitos nos blogues ou noutros locais às tarefas árduas dos dedicados trabalhadores).
3. O “Novas Oportunidades” envolve um esforço para manter os jovens na escola e um esforço para fazer os adultos activos regressar a ela. Para os primeiros, incentiva-os a ficar na escola e, se pretenderem, seguir uma formação mais profissionalizante, à medida dos seus gostos e objectivos. Para os segundos, permitirá não apenas certificar os conhecimentos adquiridos ao longo da vida, mas também voltar à escola de modo a aperfeiçoar as competências que quiserem ou forem necessárias para a certificação. O programa envolve, por isso, uma componente de ensino e aprendizagem, em contextos diferentes, em benefício de jovens e adultos.
4. Mas agora imaginemos que o “Novas Oportunidades” não envolvia um esforço para manter os jovens na escola e um esforço para fazer os adultos activos regressar ao seu espaço. Imaginemos, então, que não existe a oportunidade efectiva de uns e outros melhorarem as suas competências; de ganharem mais confiança e eficiência no exercício das suas tarefas (presentes e/ou futuras); de se tornarem trabalhadores mais produtivos; de conhecerem outros trabalhadores e, via a concretização de interfaces entre a escola e as empresas, potenciais futuros empregadores, etc. Imaginemos, assim, na pior das hipóteses, que a certificação não envolve aprendizagem individual ou colectiva de nenhuma espécie: técnico-cognitiva, cultural, social, etc.. Seria como se, num dado guichet, entrasse o portfolio no qual o indivíduo lista as suas competências individuais e saísse, do outro lado da porta-giratória, o certificado. Mas, mesmo nesse caso limite, a certificação seria muito importante.
5. Porquê? Porque o mercado de trabalho está longe de funcionar de forma perfeita e concorrencial, estando antes repleto de incertezas e de incompletudes informacionais: um trabalhador que passou anos e anos no mercado de trabalho mas que não tem qualquer certificado dos seus conhecimentos terá dificuldade em “dizer” ao seu potencial empregador o que sabe; simetricamente, este terá sempre dificuldade em avaliar as competências do primeiro. (claro, há o CV. Mas a informação lá contida pode não reduzir muito a incerteza do potencial empregador e, na medida que funciona enquanto certificador da experiência, o CV tem limitações. Um certificado escolar é um documento muito mais universal). Para um mercado funcionar relativamente bem, tem que haver um ajuste decente entre a oferta e a procura; se o empregador A pretende comprar a força de trabalho do tipo X, e o trabalhador B só tem competência do tipo Z, então este desajuste é nefasto para os dois. É um bocado como comprar “gato-por-lebre”. No caso de A ter efectivamente contratado B apesar das dúvidas que tinha, o desajuste em causa pode provocar ineficácia desnecessária e levar mesmo a que a relação laboral seja terminada (mas isto depende das leis laborais, etc.) sem que nenhum deles tenha ganho muita coisa com o seu estabelecimento, etc.
6. Um certificado reduz a incerteza e emite um sinal do trabalhador para o empregador, diminuindo o estabelecimento de ligações laborais construídas sobre equívocos e faltas de informação. O que para o raciocínio preconceituoso não passa da “aquisição de um canudo”, para os indivíduos que certificam o seu saber trata-se de um “comportamento racional de investimento” no seu futuro, e para os empregadores uma garantia mínima dos saberes e competência na posse do trabalhador. Por isso, a existência de certificações - credíveis, claro - interessa tanto ao capital como ao trabalho.
7. Noutro dia volto a este tema, mas de outro ângulo de análise, menos devedor da economia e mais da ciência política e da história, e aí vou necessitar de vários posts. Passo a passo, espero mostrar porque é que a construção de um sistema de produção e certificação de saberes e competências profissionais eficaz e reconhecido é essencial para conseguirmos construir uma economia não apenas mais moderna, mas sobretudo menos dualizada e inigualitária. E mostrar também porque é que o projecto da esquerda passa de forma tão crucial por aqui (e não apenas, ou nem tanto, a nível nacional, pela multiplicação de pós-pós-doc's).
Posted by Hugo Mendes at 04:50 6 comments
Labels: certificação, esquerda, Novas Oportunidades, qualificações, teoria do sinal
Posted by Daniel Melo at 01:33 0 comments
Labels: Câmara Municipal de Lisboa, cartoonista GoRRo, humor, Ordem dos Arquitectos, ordenamento do território, Parque Mayer
Posted by Sofia Rodrigues at 01:26 2 comments
Labels: Arundathi Roy, Booker Prize, Jumpa Lahiri, Kiran Desai, livros, Mira Nair, multiculturalismo, Pulitzer Prize
Claro que há sempre mais uma hipótese para intepretar a crítica ao conteúdo dos cartazes da campanha do "Novas Oportunidades", somada ao cartaz do BE de hoje alertando para o desemprego dos licenciados: é que estes, os que perfazem o stock de potencial votantes no BE, estão tão preocupados com a sua situação laboral presente que não estão nada interessados em que mais população se qualifique. Isso, logicamente, geraria concorrência. Estaríamos perante, basicamente, uma forma daquilo a que os sociólogos chamam "fechamento social".
Eu não vou ao ponto de dizer isto a sério. Mas o mero facto de esta concomitância ocorrer devia levar certas pessoas a pensar nos dois efeitos. Nem que seja pelo valor da ironia. É que, às vezes, quando as pessoas são cegas e surdas os argumentos e às estatísticas, é o poder da ironia, sobretudo quando esta é amarga, que lhes mostra a realidade.
Posted by Hugo Mendes at 23:53 0 comments
Labels: Novas Oportunidades
Posted by Hugo Mendes at 23:32 0 comments
Labels: economia da educação, Novas Oportunidades, qualificações
Ainda dizem que as ciências sociais só servem para confirmar o que as pessoas já sabem. Se assim fosse, não era preciso chegarmos, nesta discussão, ao ponto a que chegámos.
Posted by Hugo Mendes at 22:51 0 comments
Labels: ciências sociais, debate público
Não há nada como o movimento dialógico das palavras e do pensamento. Na resposta ao André e no comentário que fiz ao João (a partir do post dele mais abaixo), cheguei à conclusão que de facto estamos perante uma ironia interessante.
A luta de classes não morreu, não. O que os regimes modernos fazem é a "tradução democrática da luta de classes", como dizia o recentemente falecido (no dia 31 de Dezembro de 2006) Lipset. Perante o manifesto político que representa o cartaz do BE no contexto da actual discussão, o giro é mesmo ver a demonstração claríssima que (fracção de) classe o BE representa. Garanto-vos que não são os mais desfavorecidos. Deve ser isto a que chamam "desvios de direita".
Posted by Hugo Mendes at 21:59 0 comments
Labels: Bloco de Esquerda, democracia, luta de classes
O Hugo já o referiu aqui. A contra-campanha que o Bloco de Esquerda colocou nas ruas é um exercício demagógico direccionado às elites mais qualificadas, afinal o grosso dos seus eleitores.
Mas o problema nem reside aí. O obsceno, é o BE fingir não perceber - ou, na melhor das hipóteses, não perceber de facto - que o programa "Novas Oportunidades" se dirige aos menos qualificados dos portugueses: os agora adultos que abandonaram a escola muito cedo, e os jovens que se sentem pouco motivados para continuar o seu percurso escolar.
A motivação do programa é só uma: mais qualificação pode significar melhor qualidade de vida. Quem não acredita nisto, é tontinho.
Posted by João Caetano at 21:03 1 comments
Labels: Bloco de Esquerda, Novas Oportunidades, qualificações
O video do golo do Messi já não está disponível, o que é pena até pelo relato, hilariante. Se alguém souber de que estação de TV é aquilo, pf diga.
Quem quiser ver um golo (até vários) do mesmo nível, vá até A Causa Foi Modificada e veja o video do post «Porque razão a formação do Sporting foi sempre a melhor, e porque é que, se não tomar cuidado, assim vai deixar de ser».
Posted by CLeone at 19:05 3 comments
Labels: bola, golos, Messi, seu nome é Zlatan, Sporting-Belenenses na final da Taça
Posted by Daniel Melo at 18:22 0 comments
Labels: Câmara Municipal de Lisboa, Lado B, peões, políticas públicas, Propostas por Lisboa, terceiro sector
Eu já tinha dado, pela minha parte, a polémica como fechada. Mas o Bloco de Esquerda (BE) resolveu fazer um favor ao Governo, produzindo este cartaz. Deu ainda mais publicidade à iniciativa "Novas Oportunidades". Ao mesmo tempo, deu ainda mais provas de um impressionante oportunismo e de uma incrível demagogia.
Vou ser frontal q.b. naquilo que tenho para dizer. Eu não queria partidarizar o debate assim, mas vai ter que ser:
1. Comecemos por um elogio: o BE percebe o mínimo de sociologia e de comunicação política. É que o BE, partido que recebe os seus votos de uma fracção da classe média e média-alta qualificada, conhece bem os problemas dos seus votantes. No que toca à educação, os seus problemas não passam pelo drama de famílias cujos elementos têm menos que o 6.º ano, ou menos que o 9.º ano, ou o secundário incompleto; famílias cuja probabilidade dos seus filhos saírem das escola antes do 9º. ano ou antes do 12.º para engrossar o exército de reserva de mão-de-obra da construção civil é altíssima.
Não: o seu drama eventual é terem eventualmente filhos licenciados em variadíssimas áreas - algumas sem expressão de mercado particularmente relevante - que não encontraram um emprego à altura dos seus sonhos. Isto é um problema. Conheço várias pessoas nessas circunstâncias. Mas – e para colocar as coisas nas devidas proporções - o problema dramático do país não é esse. Já escrevi aqui que o desemprego da mão-de-obra qualificada em Portugal é mais baixo que a média na EU. Isto não é dizer que não existem milhares de casos individuais destes. Existem. Mas uma coisa é falar de problemas individuais, outra coisa é falar de problemas nacionais. O problema da nossa população é basicamente este: temos 3,5 milhões de activos com o secundário incompleto; 2,5 milhões e meio destes, têm o 9.º ano ou menos; destes, meio milhão tem menos de 24 anos. Estas pessoas, ao contrário dos (potenciais) votantes do BE, se nada for feito para inverter esta situação, vão ficar uma vida inteira desqualificadas perante um mercado de trabalho cada mais complicado para os que têm baixas qualificações. A prioridade política passa por intervir junto destas populações, as mais fragilizadas, sem recursos da mais vária ordem, não apenas hoje mas, e ainda mais, amanhã. Os que acham que estas coisas da educação e da formação profissional são intervenções menores, quiçá de pendor "tecnocrático", então é porque não são capazes de ligar pequenas medidas com a filosofia política. É que a justificação para acções deste tipo não é apenas económica (os que se podem dar ao luxo dirão "economicista"), ela é também ideológica: é a justificação rawlsiana de dar primeiro atenção aos mais desfavorecidos e de medir o bem-estar social pela elevação dos mínimos sociais. É "aqui" que é preciso agir primeiro e com mais energia, conferindo recursos e acesso a bens primeiros a estas pessoas. Ora, os (potenciais) votantes do BE não fazem parte desta população, mas acham que são igualmente "explorados". No que me parece ser por vezes a incapacidade de pensar comparativamente, e saber as limitações estruturais do país em que vivem, entra-se num discurso miserabilista que baralha as prioridades que para um Rawlsiano estão bem claras: "the underdogs first".
2. O BE é o partido que, em concorrência directa com o PCP – e quem percebe o mínimo de sociologia política sabe como isto influencia o seu instinto de sobrevivência - está sempre contra o nosso modelo de “baixos salários-baixas qualificações”. Muito bem. Estamos todos. Quando o Governo lança uma campanha de incentivo à qualificação da população e de certificação da experiência profissional, o que faz o BE? Pega nalguns exemplos do seu pequeno microcosmos (noutra época chamar-lhe-íamos “pequeno-burguês”) e transmite a mensagem de que “estudar não compensa”.
Escrevi várias vezes aqui que esta conversa de que os estudos não compensam é da mais pura irresponsabilidade. Bastava alguns senhores olharem para umas estatísticas para perceberem que praticamente em nenhum país da UE compensa tanto ter um curso universitário (ver o final do post). E bastava perceberem, se entrassem numa escola básica ou secundária, que o "discurso de que estudar não leva a lado nenhum" é por vezes banal junto daqueles onde é mais importante erradicá-lo: junto dos/as jovens que, oriundos na sua maioria de famílias com pouco capital económico e cultural, acham que não vale a pena continuar na escola porque, estudem o que estudarem, façam o que fizerem, vão acabar como electricistas, serralheiros ou mecânicos. É absolutamente central contrariar este discurso e mostrar-lhes que se ficarem na escola e prosseguirem a escolaridade, as suas hipóteses de não apenas de encontrarem um emprego no futuro, mas de esse emprego ser mais bem pago, mais estável e mais enriquecedor aumentam. O BE, que passa a vida a bradar contra a (real) reprodução das desigualdades perante e pela escola, em vez de ajudar numa campanha para puxar pelos/as miúdos/as e dar-lhes um algum alento e confiança no futuro, fez precisamente o oposto: reproduz e alimenta irresponsavelmente o mesmo discurso de muitos pais e alunos.
Que esses pais e esses alunos, cuja trajectória passada e “mundo-da-vida” presente contribuem para, lamentável e poderosamente, cercear as suas perspectivas de futuro, pensem como pensam e ajam como agem – desvalorizando os estudos, e no limite abandonando a escola – eu percebo. Que o BE reproduza o mesmo discurso só porque uma parte da sua constituency, altamente qualificada (e por isso a anos-luz do problema da falta de oportunidades da maioria da população portuguesa: era tão bom que conseguissem perceber isso, que faz toda a diferença neste problema), atravessa alguns problemas de inserção no mercado de trabalho; e que o BE transforme o problema transitório de uma pequena fracção da população portuguesa numa questão que não apenas se sobrepõe à tragédia nacional da ausência de qualificações da população e do abandono escolar, mas que dá precisamente os sinais errados a quem mais ganharia com o seu investimento em qualificações, isto, é algo não apenas de profundamente lamentável, mas uma verdadeira lição política, e que define o BE: define o seu público, a sua agenda de prioridades, e, permitam-me a frontalidade, a sua hipocrisia.
Com as suas posições elitistas viradas para quem já tem uma qualificação (a campanha é para quem ainda não a tem e corre o risco de nunca a vir a obter!), alimenta, pelo menos simbolicamente (e isto do ponto de vista moral, nestas coisas, conta), para a continuação das elevadas taxas de abandono escolar.
E no futuro, claro, virá a lenga-lenga de que o Governo não faz nada para aumentar a qualificação dos portugueses, e que por isso continuamos numa economia de “baixas qualificações-baixos salários”. Se isto não é hipocrisia, então digam-me o que é.
3. Eu gostava que as pessoas que têm defendido o que têm defendido nos últimos dias - e que têm um pingo de seriedade - olhassem para o seguinte quadro e lessem os seguintes parágrafos. São retirados de um estudo do Banco de Portugal, publicado no seu boletim económico em 2004, Vol.10, nº1 (pp.71-80), assinado por Pedro Portugal (que pode ser encontrado on-line: ir a www.bportugal.pt > ‘Publicações’ > ‘Boletim Económico’). Chama-se, ironicamente, “MITOS E FACTOS SOBRE O MERCADO DE TRABALHO PORTUGUÊS: A TRÁGICA FORTUNA DOS LICENCIADOS”:
«As transformações tecnológicas que ocorreram ao longo das últimas duas décadas, e que favoreceram uma procura crescente de trabalhadores qualificados, surpreendeu o mercado de trabalho português numa situação de oferta insuficiente de qualificações. Este défice de qualificações terá gerado um significativo acréscimo do prémio salarial atribuível aos trabalhadores com curso superior até ao meio da década de noventa. O hiato de salários entre os trabalhadores com e sem licenciatura ter-se-á mantido muito elevado desde esse período. Os vários estudos que estabelecem comparações internacionais dos prémios de licenciatura não divergem na conclusão de que o mercado de trabalho português apresenta prémios invulgarmente elevados. Serão, aliás, os mais elevados da União Europeia. Compreende-se que o desequilíbrio entre as competências procuradas pelos empregadores e as qualificações disponíveis no mercado de trabalho seja muito acentuada porque existe um grande desfasamento entre a proporção de licenciados em Portugal e nos restantes países da União Europeia.
(...)
Este hiato de qualificações demorará várias décadas a ser corrigido.
Neste ensaio procurou-se aprofundar a análise das condições privadas de decisão de investimento num curso superior. Concluiu-se que o benefício monetário esperado da obtenção de uma licenciatura é excepcionalmente elevado, fazendo corresponder a um custo de investimento de cerca de 25 000 euros, um valor acumulado de ganhos salariais de aproximadamente 200 000 euros. A estimativa da taxa real de rentabilidade (15 por cento) excede claramente o retorno esperado de outras aplicações financeiras.
(...)
O investimento em educação gera também benefícios sociais significativos pelas externalidades positivas que desencadeia. Uma economia dotada de uma força de trabalho mais educada é também mais produtiva. De acordo com um trabalho recente da OCDE o défice de qualificações académicas em Portugal será responsável por uma quebra anual de 1.2 do produto interno bruto. Ter companheiros de trabalho qualificados também tende a aumentar a produtividade (e os salários) devido à presença de benefícios sociais da educação nas empresas.
Não se ignora que os jovens recém-licenciados defrontam presentemente dificuldades em assegurar um posto de trabalho desencadeadas pela recessão económica e pelas restrições orçamentais. Mas esta é uma situação conjuntural que não dissipa as vantagens estruturais associadas à detenção dum curso superior. Mesmo em conjunturas económicas desfavoráveis essas vantagens persistem. Em particular, os licenciados continuam a deter uma maior probabilidade de encontrar um posto de trabalho adequado, em comparação com os jovens com menos habilitações académicas».
Estas letras estão em tamanho gigante para ver se a mensagem, finalmente, passa.
P.S.1 - Podem encontrar mais dados esclarecedores aqui.
P.S.2 - Lê-se aqui que «Francisco Louçã afirmou que o BE vai «durante as próximas semanas» promover «colóquios e intervenções públicas» em defesa da qualificação e do emprego e desafiou o primeiro-ministro, José Sócrates, a debater o tema no Parlamento.Posted by Hugo Mendes at 18:13 4 comments
Labels: Bloco de Esquerda, desemprego qualificado, Novas Oportunidades, qualificações