quinta-feira, 26 de abril de 2007

Três indicadores positivos

1. Depois das sondagens de domingo relativas aos resultados da segunda volta darem a entender que Sarkozy detinha uma vantagem apreciável (o score variava entre os 54% e os 56%), uma sondagem mais recente aponta para a diferença mínima 51%-49%. Credível ou não, valha-nos pelo menos o seu valor performativo, dado que permite à campanha de Ségolène ganhar mais confiança face um cenário, para já, e segundo estes valores, ainda bastante em aberto.

2. Sarkozy recusou um debate público com Bayrou. É difícil perceber exactamente o que explica esta recusa, mas é possível que Sarkozy temesse que ficassem à vista de todos diferenças entre os dois candidatos, e é provável que existam indicações credíveis de que Bayrou não lhe estenderia a passadeira vermelha. Na TV, isso poderia ser letal. Para mais, a justificação de Sarkozy para a recusa é torcida:

"Dans une compétition de football, il y a une finale entre le numéro un et le numéro deux" et "le numéro trois, il fait autre chose, mais il n'est pas dans la finale", a-t-il expliqué. "Dans l'urne, il n'y aura pas de bulletin de M. Bayrou", a tenu a rappeler M. Sarkozy.

Sarkozy esquece-se que o senhor que não vai estar no boletim de voto pode decidir a eleição.

Entretanto, Bayrou já aceitou encontrar-se nesta sexta-feira com Ségolène, e pretende que o encontro seja transmitido na televisão.

3. Sarkozy e outras personalidades do UMP já vieram criticar Bayrou por não ter dado indicação de voto. Isto pode querer dizer que Sarkozy e os seus temem - eventualmente apoiados em sondagens a que só eles terão acesso - que, sem indicação explícita de Bayrou para o apoio ao candidato da UMP, os votantes no candidato centrista virem à esquerda.

3 comments:

Victor disse...

Se Sarkozy recusa um debate com Bayrou é que ele teme ser criticado pelo centrista. Sarkozy recusou um debate antes da primeira volta. Bayrou pode ser muito perigoso, rebatendo muito dos falsos argumentos do Sarkozy. Por isso, Sarkozy esconde o seu medo com metáforas futebolísticas. No filme que o Depardon tinha feito sobre a campanha do Valery Giscard d’Estaing em 1974, d’Estaing dizia : se não faço nada ganho, se faço alguma coisa, sempre incomodo alguém e posso perder; por isso, vou aparecer pouco. Parece que o Sarkozy quer seguir esse exemplo e tomar poucos riscos.

Zèd disse...

Outro sinal positivo (para Royal) foi que durante o dia de ontem Bayrou teve um discurso muito diferente relataviamente a Sarkozy daquele que teve relativemene a Ségolène Royal. Bastante critico, até mesmo violento para com Sarko, mas muito cordial misturando criticas construtivas com elogios mais ou menos dissimulados para a socialista. Disse a certa altura em relação ao seu voto pessoal "não sei o que vou fazer, mas sei o que não vou fazer", a interpretação não me parece muito dificil. Mesmo que não dê uma indicação de voto explicita (o que o próprio Bayrou ainsa não pôs de parte) Bayrou està jà a dar uma indicação de voto implicita, tàcita. Parece-me ainda possivel que depois do encontro Bayrou - Royal e do debate Royal - Sarkozy, Bayrou dê uma indicação de voto clara.

L. Rodrigues disse...

Ampla cobertura do assunto num dos meus locais de estimação:

www.eurotrib.com