A
senhora Clinton anunciou
oficialmente neste
sábado a
suspensão de
sua campanha à
Casa Branca e declarou o
seu apoio à
candidatura de Barack Obama. “
Hoje estou
com o
senador Obama
para dizer:
sim,
nós podemos!” (
ouça aqui parte de seu discurso).
Embora o
nome da senadora seja
bastante cotado no
núcleo do
Partido Democrata
para compor chapa com o Obama (Bill é
um deles),
não é
muito certo que isso acontecerá.
Ao contrário. Mesmo garantindo
que a
quer (e
não poderia ser diferente) “no
primeiro plano” na
corrida à
presidência, Obama
não tem deixado
claro que a
quer como a
sua vice, limitando-se
apenas em derramar um infindável leque de
elogios à
sua ex-rival. Vejamos, pois,
os
prós e
contras do chamado
“dream ticket”. Apesar de ser aparentemente contraditório com os discursos de ambos, politicamente uma "chapa dos sonhos" até que faria um certo sentido. Hillary se mostrou muito eficaz onde Obama se mostrou frágil: junto aos trabalhadores brancos de menor renda, mulheres acima dos 50 anos e hispânicos.
A presença dela na chapa poderia ajudar a unificar o partido contra John McCain (que aliás está com os republicanos também divididos: o homem é muito liberal pra cabeças deles). Defensores dessa "chapa dos sonhos" dizem que somente ela seria capaz de atrair 100% do voto democrata. Fora isso, os 18 milhões de votos a ela conferidos não deixa de ser um convite bastante sedutor.
Entre os partidários de Hillary há eleitores hesitantes, principalmente as mulheres mais idosas, que, segundo sondagens, não votariam em Obama de jeito nenhum. A vice-presidência talvez seria um prêmio de consolação a quem tem se mostrado irredutível.
Se estes são supostamente os pontos favoráveis a uma “chapa dos sonhos”, há também os fatores negativos. Para o ex-presidente Jimmy Carter, isso traria à tona os aspectos indesejáveis de ambos os candidatos, que os exporia a um farto arsenal de críticas de McCain. Além dessa possibilidade, não se pode negligenciar a taxa de rejeição da senadora: mais de 40% entre todos os eleitores norte-americanos. Enfim, na matemática crua e nua da política, vejo mais vantagens do que desvantagens numa composição entre ambos, mesmo porque o candidato à presidência é Barack Obama, um homem que, em campanha, sabe como ninguém combinar a sua história pessoal, visão e talento político e carisma. Além de ser extraordinariamente inteligente ao colocar o seu projeto político.
4 comments:
Concordo no essencial, mas há uma desvantagem para Obama, que me parece importante, neste "dream ticket". Obama tem uma retórica de mudança que é absolutamente nuclear no seu discurso. Se levar Hillary como vice - e Hillary anda na política há muito tempo, faz parte daqueles a quem Obama chama "the same old folks in Washington" - a sua mensagem de mudança pede credibilidade. Também me parece que Hillary anda a pedir demasiado o cargo, quem insiste demais...
Tens razão, Zèd.
Mas tenho dúvidas sobre o que realmente quer o eleitorado norte-americano. Apesar de ter conquistado os mais jovens, Obama ainda é visto com muita ressalva entre os mais velhos. O seu slogan “change we can believe in” não tem empolgado todo o universo eleitoral. Creio que a presença da velha raposa Hillary é o caminho mais curto pra ele atingir o eleitor mais "temeroso" (leia-se, conservador) e assim se eleger presidente. Tenho certeza que se realmente for confirmado o “dream ticket”, ambos saberão como administrar retoricamente esta questão, mesmo porque o cargo de vice é um jogo político-partidário, do qual muitas vezes não se pode escapar. Que Obama vive um grande dilema, não há duvidas.
Atrevo-me a acrescentar mais um argumento contra a inclusão da "senhora Clinton" no tal suposto "dream ticket": o "senhor Clinton".
Não só pelas suas "desastradas" intervenções na campanha eleitoral da esposa, mas também pelas "más companhias" que a imprensa norte-americana tem revelado (leia-a o último número da Vanity Fair).
Mais argumentos haveria a acrescentar, relativamente ao "senhor Clintos".
Fica para outra ocasião.
Cumprimentos
Obrigado, Formiga.
É verdade. O senhor Bill foi um dos responsáveis pela derrota da senhora Clinton, principalmente na orquestração de todo o jogo-sujo de campanha. Pelo lado de Hillary, destaco o seu cinismo, arrogância e a prepotência de pensar que seria vitoriosa por antecipação.
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