Este domingo fui assistir ao concurso das marchas populares de Lisboa, que se realiza num pavilhão fechado, antes do desfile na Avenida. É um primeiro momento de avaliação pelo júri.
Num Pavilhão Atlântico quase lotado era já a 3.ª (e última) noite de competição. O ambiente era de corropio e barulheira popular (portanto, não havia a tal tosse convulsa dos concertos de música clássica cá do burgo), com petizes e graúdos dos vários bairros da cidade, e uns quantos paraquedistas de fora, como a Cinha Jardim, que era a madrinha «da Linha» da marcha de Alfama. O elemento feminino predominava na audiência, mas não no palco. Também havia as incontornáveis pipocas, algodão doce e queijadas de Sintra, além do stock líquido cá fora e do speaker assim a dar pró-Feira Popular.
Num Pavilhão Atlântico quase lotado era já a 3.ª (e última) noite de competição. O ambiente era de corropio e barulheira popular (portanto, não havia a tal tosse convulsa dos concertos de música clássica cá do burgo), com petizes e graúdos dos vários bairros da cidade, e uns quantos paraquedistas de fora, como a Cinha Jardim, que era a madrinha «da Linha» da marcha de Alfama. O elemento feminino predominava na audiência, mas não no palco. Também havia as incontornáveis pipocas, algodão doce e queijadas de Sintra, além do stock líquido cá fora e do speaker assim a dar pró-Feira Popular.
Desfilaram então 7 das 20 marchas a concurso.
S. Vicente vinha com o melhor guarda-roupa, inovador, simples, atractivo, com umas sombrinhas alegres a substituir os pesadões arcos convencionais. A letra e melodia também eram boas. Pena é que não tenha aproveitado para referir o seu santo Vicente, pois ele é que é o padroeiro de Lisboa, o que poucos sabem, e pese a relevância do St.º António, que já é referido por muitas outras marchas.
O Lumiar tinha uma canção com boa melodia, daquelas que ficam no ouvido, mas pouco mais.
O Beato também inovou, com o toque de percussão ao jeito da música de corte suspendendo o canto e os metais do «cavalinho». O pior era a decoração dos arcos e roupas, um quanto kitsch.
Benfica aproveitou para evocar a actriz Beatriz Costa e a sua 'costela' saloia, o que é apropriado.
O grande momento veio quase no fim, a representação de Alfama e a verificação se tinha traquejo para ser novamente a favorita. Parece que sim, a julgar pela coreografia, onde foi, de longe, a que revelou mais desenvoltura, variedade e risco. E, também, a atestar pelo apoio do público: mal a marcha desapareceu atrás do pano, o pavilhão encolheu para metade. Os seus apoiantes haviam saído, apesar do pedido do apresentador - a noite já ia longa, os assentos eram desconfortáveis e muita gente pegava cedo ao trabalho no dia seguinte.
As marchas alfacinhas são um dos "50 melhores eventos europeus", segundo a estrutura organizadora, a EGEAC.
Fernando Pessoa (120.º aniv.º natalício), Padre António Vieira (IV centenário do seu nascimento), a Chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil (bicentenário) e o Ano Europeu do Diálogo Intercultural foram os temas propostos (além do inevitável de Lisboa), mas que as colectividades pouco agarraram durante esta sessão. Sobre o Ano Europeu do Diálogo Intercultural vale a pena ver este vídeo feito pela EGEAC. As sardinhas estão cada vez melhores...
Amanhã à noite é o momento final: o desfile na Avenida. Antes disso, é tempo de arraial nos bairros históricos da cidade. Iééé, Lisboa é que é!!! Iééé, Lisboa é que é!!!
6 comments:
E lá está o lobby de Alfama! Benfica não tem hipóteses!
Nem tanto ao mar nem tanto à terra!
Vamos lá ver: a minha 'avaliação' tenta ser imparcial, mas eu só vi 1/3 das marchas, de modo que foi um tiro meio no escuro.
Ademais, costumo gostar das marchas do Bairro Alto e de Marvila, que não pude ver ainda.
Amanhã a ver se me desforro.
a questão é: foste ver as marchas num pavilhão cheio de gente porquê? é mesmo masoquismo (não basta teres escolhido a carreira académica)?
Boa pergunta!
Agora a sério: fui ver porque tinha bilhete oferecido e, sobretudo, porque é um dos meus temas de estudo (lá está, a academia ;)
Ah, e porque se percebe melhor as coreografias no Pavilhão (em lugar sentado) do que na Avenida..
A propósito, este ano quem ganhou foi a marcha de Marvila; Alfama venceu apenas na coreografia (em ex-aequo com Marvila, salvo erro).
Pois, isso eu sei... vivo em Alfama :) e no dia seguinte a revolta popular era sonora!
Nem sempre se pode ganhar...
Algumas das decisões dos júris costumam ser constestadas, por pessoas ligadas a distintas marchas (o ano passado, por ex., houve bronca da grande; este ano, no Pav.º Atlântico, ainda havia ecos disso, com parte do público apupando sempre que o speaker falava na marcha de Alfama).
Há quem diga que as marchas foram suspensas pelo marcelismo precisamente por causa duma contestação defronte aos paços do concelho (e ainda estávamos em ditadura...).
Agora, averiguar quem tem razão é que será uma missão espinhosa ;)
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