quinta-feira, 31 de março de 2011

Potiche

Delirante, o início de «Potiche», filme de Ozon.

Vemos Deneuve [aqui ainda só conseguimos ver Deneuve] a fazer exercício matinal [e aqui conseguimos ver todas as donas de casa que febrilmente percorrem a berma da estrada e circundam as rotundas que os autarcas carinhosamente planearam para elas].

E depois, do corpo, o espírito, reconfortado pela lamecha «literatura».

E o resto, o resto é pura justiça cósmica, sempre em tons brique e cerise, afinal as cores dos anos 70.

Um engraçadíssimo devaneio cinematográfico.

Identidades, hibridismos e tropicalismos: leituras pós-coloniais de Gilberto Freyre


10 h - Conferência de abertura de Peter Burke (Univ. Cambridge) - "Gilberto Freyre and Postcolonial Theory: a dialogue of the deaf?".



Entrada livre e gratuita.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Os verdadeiros emplastros...

... são todos aqueles que vivem faustosamente enquanto chefes disto e daquilo na administração pública. É o forrobodó total, mesmo em tempos de crise profunda.
O último caso é a Empresa Meios Aéreos, cujo presidente ganha mais de 6500€ mensais e cujo salário médio mensal dos 58 funcionários supera os 3000€ (cf. aqui). Na opinião do secretário de Estado Vasco Franco, escandoloso é cortar nestas despesas. Seria o mesmo que acabar com a TAP. A mesma TAP com um presidente a ganhar +de 400 000 anuais, continuando a empresa no vermelho. Está tudo dito sobre o que pensam as elites da sua auto-promoção e dos seus privilégios.
Há muito que se ouve dizer que isto e aquilo são migalhas. Mas isto tudo junto, milhares de empresas públicas desnecessárias, milhares de chefias sem qualquer vantagem para o público, acumulações de salários e reformas, valem muitos milhões de euros, muitos mesmo.
Durante muito tempo, as elites dominantes fingiram que não. Agora, parte dessas elites revelam casos de desperdício. Ainda bem. Que não se esqueçam de cortar no resto das mordomias, quando estiverem no poder.

terça-feira, 29 de março de 2011

Todas as manchetes do mundo na ponta dum clique

Parece magia mas não é; é apenas o esforço duns quantos teimosos e amantes de jornais, que colocaram no site kiosko uma cópia das primeiras páginas de imprensa de todo o mundo. Tem ainda a excelente funcionalidade de escolha por país, no topo da homepage.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Com o acentuar da crise, a Europa começa a virar à esquerda

As expressivas vitórias eleitorais da esquerda em França (cantonais) e Alemanha (nos estados federais de Baden-Wuerttemberg e Norte da Renânia-Westfália) são um indício de que a Europa está a virar de agulha, depois da vaga de direita dos anos 2000.

No início da crise talvez se pensasse que era sol de pouca dura e, por isso, mais valia manter os mesmos do costume. Mas, com o agudizar da crise social, do desemprego, do recuo do Estado social e a manutenção das desigualdades de tratamento, os cidadãos europeus perceberam que o assunto era bem mais complicado e exigia outras opções que não o rame-rame costumeiro. Em concreto, no caso alemão, um cartão amarelo ao nuclear, ao eleitoralismo de  Merkel (sobre o nuclear e a abstenção na intervenção líbia) e sobre a falta de solidariedade europeia para com os parceiros da periferia.

É que a França e a Alemanha não são uns estados quaisquer, são países centrais da Europa, actualmente a conduzir os destinos da UE. O outro ponto importante é que se trata duma esquerda plural, coligada ou com acordos posteriores. Para meditação noutros países e por outros partidos.

Nb: na imagem, o líder dos verdes Kretschmann, vencedor no land de Baden-Wuerttemberg, com vitória histórica sobre 50 anos de consulado da CDU de Merkel.

sábado, 26 de março de 2011

Intervenção multinacional na Líbia: os argumentos

A intensidade do debate em torno da intervenção multinacional na Líbia tem dado água pela barba, superando os outros casos árabes, mesmo os que já estão à frente no processo de democratização, como o Egipto ou a Tunísia. As críticas à imposição do não sobrevoo chegaram a um tal grau de sofisticação sofística que estão para além de qualquer literacia bloguística básica.
Confesso que tenho dificuldade em entender a lógica que subjaz às insistentes equivalências entre a guerra do Iraque e a intervenção na Líbia, em concorrência com o delírio propagandístico de Khadafi, que no final tem a bonita soma duma cruzada feita para proteger... rebeldes da Al-Qaeda!
Parece que não estou só na perplexidade. O jornal Le Monde trouxe ontem um bom texto com os principais argumentos prós e contras: «L'intervention en Libye critiquée sur le fond et sur la forme». Recomendo: assim sim, a coisa torna-se mais complexa e mais interessante de debater.
Também a reportagem de Margarida Santos Lopes no Público (P2) de hoje ajuda a desconstruir o mito duma Líbia feita de tribos e lealdades de antanho, para nos restituir uma Líbia maioritariamente urbana e jovem, também (em segmentos dinâmicos) laica e pró-democracia, onde as tribos são apenas uma das muitas peças sociais.

Semeadores de tempestades

«Le FN [Front National] suspend son candidat photographié en plein salut nazi»

sexta-feira, 25 de março de 2011

«O Zé Parvinho!!!», pelos Telectu, ora tomai lá!!!

Conversa entre o Manel e o Jaquim a serrarem o tronco...

quarta-feira, 23 de março de 2011

Um bistrot especial em terras de Bocage

Houve um tempo em que as livrarias eram apenas uns botecos mais nas urbes em que crescemos. Em quantidade reduzida.
Era o tempo das papelarias-livrarias. E das livrarias com fotonovelas, comics  e outros livros apetecidos de banda-desenhada.
Depois, fui-me apercebendo que estas lojas eram mais atabalhoadas do que as outras (descontando as drogarias) e não saltitavam do Outono/ Inverno para a Primavera/Verão.
Já na grande cidade tive a sorte de ir descobrindo os alfarrabistas e um ou outro resquício das antigas tertúlias do Chiado. Até que chegaram as novas livrarias culturais, autênticos pólos polivalentes de animação cultural. Delas fui falando em textos entusiásticos neste blogue e no Fuga para a Vitória (vd. I, II, III, IV, V e VI).
Mal sabia eu que estas tinham um predecessor que se mantinha incólume, qual farol, em terras do Sado, em terras de Bocage. Felizmente tive o prazer da sua revelação quase em simultâneo, já lá vão uns bons anos. É isso mesmo, falo-vos da garbosa Livraria Culsete, que este sábado puxa novamente dos galões para acolher o II Encontro Livreiro, um must no calendário das tertúlias culturais sobre o mundo da edição e do livro, capitaneado pelo sábio Manuel Medeiros.
O título irrequieto já diz tudo: «Isto não fica assim!». Ah pois não, eles vão ver. É já no próximo domingo, pelas 15h, seguido por um bom Moscatel de Setúbal. Que mais se pode pedir?

terça-feira, 22 de março de 2011

Sentido de Estado

Dado como desaparecido nos últimos meses, pede-se a quem der com o seu paradeiro o favor de contactar a República Portuguesa...

Sim, falamos dessa coisa que, outrora, encheu a boca dos auto-denominados «partidos da governação» (PS, PSD e CDS). «Sentido de estado»: é o último desaparecido em combate da política à portuguesa. Por causa disso, vêm aí eleições antecipadas e um agravamento da situação do país. Todos se ilibam de ter culpas, mas têm-nas e enquanto não o admitirem mais efeitos nefastos poderão produzir.

O PS por apresentar um PEC4 aos poderosos da UE sem previamente o ter debatido no órgão soberano, o parlamento. Foi imprudente e incorrecto. Deu assim pretexto a PSD e CDS para se afastarem ainda mais dum compromisso alargado para com a redução do défice e dívida pública e com reformas estruturais.

Não se compreende como, perante uma crise económico-social sem precedentes no país não tenham estes partidos criados condições para um sólido compromisso alargado. O mesmo é extensivo ao Presidente Cavaco Silva, que sempre se apresentou como institucionalista, moderador e promotor de equilíbrios e compromissos. Não se percebe a sua recente desculpa de impossibilidade de actuação devido à rapidez da crise, ilidindo a sua apatia no início da crise e os efeitos destrutivos do seu discurso anti-PS no reempossamento.

Os restantes partidos parlamentares também não saem bem na foto: centraram-se em excesso na crítica aos sucessivos PEC's, fingindo não querer ver a real dimensão da crise económica, não cuidando de tentar compromissos pontuais e em consolidar alternativas políticas concretas. As quais só recentemente começaram a aflorar (face a uma crise que já vai no seu 4.º ano!), e ainda assim com medidas completamente irrealistas, como o dum mega-plano ferroviário, comprometendo outras boas e necessárias medidas*.

Mas não devemos esquecer o quadro geral: os poderosos da UE são os principais culpados e podem estar a comprometer seriamente a coesão da União Europeia de modo estrutural. O alerta é recente e vem do investidor George Soros, alguém que sabe do que fala e tem escrito bastante sobre o tema da desunião europeia...

*É o caso do orçamento zero, da taxação da banca à taxa das pme's, da renegociação das parcerias público-privadas (o grande sorvedouro de recursos do Estado), a extinção dos governos civis e das empresas públicas.

nb: cartoon de Henrique Monteiro, retirada do blogue ironia d'estado.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Saúde e riqueza: 200 países, 3 séculos, 120 mil números

Ora aqui está um video muito didáctico da BBC4, que exibe em velozes 4 mins. uma excelente visualização gráfica da evolução macroeconómica mundial relativamente à esperança média de vida e à riqueza desde 1810 a 2009. É o médico Hans Rosling que nos conta e mostra esta história do desenvolvimento do globo, acabando num tom porventura demasiado optimista: a de que todos os países estarão, brevemente, lá no topo de ambos os indicadores. Duvido. Apesar disso, a evolução registada acaba por ser bem mais positiva do que poderíamos supor a priori. E o mais surpreendente é que todos partimos bem lá debaixo. Não deixam de ser médias, claro. Nb: legendado em português.

domingo, 20 de março de 2011

Um cheiro a Jasmin também na Síria

Manifestações e repressão nestes últimos dias em Deraa, no sul da Síria. Pessoalmente a Síria é aquele país onde uma revolução democrática me parece tão desejável quanto impossível, mas claro que posso estar enganado (nada mais natural). É mais um para acompanhar de perto.

sábado, 19 de março de 2011

Previsões para 2011

Este é um ano ímpar, imprevisível, imponderável. Qualquer previsão arrisca-se a ser desmentida por acontecimentos inesperados.
Paul Krugman previu um «banho de sangue» nos Estados Unidos na próxima primavera (ver aqui).

O sempre útil «Borda d´Água», autodenominado «o Verdadeiro Almanaque» adverte: «Julho quente traz o Diabo no ventre». O sétimo mês de 2011 terá, por uma vez em oitocentos e tal anos, cinco sexta-feiras, cinco sábados, cinco domingos. Será um mês propício a «overdoses» de mitómanos e acontecimentos extraordinários.

Eu, modestamente, prevejo que não vou continuar a escrever neste blogue em 2011. Já em 2008 tinha anunciado a minha retirada da blogosfera, mas fui cedendo à boa tentação de ir postando neste blogue. Agora preciso mesmo de me concentrar em projetos fora desta rede. Podia deixar de escrever sem anúncios ou «previsões», mas esta foi a forma que encontrei de me impor uma autodisciplina. Votos de um bom ano no blogue e fora dele.

«Memórias» de Raul Brandão

Se há um título de livro do início do século XX que se pode considerar precursor da actual escrita blogosférica é Memórias de Raul Brandão. Uma colectânea de notas que o autor ia escrevendo em cafés, na rua, em casa, em cadernos de capa preta, e depois reuniu em três volumes, cada um com um prefácio que é uma grande porta de entrada no labirinto de uma vida. No «prefácio» do primeiro volume o leitor tem um vislumbre do que pode esperar da obra: «Poderão objectar-me: - Então com que destino publico tantas páginas desalinhadas, de que eu próprio sou o primeiro a duvidar? É que elas ajudam a reconstituir a atmosfera de uma época; são, como dizia um grande espírito, o lixo da História.»

As atmosferas que Brandão capta correspondem a dois regimes que se sucedem, em agonia: a monarquia constitucional e a I República. O memorialista é impiedoso nas suas notas sobre a monarquia constitucional: «Hintze passou por ser um homem íntegro. José Luciano também. Pessoalmente decerto, mas com o que ambos eles esbanjaram reconstruía-se o país de alto a baixo. (…) Ser político em Portugal foi a mais rendosa de todas as indústrias.» A consciências dos impasses da monarquia não o convence a aceitar a ilusão republicana de uma República acantonada em Lisboa e Porto, cercada por um país rural e monárquico povoado por gente que se tivesse direito a voto derrubava a República: «Mas o país é, na realidade, monárquico? Se o país é monárquico, porque falham todas as tentativas de incursão? (…) Se o país fosse monárquico, a república já não existia. Bastava um sopro para a derrubar.»

Em contraste com a vida política e social fervilhante de Lisboa, permanece uma sociedade rural marcada pelo silêncio e quase imóvel. Raul Brandão, que é um escritor do sonho e da dor, mostra-se inspirado por ambos os ambientes. Em Lisboa fascina-se com a diversidade das personagens, a velocidade dos acontecimentos, a vã e efémera glória. No campo, com a profundidade rude das paisagens e figuras. As suas memórias são povoadas por figuras conhecidas, que ele descreve em traços largos: Rafael Bordalo Pinheiro: «Todo ele mexe, todo ele é caricatura e imprevisto: os olhos, o nariz, as mãos e até o bigode que se encrespa, desenham e imitam». Guerra Junqueiro: «Parece um pregador socialista-tolstoiano, um santo cavador de barba negra e inculta: traz ainda terra pegada nas mãos e uma roupa velha, a que só faltam alguns remendos cosidos à última hora…»

Há personalidades que não conheceu, mas decifra no seu legado: «Herculano descende de pedreiros e toda a sua obra é a dum homem que mói e lavra com solenidade a pedra, a dum desses extraordinários montantes que metem o ferro até à raiz da fraga, racham o penedo, afeiçoam a laje, e acabam, enfim, por construir a catedral.»

Acerca do controverso Sidónio Pais, que empolgou as massas e entusiasmou intelectuais, escreve: «Metade príncipe, metade condottiere, seduziu, passou como um relâmpago e não deixou vestígios, porque a força que um momento o ergueu até ao alto, se não era fictícia, desapareceu ao primeiro sopro. (…) teve a existência que têm sempre os homens que procuram conciliar forças adversas. Duram um momento. Desaparecem num momento.»

Raul Brandão não se interessa menos por personagens anónimas - o senhor José, cavador, «Tem oitenta anos e tudo desliza sobre ele como sobre uma trave.» A miséria do mundo rural leva-o a interrogar-se sobre o sentido de vidas que são apenas dor e sonho, quando não apenas dor e um silêncio entrecortado por meia-dúzia de palavras: «Este mundo em que vivemos é uma mentira monstruosa. É um mundo anticristão. Como é possível isto? Como é possível que esta gente que trabalha toda a vida acabe a vida a pedir? (…) Espero na lei divina e, se não puder ser, na lei humana.»

sexta-feira, 18 de março de 2011

Amartya Sen: o bom senso que falta aos decisores políticos


A propósito do doutoramento honoris causa atribuído ao economista Amartya Sen pela Universidade de Coimbra, foram divulgadas novas entrevistas suas. Estas são bem esclarecedoras quanto à distância entre as decisões que precisamos para um mundo mais justo e seguro e aquelas que a maioria dos governantes estão aplicando, pressionados pelos poderes económicos e fáticos que nos bastidores procuram usar a coisa pública em exclusivo benefício dos seus interesses particulares.
Face à actual crise internacional, Sen refere coisas simples e lógicas como a redução da dívida pública dever ser feita sobretudo em período de crescimento; que a transparência e prestação de contas  (acountability) são essenciais em democracia; e, sobretudo, que a economia e as políticas económicas são demasiado importantes para serem deixadas apenas nas mãos de economistas e afins. Ou seja, que é vital colocarmos no centro da vida pública um debate público o mais alargado das políticas e das ideias.
Para quem quiser confirmar aqui fica uma das entrevistas: «Amartya Sen: a Europa "devia esperar pelo momento certo para reduzir a dívida pública"». E, além da conferência acima, ficam ainda mais estas: «Justice and interdependency» e «Capitalism and confusion».

quinta-feira, 17 de março de 2011

Última hora: criada a zona de exclusão aérea na Líbia, finalmente!

«Libya: UN security council backs no-fly zone and air strikes»

«Conselho de Segurança aprova uso da força contra Khadafi»

«UN council passes air strikes resolution»

Nuclear - Não tiremos conclusões precipitadas

Não que eu seja a favor do Nuclear (também não sou dogmaticamente contra), mas qualquer fonte de energia tem custos, benefícios e riscos. E o Nuclear tem obviamente riscos consideráveis. No entanto há que comparar o nuclear com as alternativas disponíveis - não esquecendo por exemplo que algumas dessas alternativas produzem CO2 o que comporta riscos importantes para o aquecimento global. Mas acima de tudo, sejamos razoáveis, tomar uma decisão sobre o nuclear em reacção à tragédia japonesa é como fazer um electrocardiograma a quem acabou de correr a maratona, vale o que vale.
P.S. - Mais uma informação interessante da Wikileaks: até no Japão houve quem avisasse que as centrais nucleares não estavam preparadas para sismos supreriores a 7 na escala de Richter.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Republicanas & republicanos: 4 biografias numa só sessão


terça-feira, 15 de março de 2011

Para a história dos conflitos sociais no século XX (agenda)

Congresso Internacional

(Lisboa, FCSH-UNL, 16-20/III)

Entre nós e as palavras: a filosofia contra o consenso

Colóquio Internacional Jacques Rancière (Lisboa, FCSH-UNL, 15-16/III)

PERIPHERIE.SYLVAIN GEORGE JACQUES RANCIERE .1 por soukaz

Extra: Interview Jacques Rancière, por Jean Birnbaum.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Lições da fragilidade humana

Depois dos terramotos em Itália, Haiti e Chile, calhou agora a trágica sina ao Japão. Foi o 7.º pior sismo de sempre, seguido dum tsunami devastador.
O país está em estado de emergência total, dado o impressivo número de desaparecidos e de desalojados e o desastre nuclear na central de Fukushima.
Só não foi mais trágico devido às medidas anti-sísmicas, ao bom sistema de protecção civil e militar, à organização e preparação da população para estas situações. Cem mil militares estão no terreno a ajudar no alojamento e reconstrução. Que outros países podem dizer estar assim tão preparados? E a Europa, tem um plano global gizado, tendo em conta o perigo vindo das centrais nucleares do leste europeu? E se voltar a Portugal, será que podemos contar com um sistema de 'recuperação' eficaz? Aí está um debate que está por fazer.
Entretanto, neste momento, só podemos estar solidários com os japoneses e exortar os países em que vivemos a apoiar na reconstrução japonesa.

Feminismos: balanço de 60 anos



Precariedade e confusões

A ideia de Vicente Jorge Silva da precariedade como condição da liberdade (ver aqui) é uma ideia confusa de uma mente confusa. A liberdade pode implicar precariedade. Mas a diferença entre precariedade voluntária e precariedade involuntária é a mesma entre não comer porque se está de jejum ou a fazer uma greve de fome e não comer porque não se tem dinheiro. Não é o mesmo uma pessoa largar um emprego porque quer «partir para outra» ou ser despedida.
A ideia de uma «geração rasca», porque um tipo decidiu mostrar o rabo numa manifestação de estudantes, foi outra ideia confusa de Vicente Jorge Silva. Quando Durão Barroso era um jovem alegadamente revolucionário e roubou móveis da Faculdade de Direito de Lisboa, ninguém se lembrou de chamar «geração ladra» à geração do actual Presidente da Comissão Europeia.

domingo, 13 de março de 2011

Da manif à contribuição com propostas concretas: uma boa via

O debate vai começar, no início, nas redes sociais, mas a ideia é sair da Internet e englobar muitas das pessoas de todas as gerações que compareceram ao protesto e cujo “capital de ideias, experiências laborais e políticas não pode ser desperdiçado”.
Na página já havia vários tópicos de discussão abertos. Num deles, empreendedorismo, lia-se que se aceitam propostas para a criação de pequenas e médias empresas, com vista à criação de novos postos de trabalho; em reforma das instituições políticas, sugere-se a ideia de dar a possibilidade a movimentos cívicos de concorrer a actos eleitorais.

Nb: imagem retirada daqui.

Filantropia ao alcance de todos

sábado, 12 de março de 2011

Gerações e privilégios

A geração massacrada na Primeira Grande Guerra nasceu na Belle Époque.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Por trabalho condigno, por uma sociedade decente

Os objectivos deste protesto não são, como os moralistas de serviço afirmam, o querer eternizar «privilégios» idênticos aos da geração passada (dos funcionários públicos, supõe-se).São apenas o justo desejo de acesso a um emprego e a luta por oportunidades mínimas de inserção social.
Depois dos apelos cândidos à participação da juventude, depois de tanto serem acusados de indiferença e alienação, agora que os jovens querem dizer «presente!»tornam-se motivo de displicência ou de sermões moralistas da parte daqueles que, na mesma idade, queriam «o impossível». 
Já não estamos perante uma «geração rasca», mas talvez perante o prenúncio de algo mais promissor. Algo que pode retomar (em novos moldes) aquilo que no Maio de 68 foi quebrado: a aliança entre a irreverência crítica da juventude estudantil e a revolta de uma força de trabalho precária, sem direitos e cansada de não ter voz.
Elísio Estanque,
nb: ilustração de gui castro felga.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Here we go again

o director do Instituto Português de Oncologia insinua [na revista da Ordem dos Médicos] que a homossexualidade acarreta doenças e desvios e que, portanto, estas pessoas não têm sequer direito à dignidade nos seus afectos.

[n]o artigo [...], os homossexuais são classificados como “doentes”, “defeituosos”, “anormais”, “portadores de taras”, com “condutas repugnantes”, “higiene degradante” e que requerem “correcção”.

Mais uma revolução do Jasmin conseguida?

O rei Mohamed VI de Marrocos anunciou uma reforma constitucional (antes que os protestos ganhem maiores proporções).

quarta-feira, 9 de março de 2011

Líbia: zona de exclusão aérea já!

Esta petição da ong Avaaz instando à criação duma zona de exclusão aérea na Líbia não podia ser mais oportuna:

Enquanto os aviões do Kadafi bombardeiam o povo da Líbia, o Conselho de Segurança da ONU irá decidir nas próximas 48 horas se eles irão impor a zona de exclusão aérea para manter os aviões do Kadafi no chão.
Juntos nós já inundamos o Conselho de Segurança com mensagens, surpreendendo o escritório do Presidente e ajudando a conquistar sanções direcionadas ao regime da Líbia. Agora, para impedir um massacre, nós precisamos de um chamado massivo de 1 milhão de mensagens pela zona de exclusão aérea. 
Se o Kadafi não poder usar os céus, ele irá perder uma arma chave nesta guerra em que os civis estão pagando o preço mais altof. Enquanto os seus helicópteros e aviões estiverem no ar, o número de mortes irá aumentar. Nós só temos 48 horas - vamos conseguir 1 milhão de mensagens para impedir os ataques mortais do Kadafi antes que seja tarde.

UHF - Cavalos de Corrida


Ainda a propósito de música de intervenção, os UHF abriram novos caminhos (a galope), quando a democracia portuguesa ainda era jovem. É refrescante ver este video pós-ditadura e pós-período revolucionário e antes do Vicente Jorge Silva ter inventado a «geração rasca».

Aos activistas de sofá, vamos lá tirar o pó às calças

Por ora, o protesto da Geração à Rasca no próximo sábado está já agendado para 16 cidades europeias: 10 portuguesas e 6 europeias da 'diáspora'. E mais de 46 mil já se comprometeram a participar, como indica a página facebook do movimento. Para uma sociedade dita comodista, não está nada mau! Mesmo com a «má imprensa» a multiplicar o seu ruído e comentadores encartados a lançar anátemas, a coisa avança. Para quem não acredita vd. aqui a série de desmentidos que a organização oportunamente emitiu.

terça-feira, 8 de março de 2011

Nós queremos que as pessoas acordem e não se resignem

Quem acha que os Homens da Luta não são música de intervenção tem que ouvir esta excelente entrevista ao vocalista e mentor Gel/ Nuno Duarte.

Já agora, boa viagem à Alemanha e aproveitai para pregar uma valente partida à imperatriz Merkel! Seria ouro sobre azul.

Ah, e bom Carnaval para todos!

Ah, grande Obikwelu: quantos partilhariam assim os holofotes?

Parabéns também a Naide Gomes! Ver mais em: «Francis Obikwelu ainda vale ouro aos 32 anos», por Luís Lopes.


Ainda mal apareceram e já começam a fazer estragos

Vale a pena pôr aqui a notícia toda, é pequena e esclarecedora, e sim, fazem bem em querer também falar, em 1968 era o estudante Alberto Martins (hoje ministro) que interrompia um ministro de Salazar na Universidade de Coimbra e sabemos como a liberdade de expressão e o pluralismo continuam a ser bens valiosos e insubstituíveis:
«Jovens acabam expulsos da sala
Movimento Geração à Rasca interrompe discurso de Sócrates
 
Perto de uma dezena de jovens do movimento Geração à Rasca manifestou-se hoje em Viseu, quando o secretário-geral do PS, José Sócrates, discursava sobre a sua moção política ao congresso do partido.
José Sócrates apenas tinha tido tempo para fazer os agradecimentos quando os jovens, munidos de um megafone, começaram a dizer: “Chegou a hora de a geração à rasca falar, isto é pacífico, só queremos falar”.
Os jovens foram colocados na rua pela segurança, queixando-se de terem sido agredidos.
“Eu fiz questão de dizer que era pacífico, mas fomos corridos a empurrões e houve uma rapariga que levou um pontapé”, lamentou aos jornalistas Paulo Agante, do movimento, que agendou para sábado uma manifestação anti-Governo».
nb: imagem de gui castro felga.

Quem tem vergonha de se saber a verdade sobre os falsos recibos verdes?

«PCP garante que censos vão esconder falsos recibos verdes», por Sofia Rodrigues

segunda-feira, 7 de março de 2011

Pedido de «remake»


«Os homens da Luta» têm piada. A mais famosa canção dos Deolinda não está mal. Mas esta canção é que merecia um «remake».

domingo, 6 de março de 2011

«Contra a reacção», marchar na Eurovisão!

sábado, 5 de março de 2011

FCKH8 (Warning - you will be offended)

Há tempos estive para comentar a campanha contra a homofobia nas escolas e depois acabei por não o fazer. Achei interessante que a discussão tivesse rapidamente resvalado para a qualidade da campanha e o desperdício de fundos públicos. Enfim... Proponho que se traduza este vídeo delicioso e projecte nas paredes das cantinas de todas as escolas do país!

Pelo amor de Deus!


A British Humanist Society criou três posters a pedir às pessoas que não têm qualquer religião que, no censo que vai ser realizado este mês, se identifiquem claramente como tal. Os posters são completamente inofensivos, mas foram banidos das estações de comboio por, alegadamente, serem ofensivos... Há coisas que me deixam muito zangada...

A religião nas escolas não é opcional, as crianças estão constamente a ser bombardeadas com os costumes e hábitos da religião A, B ou C. Este ano, pela primeira vez, o símbolo da British Humanist Society foi acrescentado ao mural das religiões do mundo. Os meus filhos ficaram todos contentes e só na altura percebi como era complicado para eles o facto de, nesta casa, não se praticar religião alguma. Isto vai mal! Acho que está na hora de os humanistas se declararem ofendidos!

Batalha de Ras Lanuf: rebeldes avançam a leste

Embora com forças menos bem preparadas e equipadas, os rebeldes parecem estar a conseguir levar a sua avante: Ras Lanuf é a nova cidade libertada, sendo uma importante cidade portuária e refinadora.
Parece seguirem uma estratégia de ataque em várias frentes, tornando mais difícil às tropas regulares e aos mercenários de Kadhafi irem a todas as jogadas. Além disso, são bem mais numerosos e aguerridos: é a sua vida e a dos seus que está em causa.
A oeste, Khadafi continua a espalhar morte e sofrimento entre as populações, agora através de nova tentativa malograda de tomar Zauia (Az Zawiyah) e em Tripoli prossegue a repressão contra as manifestações de revoltosos. Bem pode o seu filho dar entrevistas em inglês à Aljazeera, que não escaparão incólumes a estes crimes contra a humanidade. Tribunal Penal Internacional já anunciou que está a aprofundar as investigações e a Interpol lançou um mandado mundial de captura do ditador.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Desfazendo mitos: o de Kadhafi «resistente» e o de «guerra civil»

«Robert Fisk: The historical narrative that lies beneath the Gaddafi rebellion» (The Independent)

Líbia: uma libertação tirada a ferros, cidade a cidade, com muita persistência


«A batalha de Brega: "Estamos aqui a lutar pela liberdade"», pelo repórter no terreno Paulo Moura

quinta-feira, 3 de março de 2011

Who's next


Um interessante artigo no Le Monde, do Michel Cahen, sobre as diferenças entre os motins de Setembro passado em Moçambique e os processos revolucionários actuais no Maghreb.
« Os sujeitos de hoje (serão) os cidadãos de amanhã » ?

Jane Russell (1921-2011)


Decididamente uma estrela e das minhas favoritas.
A fazer de par moreno de Marilyn Monroe ou sempre sexy e maravilhosa no meio do Oeste selvagem em filmes que acompanhavam as tardes da minha adolescência.


quarta-feira, 2 de março de 2011

Suze Rotolo

Morreu Suze Rotolo, aqui na capa do álbum The Freewheelin' Bob Dylan. Namoraram quatro anos e inspirou algumas das mais famosas canções de Dylan. Na sua auto-biografia, A Freewheelin' Time, a autora diz "The new generation causing all the fuss was not driven by the market: we had something to say, not something to sell."

Citizen Murdoch, o manipulador global

Em 24 horas, quase metade da mídia britânica poderá ser comprada por um dos piores magnatas da mídia global. 
Rupert Murdoch explorou o seu vasto império midiático para forçar a guerra no Iraque, eleger George W Bush, espalhar ressentimento contra muçulmanos e imigrantes, alimentar o ceticismo climático e enfraquecer a democracia ao atacar impiedosamente políticos que não obedecem suas ordens. 
O controle sobre a mídia britânica irá expandir massivamente a influência do Murdoch em enfraquecer esforços globais pela paz, direitos humanos e o meio ambiente. O Reino Unido está em pé de guerra sobre as aquisições do Murdoch e até o governo aliado ao Murdoch está dividido ao meio, mesmo há horas de terem que tomar uma decisão. A solidariedade global impulsionou os protestos pró-democracia no Egito - agora ela pode ajudar a Grã-Bretanha. Vamos gerar um chamado global urgente contra o Rupert Murdoch. Assine a petição para os líderes do Reino Unido.

O grande Stuart é hoje evocado por António Valdemar