«A origem dos extremos: economistas radicais americanos durante a guerra do Vietname, 1965-1978» é o título da conferência que Tiago Mata apresentará hoje, às 13h30, no ISCTE (sala C301). Faz parte dum seminário do DINÂMIA.
Eis um breve resumo desta conferência dedicada à emergência e estrangulamento da economia política radical nos EUA:
"A teoria económica Americana no pós-Segunda Guerra Mundial é caracterizável por um consenso de Keynesianismo macroeconómico e microeconomia Walrasiana, e pela aplicação de métodos derivados da matemática aplicada. Durante duas décadas este regime serviu bem os economistas, pois conquistou-lhes o papel de neutros comentadores da vida pública, granjeando prestígio junto dos media e dos condutores da política económica. Mas nos finais dos anos 60, a disciplina entrou em crise com o emergir de um conjunto vasto de dissidências – a escola austríaca, o monetarismo, a radical political economics, o pós-keynesianismo, e a economia social. Esta apresentação aborda as origens sociais e doutrinais de uma das correntes dissidentes: a radical political economics.
O confronto nas Universidades norte-americanas entre administrações e estudantes sobre o tema da guerra do Vietname, foi o impulso para a formação de uma identidade radical nas ciências sociais. A primeira expressão deste movimento na disciplina da Economia foi a criação da Union for Radical Political Economics (URPE) em 1968. Através das actividades, por vezes escandalosas, promovidas pela URPE e por um grupo vasto de radicais em Harvard, esta crítica ganhou ouvintes junto da disciplina e do público.
Esta apresentação examina a definição do programa intelectual radical, expresso nas publicações da URPE, como uma instância de boundary work. O grupo dissidente demarcou um novo espaço cultural para a Economia, onde as fronteiras entre os domínios "politica" e "ciência" foram esbatidas. Esta cartografia cultural facilitou a aliança entre os díspares interesses dos vários membros da Union, e ao mesmo tempo agravou a crise de credibilidade que afligia a ciência económica. Esta era uma estratégia de desafio e de transformação, mas o resultado a curto prazo foi a marginalização dos economistas radicais.
O enquadramento da controvérsia em termos de boundary work ajuda-nos a compreender o seu desenlace. Os sucessos e as derrotas dos dissidentes resultaram da adopção ou rejeição da sua cartografia cultural. Os dois eventos que merecem relevo são a criação de departamentos de investigação radical em algumas universidades, embora longe dos grandes centros da produção de ciência económica; e a ocorrência de um conjunto de despedimentos de economistas radicais, alegadamente por discriminação politica. Com o fim do movimento de protesto estudantil, os radicais perderam os seus mais determinados apoiantes. Em paralelo, a American Economic Association através do estabelecimento de um Committee on Political Discrimination, sancionou os despedimentos de radicais, para reafirmar a diferença entre ciência e politica e a neutralidade da disciplina."
O confronto nas Universidades norte-americanas entre administrações e estudantes sobre o tema da guerra do Vietname, foi o impulso para a formação de uma identidade radical nas ciências sociais. A primeira expressão deste movimento na disciplina da Economia foi a criação da Union for Radical Political Economics (URPE) em 1968. Através das actividades, por vezes escandalosas, promovidas pela URPE e por um grupo vasto de radicais em Harvard, esta crítica ganhou ouvintes junto da disciplina e do público.
Esta apresentação examina a definição do programa intelectual radical, expresso nas publicações da URPE, como uma instância de boundary work. O grupo dissidente demarcou um novo espaço cultural para a Economia, onde as fronteiras entre os domínios "politica" e "ciência" foram esbatidas. Esta cartografia cultural facilitou a aliança entre os díspares interesses dos vários membros da Union, e ao mesmo tempo agravou a crise de credibilidade que afligia a ciência económica. Esta era uma estratégia de desafio e de transformação, mas o resultado a curto prazo foi a marginalização dos economistas radicais.
O enquadramento da controvérsia em termos de boundary work ajuda-nos a compreender o seu desenlace. Os sucessos e as derrotas dos dissidentes resultaram da adopção ou rejeição da sua cartografia cultural. Os dois eventos que merecem relevo são a criação de departamentos de investigação radical em algumas universidades, embora longe dos grandes centros da produção de ciência económica; e a ocorrência de um conjunto de despedimentos de economistas radicais, alegadamente por discriminação politica. Com o fim do movimento de protesto estudantil, os radicais perderam os seus mais determinados apoiantes. Em paralelo, a American Economic Association através do estabelecimento de um Committee on Political Discrimination, sancionou os despedimentos de radicais, para reafirmar a diferença entre ciência e politica e a neutralidade da disciplina."
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