quinta-feira, 15 de maio de 2008

Edward N. Lorenz (1917-2008)

Morreu recentemente Edward Lorenz, o pai da Teoria do Caos. Matemático, trabalhou em Meteorologia no exército, durante a II Guerra, e continuou na sua carreira académica. Foi ele quem primeiro percebeu que o comportamento da atmosfera pode ser modelizado por equações deterministas, e ainda assim ser irregular e aparentemente (apenas aparentemente aleatório). E, talvez mais importante ainda, percebeu que uma pequena diferença nas condições iniciais pode resultar numa enorme diferença a longo prazo. Foi Lorenz quem cunhou a metáfora do bater de asas da borboleta (numa conferência que deu em 1972 com o título "Does the flap of a butterfly's wings in Brazil set off a tornado in Texas?").
Se há um livro que influenciou a minha maneira de ver a Ciência (e o Mundo) foi o "Chaos", de James Gleick (editado em português pela Gradiva, há muitos anos), que aconselho vivamente a qualquer pessoa, cientista ou não. Acontece que o que Lorenz descobriu para a atmosfera é válido para um sem número de ciências, virtualmente todas. O número da fenómenos que são regidos pelas equações não lineares, as que modelizam fenómenos intrinsecamente caóticos, é incontável. Percebi há muito que quando tentamos abordar uma questão (científica) com um pouco mais de realismo, e profundidade, abandonando os cómodos modelo simplistas, as conclusões são sempre, ou quase sempre, contra-intuitivas, dificilmente se foge ao caos. A mensagem de tudo isto é muito banal, e anda nas bocas de toda a gente, na teoria, mas quando se chega à prática todos esquecem: A realidade é bem mais complexa do que à primeira vista pode parecer ao nosso espírito simplista.

Nota: Obituário de Edward Lorenz, na Nature (para assinantes)

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