O Instituto Português do Sangue (IPS) exclui os homens homossexuais da doação de sangue. Ministério da Saúde alega agora que há estudos científicos que demonstram que a homossexualidade masculina é um factor de risco na transmissão de doenças por transfusão de sangue. Há uma pergunta óbiva, que ainda não vi ninguém colocar (seguramente distracção minha): Que estudos científicos são esses?
Gabriel Olim (presidente do IPS) repete a ladaínha das evidências científicas, sem nos dizer de que estudos científicos fala. Se por hipótese - no mínimo improvável - houver algum estudo empírico sério que demonstre que um homem ser homossexual, e não os comportamentos de risco, são predictivos da doação de sangue contaminado, então a posição do IPS é aceitável (Miguel Vale de Almeida e Fernanda Câncio, por exemplo, recusam esta hipótese por uma questão de princípio, mas nestes casos acho que os dados empíricos valem mais do que os princípios). Acontece que Olim não fala de factores que permitam predizer o risco de contaminação por transfusão, mas de uma vaga taxa de prevalência de patogenes e de umas risíveis "razões anatómicas" (sic). Desde já as "evidências científicas" parecem frágeis.
Se por outro lado - bastante mais provável - os tais estudos científicos não existirem, ou não forem minimamente credíveis, ou forem grosseiramente mal interpretados por Olim e pelo IPS, que prova melhor da discriminação contra os homossexuais, e má-fé, pode haver? Em qualquer dos casos, deveríamos estar a discutir os tais estudos científicos, em vez de proclamar declarações de princípio e discutir em abstracto.
Gabriel Olim (presidente do IPS) repete a ladaínha das evidências científicas, sem nos dizer de que estudos científicos fala. Se por hipótese - no mínimo improvável - houver algum estudo empírico sério que demonstre que um homem ser homossexual, e não os comportamentos de risco, são predictivos da doação de sangue contaminado, então a posição do IPS é aceitável (Miguel Vale de Almeida e Fernanda Câncio, por exemplo, recusam esta hipótese por uma questão de princípio, mas nestes casos acho que os dados empíricos valem mais do que os princípios). Acontece que Olim não fala de factores que permitam predizer o risco de contaminação por transfusão, mas de uma vaga taxa de prevalência de patogenes e de umas risíveis "razões anatómicas" (sic). Desde já as "evidências científicas" parecem frágeis.
Se por outro lado - bastante mais provável - os tais estudos científicos não existirem, ou não forem minimamente credíveis, ou forem grosseiramente mal interpretados por Olim e pelo IPS, que prova melhor da discriminação contra os homossexuais, e má-fé, pode haver? Em qualquer dos casos, deveríamos estar a discutir os tais estudos científicos, em vez de proclamar declarações de princípio e discutir em abstracto.
2 comments:
Foi apresentada outra justificação: Portugal estava apenas a cumprir uma directiva ou prática da UE. Neste caso a televisão mostrou a pergunta a ser colocada directamente a uma comissária europeia e a resposta não podia ser mais clara: há normas europeias sobre a segurança e a qualidade do sangue e nenhuma delas tem a ver com a orientação sexual.
Portanto, se tais «estudos científicos» existem não são sequer considerados relevantes na União Europeia.
Viva, Zéd,
Um dos meus primeiros posts no Peão foi sobre esta matéria e estava longe de imaginar que o IPS iria assumir publicamente a discriminação contra os dadores homossexuais, sob o argumento de suposta evidência científica.
Como lembrou o João Miguel Almeida, a UE não alinha com os preconceitos do IPS.
"Nós os europeus" foi o slogan do PS utilizado na propaganda para as eleições europeias. Mas em matéria de direitos dos homossexuais o PS não se revela nada europeu.
O PS promete viabilizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo na próxima legislatura (depois de ter chumbado a proposta do BE há poucos meses atrás). Onde fica a coerência?
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