O Senado brasileiro aprovou ontem o Projeto de Decreto Legislativo que dá o aval ao tratado vindo do Itamaraty assinado pelo governo brasileiro e a Santa Sé. O acordo entre o Brasil e o Vaticano, que estabelece uma relação jurídica com a Igreja Católica no país, agora aguarda apenas pela a publicação de decreto presidencial para entrar em vigor.
Assinado em novembro do ano passado pelo presidente Lula e o Papa Bento 16, o acordo (também conhecido como concordata) envolve questões polêmicas, como o ensino da religião católica nas escolas públicas, a proibição de demolição de edifícios ou objetos ao culto católico e a laicidade do Estado brasileiro.
O Brasil é um estado laico desde a proclamação de sua Republica em 1889. E o que foi aprovado pelo Congresso Nacional contraria o caráter laico do estado Brasileiro instituído na Constituição Federal.
Além disso, esta aberração jurídica fere a liberdade religiosa e a igualdade de direitos e deveres estabelecidos entre as várias instituições religiosas, legalmente existentes no país, ao privilegiar a Igreja Católica em questões que envolvem a educação das crianças brasileiras, além de lhe conceder benefícios fiscais oriundos do erário público.
Só resta agora que esta decisão seja julgada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. A merda é que devido ao processo eleitoral já detonado em terras tupiniquins ninguém vai querer colocar o dedo nesta ferida. Mais.
2 comments:
Concordo contigo Manolo.
O processo de secularização tanto no brasil como em portugal foi marcado por este romance sem fim entre a classe politica e a igreja catolica. Um pequeno desastre, na minha opinião.
Hoje nós sabemos que a luta republicana contra a Igreja subestimou o poder desta instituição.
Uma alternativa ao anti-clericalismo republicano radical - para além da revolução sangrenta e violenta à la Mao Zedong - é juntarmo-nos à luta católica pela reforma da Igreja. Objectivo: lutar pela transformação do quadro etico católico.
Olá gdsntos.
O que se passa no Brasil já deixa de ser um romance pra se tornar uma relação bem promíscua. Creio que o presidente Lula não precisaria usar desse artifício para manter a sua popularidade em alta. É um popularismo barato que não se justifica.
Quanto a sua proposta de resistência para tentar a transformação da ética católica até que não é má ideia, mas a resposta virá na mesma intensidade. Creio que é mais fácil Jesus voltar à terra do que promover um reforma no Código Canônico. A escolha do sr. Joseph Ratzinger já foi um resposta a algumas tentativas nesse sentido.
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