sábado, 24 de outubro de 2009

«Dois homens de boa fé...»


«Dois homens de boa fé sempre se podem entender», conclui José Saramago no fim do debate com o teólogo, poeta e padre José Tolentino de Mendonça, moderado pelo jornalista do Expresso José Pedro Castanheira. Mas alguns desentendimentos do debate são bastante interessantes e vale a pena ouvi-los, e ver a cara dos interlocutores, neste vídeo.
Ontem só vi uma parte do debate entre José Saramago e o padre Carreira das Neves na SIC. Carreira das Neves teve em dificuldade de sair da pele de especialista que emprega termos inacessíveis ao grande público. E não foi capaz de explicar uma questão básica: por que é que a Igreja Católica não faz uma leitura literal da Bíblia. É que o cristianismo, em rigor, não é uma «religião do livro», como o islamismo. Antes do Corão não havia islâmicos. Quando os textos do Novo Testamento foram reunidos o cristianismo já existia há pelo menos um século. O cristianismo acredita numa pessoa – Jesus da Nazaré – que fez de outras pessoas o fundamento da Igreja. O Corão foi ditado por Alá. Cristo não escreveu uma linha da Bíblia. É à luz da passagem de testemunho sobre a vida de Cristo, da tradição e da tentativa de compatibilizar fé com razão que a Bíblia é interpretada pela Igreja Católica.
É claro que os textos da Bíblia podem ser interpretados de acordo com outras fés ou de nenhuma fé. Como tudo o resto nesta vida.

1 comments:

jrd disse...

Um poste de boa fé.