Outra coisa divertida no final da mudança é o processo de rearrumar os livros nas estantes — com o inevitável conflito entre formas de catalogação. Temática ou por formato do livro? Escolhemos uma terceira via, a da ordem alfabética radical. Tudo por nome de autor, de A a Z, independentemente do género literário. E depois? Uma arrumação individualista, cedendo ao neoliberalismo circundante, ou colectiva, socializando as obras do espírito com quem já socializamos tantos outros domínios? Depois desta mudança acabámos por optar pelo socialismo mitigado por um núcleo fundamental indivualista-obreirista: partilha da literatura e de quase tudo o resto, arrumação separada dos livros "de trabalho". A ver se corre bem.
Para já, a colectivização de parte da biblioteca deu origem a felizes encontros entre autores clássicos. Por exemplo, na nossa estante, entre Tácito e Tito Lívio, encontramos Rui Tavares.
segunda-feira, 10 de setembro de 2007
Mais um clássico
Posted by andre at 22:09
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3 comments:
Olá André, é bom voltar a ler-te e logo 4 posts duma assentada.
Nestes últimos anos, eu a Manela e os putos, temos mudado várias vezes de casa e de cidade. Reconheço-me nas tuas palavras: o sítio que cada livro tinha na antiga estante que tentamos memorizar para a nova arrumação, mas a lógica que utilizámos na anterior casa (sim, porque há sempre uma lógica, por mais ilógica que pareça) já não se encaixa na actual…
Nesta história das mudanças, faz-me sempre alguma impressão retornar mais tarde às mesmas ruas que percorríamos todos os dias. De um momento para o outro deixamos de as percorrer. Mas ficam lá os nossos rastos e sempre que voltamos ao bairro antigo, visitamo-lo pelo caminho desses rastos. Enfim, se calhar é a isto que chamamos memória.
Um abraço e bons recomeços, Renato.
Interessantes estes teus posts das mudanças e das consequentes andanças ( e porque não lembranças?). Espero que as tuas estantes cheguem para tantos livros (é sempre um problema) e, ainda bem que não misturaram os livros de trabalho, senão seria o fim da picada!
Quanto ao livro freudiano, experimenta ler o "Aulas e Conversas" dos alunos do Wittgenstein. Quando o Wittgenstein diz porque não acredita em Freud, é "do belo"!
Um abraço, Renato e vallera.
Realmente, ainda bem que nao misturamos os livros de trabalho. Um pouquinho de bom senso sempre tivemos...
As estantes nao chegam, nao. Embora os livros, no fim de contas, nao sejam tantos como isso (ou como eu gostaria...).
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