Como todos os anos, em França (e talvez noutros países como Wallis e Futuna, a Nova Caledónia ou a ilha da Reunião), a terceira quinta-feira do mês de Novembro marca o início da comercialização do Beaujolais Nouveau. Para quem não sabe o Beaujolais Noveau é um vinho francês relativamente mau. Vá-se lá saber porquê é um vinho que é posto no mercado logo que se completa a vinificação (há rumores de que o Beaujolais Nouveau é um vinho que não se aguenta lá muito, e a verdadeira razão para tão rápida colocação no mercado é simplesmente pragmática, mais tarde seria tarde demais). Mais misterioso ainda é o sucesso comercial do Beaujolais Nouveau. A terceira quinta-feira de Novembro em França é apenas comparável ao dia de S. Valentim nos EUA. Compreende-se que no EUA seja difícil encotrar um parceiro/a decente e que por isso o S. Valentim gere tanta expectativa, já em França não é assim tão difícil encontrar um bom vinho. O facto é que desde o princípio de Novembro são mais os cartazes publicitários do Beaujolais Nouveau do que os que mostram mulheres semi-nuas (mesmo que alguns cartazes consigam conciliar ambos). E desde quinta-feira é impossível comprar detergentes no super-mercado sem levar com uma garrafa de Beaujolais Nouveau em promoção. A febre estende-se a restaurantes, bares e similares.
Esta coisa de Beaujolais Nouveau é uma tradição ancestral, que remonta nos seus moldes actuais a 1985, e na sua origem a 1951, e só pode ser compreendida no seu contexto étnico-cultural francês. Por um lado a modéstia endémica dos franceses leva-os a celebrar efusivamente o vinho que permite demonstrar ao mundo que nem todos os vinhos franceses são bons, o que os livra da maldição de ser vistos de fora como sendo um povo arrogante. Por outro lado existe a crença profundamente enraízada de que beber um mau vinho do ano em curso proveniente de uma determinada região vai permitir saber se todos os vinhos do país nesse mesmo ano serão bons ou não. Na realidade parece-me que a verdadeira razão pela qual se festeja a chegada do Beaujolais Nouveau é tão simplesmente porque isso quer dizer que continua a produzir-se vinho. Isso em si mesmo é uma razão mais que suficiente para uma celebração, porque pior que mau vinho é não haver vinho de todo.
O Beaujolais Nouveau propriamente dito, para quem tem curiosidade de saber, tem paladar que faz lembrar a áqua pé (sem qualquer desprezo pela água pé, que - como todos sabemos - não é vinho), se for bebido imediatamente após resrolhar a garrafa. Se se deixar respirar umas horas já se tem algo que se assemelha vagamente a vinho (se se deixar respirar uns dias tem um vinagre bastante suave de um paladar muito agradável, apropriado sobretudo para saladas).
Esta coisa de Beaujolais Nouveau é uma tradição ancestral, que remonta nos seus moldes actuais a 1985, e na sua origem a 1951, e só pode ser compreendida no seu contexto étnico-cultural francês. Por um lado a modéstia endémica dos franceses leva-os a celebrar efusivamente o vinho que permite demonstrar ao mundo que nem todos os vinhos franceses são bons, o que os livra da maldição de ser vistos de fora como sendo um povo arrogante. Por outro lado existe a crença profundamente enraízada de que beber um mau vinho do ano em curso proveniente de uma determinada região vai permitir saber se todos os vinhos do país nesse mesmo ano serão bons ou não. Na realidade parece-me que a verdadeira razão pela qual se festeja a chegada do Beaujolais Nouveau é tão simplesmente porque isso quer dizer que continua a produzir-se vinho. Isso em si mesmo é uma razão mais que suficiente para uma celebração, porque pior que mau vinho é não haver vinho de todo.
O Beaujolais Nouveau propriamente dito, para quem tem curiosidade de saber, tem paladar que faz lembrar a áqua pé (sem qualquer desprezo pela água pé, que - como todos sabemos - não é vinho), se for bebido imediatamente após resrolhar a garrafa. Se se deixar respirar umas horas já se tem algo que se assemelha vagamente a vinho (se se deixar respirar uns dias tem um vinagre bastante suave de um paladar muito agradável, apropriado sobretudo para saladas).
3 comments:
Por cá, nesta altura devia reinar a jeropiga. Mas cada vez se vê menos, e a concorrência do vinho do Porto e do Moscatel é fortíssima.
Qualquer um deles vai bem com castanhas, assadas ou cozidas. Também há quem prefira as castanhas com vinho tinto.
E por aí, não se bebe o Beaujolais Nouveau acompanhado com algum acepipe da estação?
É que senão há o perigo de se ficar logo zonzo, não é :)
Acepipes aqui não é o forte. Há muito boas entradas e aperitivos, mas o petiscar (grignoter) faz-se mas, que conheça, não há grande tradição de acepipes (o que é uma pena)
Hum, boas entradas, isso aí é que é finesse!
Também estava a pensar em aperitivos, mas esqueci-me de mencionar. Amendoins? Cajú? Não, espera; grissínios avec du fromage, salmão au poivre, etc. e tal. Tá bem, tá. Já tou a ver o filme. Finesse, oui, oui ;)
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