Com os recentes acontecimentos no Irã, pouco ou quase nada se tem falado sobre as declarações do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, admitindo a possibilidade da criação de um Estado palestino. Esta foi a primeira vez que Netanyahu falou oficialmente sobre a questão. O premiê também destacou que a solução para o atual conflito se baseia no “reconhecimento sincero” por parte dos palestinos de que Israel é "um Estado nacional judeu". E assim, solicitou ao mundo árabe que colabore no sentido de se encontrar soluções de paz para a região e acrescentou estar disposto a negociar em qualquer lugar: seja em Beirute, em Damasco e também em Jerusalém.
Por seu lado, a Autoridade Nacional Palestina (ANP) considerou que o primeiro-ministro israelense “bombardeou” os esforços de paz no Oriente Médio com o discurso que fez, onde colocou várias condições à criação de um Estado palestino. “Este discurso “bombardeia” todas as iniciativas de paz na região. Coloca entraves aos esforços que visam salvar o processo de paz num desafio claro à administração norte-americana”, disse o porta-voz da ANP, Nabil Abou Rudeina, que também criticou o fato de Netanyahu não ter excluído o congelamento dos colonos nos territórios palestinos. Enfim, membros do alto escalão do governo palestino disseram que a imposição de determinadas condições significa fechar as portas às negociações. Mas não descartam a abertura de conversações.
Já o Hamas, que até ontem se opunha frontalmente a abertura de diálogo parece ter mudado um pouco de ideia e se diz disposto a negociar. Claro que impondo condições. Em seu encontro com ex-presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, o chefe de governo do Hamas em Gaza, Ismail Haniyeh, afirmou que “se existe um projeto realista para resolver a causa palestina com o estabelecimento de um estado nos territórios ocupados em 1967 (Guerra dos Seis Dias) e com plena soberania, nós o apoiaremos”. O problema é que Netanyahu não aceita sentar-se à mesa de negociação com representantes do Hamas.
Em síntese, vejamos o que quer cada uma das partes.
Israel:
- Um Estado nacional judeu.
- Jerusalém como capital indivisível de Israel.
- Reconhecimento de Israel como um Estado judaico
- A questão dos refugiados deve ser negociada fora das fronteiras de Israel
- Um Estado palestino desmilitarizado.
- Não será admitido qualquer pacto militar com o Hezbollah e com o Irã.
Autoridade Nacional Palestina:
- Retorno de Israel às fronteiras pré-1967.
- Divisão de Jerusalém entre os 2 Estados.
- Desmantelamento dos assentamentos.
- Uma solução para os refugiados.
Hamas:
- Exige sem pré-condição a volta de todos os refugiados.
- E aceita uma trégua com Israel por apenas 10 anos se os israelenses retornarem para as fronteiras pré-1967.
Seja como for, é possível agora ver uma luz no final do túnel no processo de paz para palestinos e israelenses. Claro que as negociações poderão ser tenazes por parte dos envolvidos, cada qual defendendo seus interesses. Mas não impossível. O importante é que sejam dados os primeiros passos ao encontro de soluções consensuais para a coexistência pacífica e duradora entre esses 2 povos. Se usarem do bom senso, esta possibilidade não será mais uma miragem no desertol. O campo será sempre fecundo pra quem sabe conviver harmoniosamente com as diferenças e delas fazer uma coexistência edificante.
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