Definitivamente, Mayra Andrade veio pra se consagrar em diva. Não será mais uma daquelas “artistas étnicas” da moda (a tal world music, armadilha preconceituosa inventada pela poderosa indústria fonográfica para capturar os mais desatentos). Ao ouvir “Stória, Stória” (o seu segundo disco – o primeiro foi “Navega”) tem-se a certeza de que a cantora e compositora cabo-verdiana, nascida em Cuba, já é um nome definitivamente esculpido no universo musical. E melhor: esculpida com asas para ir além de qualquer fronteira.
Em “Stória, Stória”, Mayra faz uma deliciosa fusão rítmica. É um disco onde seu porto de partida é a música cabo-verdiana, mas que se encontra em alto-mar com o jazz, com a música brasileira, com a cubana, com outros ritmos africanos e com alguns elementos europeus. Enfim, é uma onda calidoscópica em constante mutação. Melodicamente, o disco tem um forte sotaque brazuca, onde a sua voz ligeiramente grave, quente, versátil e envolvente se mescla perfeitamente com a riqueza melódica e os arranjos primorosos.
“Stória, Stória” foi gravado no Brasil, França e Cuba e produzido por Alê Siqueira (que trabalhou com Tom Zé e Marisa Monte, entre outros). Alguns temas têm arranjos do talentoso músico brasileiro Jacques Morelenbaum (o preferido de Caetano Veloso). Da gravação deste disco participaram músicos cabo-verdianos, portugueses, brasileiros, guineenses e angolanos.
Por fim, ninguém melhor que a própria Mayra pra definir a sua música. “É um cão bastardo. Um cão que já não tem raça. É uma música ilegítima. A música cabo-verdiana é mestiça e eu ainda por cima sou permeável. Tudo que me encanta em outras entra na minha”, diz ela.
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