terça-feira, 1 de setembro de 2009

A Beira revisitada - Barroco da Pena

A parte mais interessante das minhas férias foi uma incursão pela Beira Alta, onde passei grande parte dos verões da minha infância e adolescência. É verdade que o mundo é composto de mudança e nunca voltamos iguais ou a sítios iguais, mas este regresso foi uma surpreendente redescoberta. Quem diria que a aldeiazinha de nome abstruso – Sobral Pichorro – à qual os meus avós maternos voltaram para gozar os últimos anos de vida é agora um ponto assinalado nos roteiros turísticos e uma escala nas viagens dos internautas? Se alguém tiver dúvidas pode consultar este texto sobre o património arqueológico da aldeia ou ler este poste e este.
Quem diria que o «barroco da pena», um amontoado de blocos graníticos que eu escalei, «por aventura», aos 13 anos, tem vestígios de povoamento que remontam ao calcolítico? Só tenho pena que o popular «barroco» tenha sido substituído na placa metálica das direcções por «fraga». Fragas há muitas e uma pesquisa rápida no Google levou-me logo a outra «fraga da Pena», com cascata. Prefiro a expressão «barroco da pena», que equilibra uma palavra com uma conotação de peso, de grandiosidade, excesso, e outra que soa a leveza, pequenez, simplicidade.

2 comments:

Daniel Melo disse...

É caso para dizer: que feliz apontamento, não de reportagem (como se diria na colorida gíria televisiva), mas de crónica de viagens!
Estava tentado a elogiar aqui um potencial sucessor, na era internauta, dos desmedidos guias proencianos, não fosse antecipar uma recusa vigorosa, e diplomática, em honra da exigência de rigor.
E, já agora, a talhe de foice, dizer que, mais acima ainda, por alturas do Alvão, algumas fragas de impressivo impacto e beleza paisagísticos são designadas como fisgas. Fisgas de Olo. Provavelmente, será património linguístico que nos ficou do legado transmontano.

João Miguel Almeida disse...

Eu estava tentado era a iniciar aqui uma modesta série de crónicas/apontamentos sobre a «Beira Alta revisitada», que este verão consistiu numas deambulações no distrito da Guarda e numa próxima ocasião poderá ter como território a explorar o distrito de Viseu.
Os guias de Portugal do Raul Proença são um patamar muito elevado. Se os meus posts servissem de estímulo para consultar o dito ou de sugestão para acrescentar nos guias de referência o património entretanto (re)descoberto já me dava por muito satisfeito. E ficava contente se outros bloggers enveredassem por este tipo escrita. Quando revisitar esta região hei-de procurar as tais fisgas de Oslo.