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Quando regressei a Portugal e consultei os jornais do final da semana passada e do último sábado, percebi que o TGV já enjoa. Os políticos cavalgam-no como se fosse o fantasma do fim da independência nacional ou o cavalo de Tróia para entrar na Europa. Não sou especialmente qualificado para escrever sobre o tema, mas, já que a massa está no prato, meto a minha garfada. A viagem de avião de Lisboa para Madrid são cinquenta minutos. Mas cheguei ao aeroporto de Lisboa uma hora antes, para fazer o «check-in». Em Madrid, foi ainda preciso esperar pela bagagem e comprar primeiro um bilhete de metro e depois um bilhete de comboio que me leva em mais cinquenta minutos até Alcalá de Henares. Um colega disse-me que fez recentemente a viagem de comboio de Lisboa-Madrid e levou 10 (dez) horas a percorrê-la. Um TGV seria uma melhoria inegável. Mesmo que fosse mais usado por espanhóis para vir a Lisboa ou por galegos para ir a Madrid via Lisboa, não vejo como é que isso poderia prejudicar Portugal.
O TGV de Lisboa a Madrid é um passo para a ligação de Portugal à Europa central via rede de alta velocidade. No ano passado tivemos um exemplo da importância desta ligação que, para surpresa minha, ninguém cita, quando vozes políticas se opuseram à assinatura do Tratado de Lisboa na capital portuguesa com o argumento de ela implicar um elevado custo ecológico por os representantes dos Estados europeus terem de viajar de avião. A questão aqui não é se o Tratado é bom ou se devia ser assinado em Lisboa, mas que as viagens de avião fossem uma razão para excluir Lisboa como local para assinar um tratado. Não vejo por que é que mais tarde não se poderá usar o mesmo tipo de argumentos para excluir Portugal de cenário para outras iniciativas políticas, culturais, económicas, ou desportivas. Se os habitantes da Europa além-pirinéus não quiserem vir a Portugal, que não seja por não terem uma alternativa rápida e ecológica ao avião.
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