terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Rapariga negra, rapariga branca

No início, Rapariga negra, rapariga branca será sobre o remorso-branco e o rancor-negro na América pós-Nixon. Uma América feita maquete de campus universitário fundado sobre os grandes princípios dos direitos civis e da igualdade social ("... and justice for all"). Mas Joyce Carol Oates aprofunda, ainda mais, estes sentimentos, escrutinando todas as personagens até que delas saia o pior: suspeita, manipulação e incapacidade, muita incapacidade para enfrentar a vida pessoal, profissional, familiar e amorosa.
O tom é de crueza e ninguém tem nada para dar, excepto complexos e agressividade vindos de uma herança esquerdista desequilibrada ou de uma desajustada rigidez. Uma sombria e lúcida reflexão sobre constragimentos sociais e percursos particulares.
Imagem: Kara Walker - da série My Complement, My Enemy, My Oppressor, My Love. Artista contemporânea norte-americana que utiliza a técnica vitoriana da silhueta para retratar a violência durante a escravatura nos Estados Unidos. Como, muitas vezes, retrata a violência de negros para negros causa alguma polémica na comunidade afro-americana.

2 comments:

vallera disse...

Belo post. Adoro livros em que a trama se desenvolve em campus universitários..

Isabel Valente disse...

Da Joyce Carol Oates conheço I stand before you, que vi em palco encenado pela Ana Nave em 1998 e Man Crazy, que uma amiga teve a gentileza de me oferecer. Em ambos os casos, a visceralidade e profunda verdade das personagens dificilmente deixam alguém indiferente. Boa literatura, boa dica!