sexta-feira, 1 de junho de 2007

As eleições afinal são para todos

Eis o 4.º e último assunto do balanço de Maio: a decisão do Tribunal Constitucional sobre as eleições intercalares em Lisboa e a reconfiguração do xadrez político nacional.
Afinal, Helena Roseta sempre tinha razão em protestar contra a má aplicação dos prazos legais para as eleições na CML, pelo menos é esse o veredicto do tribunal máximo do país, que implicou o avanço do dia de votação de 1 para 15 de Julho. Era, então, uma questão de vitimização pessoal, ou algo mais grave, do género, atropelo à ponderação dos interesses legítimos em jogo? Pois é.
Nunca houve tantos candidatos ao município da capital. Desde que uma parte tenha qualidade não vem mal ao mundo. Quanto a coligações, não vale a pena fingir: na actual conjuntura era inviável. Mas estes 2 anos até às eleições municipais gerais deviam propiciar o amadurecimento de consensos. O que está em jogo agora pode ser algo mais profundo: a reconfiguração do espectro político-partidário nacional. Esqueçam as balelas do VPV e as suas sentenças sobre populismos, distribuídas a metro por todos e indistintamente; a questão é bem mais séria.
À esquerda, trata-se de afirmar um espaço de socialismo democrático que talvez nunca tenha existido dum modo sustentado neste último trinténio, pelo menos nos campos programático, social e cultural.
À direita, trata-se de autonomizar 2 áreas: a liberal e a conservadora, assumindo esta uma postura mais intervencionista. Aqui será mais complicado: onde se situará, por ex., Bagão Félix? Ou será que se trata tão-só de salvaguardar a existência duma direita (face à influência anestesiante dum centro corrosivo), personificada no populismo peronista de Santana Lopes, Filipe Meneses, Carmona e demais seguidores?
Nb: cartoon do caricaturista argentino Tute.

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