Sobre o foguetório do salão Berardo, já o essencial foi dito, embora pouco debatido quanto às suas implicações no quadro da política cultural.
Pelo lado positivo, é um chamariz e, a médio prazo, possivelmente uma (valiosa) colecção pública; pelo lado negativo, é o Estado a financiar de modo excessivo uma fundação privada para um investimento de alto risco, sendo que a compra de obras devia ser para colecções já públicas (Serralves, Chiado, Soares dos Reis, MNAA, etc.), e condicionando fortemente o principal centro cultural nacional e a sua política de diversificação de exposições e eventos ao desviar a maioria do espaço para a nova colecção.
Em tom sério recomendo os posts específicos do Daniel Oliveira (no Arrastão), do Nuno Teles (no Ladrões de Bicicletas) e do Pedro Sales (em 0 de conduta). O Nuno chama a atenção para 2 argumentos esquecidos: antes alegava-se não haver dinheiro para reforçar os orçamentos, mas para este tipo de museus já há; ficam agora em situação mais complicada os restantes museus (excepto Serralves), que vêm reduzida a sua fatia orçamental por desvio para este outro museu, faltando ainda os hermitages e quejandos que se anunciam.
Em tom humorístico, recomendo este tesourinho reprimente retirado do Fuga:
"Em 1.ª mão, eis como tudo começou, com grande sacrifício self-made man, tudo tão suadito, credo, foi só o amor à arte e aos indígenas que lhe permitiu aguentar as agruras desta separação:
cartoon de GoRRo (c) 2006"
ADENDA: no próprio dia da gala houve uma baixa de peso, entretanto tornada pública - António Mega Ferreira abandonou a presidência do redundante Conselho de Fundadores da Fundação de Arte Moderna e Contemporânea - Colecção Berardo (ler carta de demissão aqui).
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