segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Defina-me primeiro doença s.f.f.

Através deste post do Arrastão cheguei a este curioso texto de Maria Fernanda Barroca ao que parece publicado no "Diário do Minho" (e aqui uma versão ligeiramente diferente). Diz-nos a autora que "A homossexualidade não é uma fatalidade", que pode ser "tratada", cita até um psicólogo holandês (suponho que o simples facto de citar um psicólogo holandês seja sinónimo de credibildade científica). Pode ler-se no segundo texto que o trabalho do tal Psicólogo holandês se encontra publicado na revista "Studi Cattolici", que como o nome indica deve ser uma das revistas internacionais de referência em Psicologia Clínica.
Todo o artigo de Barroca é baseado no pressuposto que a homossexualidade é uma doença. Comecemos então pelo princípio: o que é uma doença? Não há uma definição absoluta e incontroversa de doença, mas é consensual que uma doença implica sofrimento, incómodo grave, ou morte permatura. Como é consensual que uma doença é causa e/ou consequência de disfunções orgânicas; um orgão que não cumpre devidamente a sua função ou um processo fisiológico que é perturbado. Assim sendo a segunda questão que se coloca é: A homossexualidade é uma doença? Não me parece que a homossexualidade per se cause sofrimento (curiosamente em inglês a palavra "gay" significa "alegre, contente, divertido"), que eu saiba não causa morte prematura, nem tão pouco envolve disfuncionamentos orgânicos.
Claro que a Sra. Barroca menciona a ligação entre homossexualidade e SIDA, como seria previsível. Esqueçamos momentaneamente que o contacto sexual entre homem e mulher, ou o sangue, podem também transmitir a SIDA. Mesmo que houvesse uma ligação entre homossexualidade e SIDA, a doença é a SIDA, não a homossexualidade. Pode continuar a ser-se homossexual sem transmitir a SIDA, conquanto haja preservativos disponíveis.
O texto todo tenta fazer passar a mensagem que os homossexuais podem deixar de o ser, mas a questão não é se podem ou não, mas sim se querem ou não. E porque razão haveriam de querer?

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