segunda-feira, 30 de março de 2009

Bispo português que defendeu dever moral de uso do preservativo para prevenir SIDA na mira do Vaticano

Depois das desastradas declarações do Papa no ínicio da sua visita a África, o Vaticano volta de novo à carga, preparando-se para recriminar as declarações do Bispo de Viseu, D. Ilídio Leandro, que no sábado passado escreveu no site da sua Diocese que quem tem uma vida sexual activa tem a "obrigação moral de se prevenir e não provocar a doença na outra pessoa" (vd. notícia aqui; vd. tb. esta). Referiu ainda "aqui, o preservativo não somente é aconselhável como poderá ser eticamente obrigatório" (eis a versão integral do seu texto: «A viagem de Bento XVI a África - a propósito dos preservativos…»). Ontem, também o Bispo do Porto, D. Manuel Clemente, se referiu ao assunto, afirmando que o preservativo é "um expediente" que poderá ter "o seu cabimento nalguns casos". Estas são algumas das declarações de altas figuras da hierarquia portuguesa que contrastam fortemente com a posição da Santa Sé.
Pouco antes destas tomadas de posição, a prestigiada revista de medicina Lancet criticara as declarações anti-científicas do Papa a propósito da protecção anti-SIDA concedida pelo preservativo, defendendo ainda que é indispensável separar as questões de saúde pública dos dogmas religiosos.

2 comments:

João Miguel Almeida disse...

Olá Daniel,

Ando bastante afastado da leitura de blogues e até de jornais, mas ouvi dizer que jornalistas do DN foram ao Vaticano perguntar ao Vaticano se iam tomar medidas contra o bispo de Viseu, na mais castiça tradição inquisitorial.
Quanto às declarações do Papa, acho ridículos aqueles comentários que sublinham que o Papa não podia dizer outra coisa, como se a condenação do preservativo fosse um dogma ou viesse na Bíblia (já agora num dos dez mandamentos ou num dos «mandamentos novos» de Cristo). A doutrina católica sobre o assunto baseia-se numa alegada lei natural. E na interpretação de uma lei natural o Papa não tem mais autoridade que qualquer outro ser humano (de acordo com a mais ortodoxa doutrina católica).

Daniel Melo disse...

Olá João Miguel,

sobre a putativa admoestação vaticana, ignoro se foi a imprensa que criou o incidente. Porém, na linha das posições deste Papa e de seus próximos, não será de estranhar se houver algum tipo de recriminação.

Obrigado pelo teu comentário sobre a condenação papal do preservativo, vens trazer mais argumentos ao debate da questão.