Depois das desastradas declarações do Papa no ínicio da sua visita a África, o Vaticano volta de novo à carga, preparando-se para recriminar as declarações do Bispo de Viseu, D. Ilídio Leandro, que no sábado passado escreveu no site da sua Diocese que quem tem uma vida sexual activa tem a "obrigação moral de se prevenir e não provocar a doença na outra pessoa" (vd. notícia aqui; vd. tb. esta). Referiu ainda "aqui, o preservativo não somente é aconselhável como poderá ser eticamente obrigatório" (eis a versão integral do seu texto: «A viagem de Bento XVI a África - a propósito dos preservativos…»). Ontem, também o Bispo do Porto, D. Manuel Clemente, se referiu ao assunto, afirmando que o preservativo é "um expediente" que poderá ter "o seu cabimento nalguns casos". Estas são algumas das declarações de altas figuras da hierarquia portuguesa que contrastam fortemente com a posição da Santa Sé.
Pouco antes destas tomadas de posição, a prestigiada revista de medicina Lancet criticara as declarações anti-científicas do Papa a propósito da protecção anti-SIDA concedida pelo preservativo, defendendo ainda que é indispensável separar as questões de saúde pública dos dogmas religiosos.
2 comments:
Olá Daniel,
Ando bastante afastado da leitura de blogues e até de jornais, mas ouvi dizer que jornalistas do DN foram ao Vaticano perguntar ao Vaticano se iam tomar medidas contra o bispo de Viseu, na mais castiça tradição inquisitorial.
Quanto às declarações do Papa, acho ridículos aqueles comentários que sublinham que o Papa não podia dizer outra coisa, como se a condenação do preservativo fosse um dogma ou viesse na Bíblia (já agora num dos dez mandamentos ou num dos «mandamentos novos» de Cristo). A doutrina católica sobre o assunto baseia-se numa alegada lei natural. E na interpretação de uma lei natural o Papa não tem mais autoridade que qualquer outro ser humano (de acordo com a mais ortodoxa doutrina católica).
Olá João Miguel,
sobre a putativa admoestação vaticana, ignoro se foi a imprensa que criou o incidente. Porém, na linha das posições deste Papa e de seus próximos, não será de estranhar se houver algum tipo de recriminação.
Obrigado pelo teu comentário sobre a condenação papal do preservativo, vens trazer mais argumentos ao debate da questão.
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