Os tempos vão de reclamação e protesto. Contra os erros sociaes reclamam os povos. Contra os erros dos povos reclamam as classes. Contra os erros das classes reclamam os homens. Contra os erros dos homens reclamaremos nós. Miau! […]
E o que reclamamos nós?
Tudo!
Tudo, menos mais impostos.
Menos mais asneiras.
Menos mais empregos.
Menos mais tentativas de restauração monárquica.
Menos mais revoluções armadas.
E depois, e sempre:
Juízo!
Bom senso!
Moderações de apetite à gamela do Estado!E o que reclamamos nós?
Tudo!
Tudo, menos mais impostos.
Menos mais asneiras.
Menos mais empregos.
Menos mais tentativas de restauração monárquica.
Menos mais revoluções armadas.
E depois, e sempre:
Juízo!
Bom senso!
E o bacalhau a três vinténs que nos prometeram, pois o prometido é devido!
Miau!
Foi assim que se estreou o jornal humorístico portuense miau!, a 21 de Janeiro de 1916. O humor continua actual (o «menos empregos» sendo relativo aos jobs for the boys, note-se), e a sua colecção acessível a todos os internautas desde hoje, graças ao labor da Hemeroteca Municipal de Lisboa.
Nos seus 19 n.ºs colaboraram alguns dos mais importantes desenhadores e caricaturistas da época, como Leal da Câmara, Manuel Monterroso, Gálio, A. Basto, Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro, Steinlen, Louis Raemaekers, Marco, Bagaria, Sem e Cristiano de Carvalho.
Nb: na imagem, reprodução de cartoon de Leal da Câmara.
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