Há uns tempos atrás, o mundialmente reconhecido historiador britânico Eric Hobsbawm solicitou, através dum procedimento legal, o acesso a documentos relativos a si depositados no Arquivo do MI5. Para espanto geral, foi-lhe recusado esse acesso, aditado com a nota de que «Não deve concluir pela nossa resposta que possuamos ou não qualquer dado pessoal sobre si». O historiador havia feito esta requisição para a revisão da sua autobiografia, Interesting times, livro originalmente saído em 2002, com grande recepção e traduzido para inúmeras línguas.
Nos países de tradição anglo-saxónica, o acesso à documentação de arquivos é muito facilitada, de acordo com os princípios da transparência da administração pública e do livre acesso à documentação por parte de todos os cidadãos.
Para Hobsbawm, que é um dos mais importantes historiadores da actualidade (juntamente com Immanuel Walerstein, Jacques Le Goff ou Carlo Ginzburg, só para referir alguns) e que até fora distinguido com a honra real pelos seus "servíços à nação", esta resposta só pode dever-se ao facto de se querer ocultar quem o delatou às autoridades como comunista, na época da Guerra Fria. No país de Sua Majestade, o «caso Hobsbawm» converteu-se num assunto de interesse nacional, e já chegou ao parlamento.
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