sexta-feira, 20 de julho de 2007

A imprensa e o governo Lula

A ascensão do Partido dos Trabalhadores à Presidência da República do Brasil, produziu alterações significativas na forma com que a imprensa brasileira trata as questões relativas ao Palácio do Planalto. Nunca houvera antes, tanta voracidade da comunicação social em tentar de todas as formas, condenar antecipadamente um governo e as pessoas a ele ligadas. Não é exagerado dizer que, a imprensa direitista e subserviente aos magnatas da Avenida Paulista, inverteu um princípio do direito. Aquele que diz assegura que todo cidadão é inocente até que se prove o contrário. Pois bem, com o governo Lula, acontece exactamente o inverso. Pelo menos para as inteligências da Folha, do estadão, d'O Globo (e da Globo), e da famigerada Veja. Ou seja, quando se trata do governo Lula, do PT, ou de qualquer dos seus aliados, para estes órgãos de imprensa, são sempre culpados, até provar o conttrário. Infelizmente, a condenaçaõ sumária e antecipada do governo foi levada a cabo mais uma vez, na recente tragédia que pode ser caracterizada como o maior desastre da aviação civil brasileira. O acidente com o Airbus 320 da TAM, no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Antes mesmo de ser iniciada qualquer investigação, os principais meios de comunicação do país já apontavam como responsável pela tragédis, o Palácio do Planalto. É verdade, que o sistema aeoportuário do país vive problemas estruturais bastante sérios. Mas, o que de mais grave tem acontecido como cosequência do "apagão aéreo" (a imprensa verde-amarela é pródiga em inventar termos assim), são longas esperas nos aeroportos.
A própria companhia aérea informou que a aeronave estava com um problema mecânico desde do dia 13 de julho. O reversor direito não estava a funcionar, e portanto podia dificultaria a aterragem. O que a companhia não explicou foi o motivo de colocar em operação uma aeronave com um defeito que poderia comprometer a segurança dos passageiros. Após a divulgação deste facto, o Estadão, sabiamente afirmou que "a falta do reversor podia não causar problema em uma pista mais longa". Logo, insinua que mesmo que os aviões possam voar sem todos os equipamentos de segurança, a culpa sempre será do governo (no caso desse governo ser o do Lula, obviamente). O mesmo aconteceu no ano passado, quando, faltando um mês para a eleição presidencial, um jato de fabricação da Embraer, numa irresponsável brincadeira de seus pilotos norte-americanos, abateu um avião da Gol, ceifando a vida de mais de uma centena de pessoas.
Infelizmente o país está de luto pelas mais de 200 vítimas do acidente. Mas, o facto que mais tem chamado a atenção da imprensa não é somente a dimensão do acidente. O que mais tem preocupado os meios de comunicação é encontrar a forma mais rápida de atribuir a culpa ao Planalto.
Há 188 dias, um túnel mal escavado em uma obra do metro de São Paulo desabou, abrindo uma cratera e matando sete pessoas. A obra era de responsabilidade do governo paulista, do tucano José Serra. A cobertura de Veja foi a que já se esperava. O subtítulo da reportagem era: "Antes de procurar culpados, o mais importante é observar as condições de segurança das obras públicas". O governo era do PSDB e procurar culpados era supostamente atribuir a culpa aos candidatos apoiados pela revista.
Lamentavelmente, tem sido esse o comportamento da imprensa brasileira. Qando se trata do governo federal, não é necessário julgamento, a condenação é já antecipada. Quando se trata de govenos ligados às elites económicas, nada de procurar culpados.

1 comments:

Zèd disse...

Excelente post.
"a falta do reversor podia não causar problema em uma pista mais longa"
Para além do absurdo, que referes, de se tentar justificar a utilização de um avião avariado, a companhia já sabia o comprimento da pista antes do avião levantar voo. Não pode nunca servir de desculpa.

Se virmos também os media americanos (Fox News e não só) chega-se à conclusão que não é preciso censura institucional para controlar a informação. Ou dito de outra maneira, a inexistência de censura não é suficiente para ter uma imprensa livre e independente. É preocupante...
Aliás, o problema nem se resume só ao Brazil e EUA. Em estilos diferentes, a França com Sarkozy, a Itália com Berlusconi têm o mesmo problema. A questão é mais saber onde é que o problema não existe.