quarta-feira, 20 de maio de 2009

Política vs. justiça na Itália de Berlusconi: que democracia?

O caso é antigo mas só agora sentenciado no tribunal de Milão: David Mills, ex-advogado fiscal do empresário Berlusconi, foi subornado por este para mentir e omitir provas de corrupção e falsificação pelo empório Fininvest.
Em causa estava o pagamento de 'luvas' a funcionários do fisco para favorecimento fiscal num negócio envolvendo a obtenção de direitos de transmissão de filmes dos EUA (1997). E o caso All Iberian, uma pseudo-empresa gizada pela Fininvest para falsificar as suas contas e financiar ilegalmente partidos políticos italianos (1998). Esses pagamentos foram feitos via 2 empresas off-shore usadas pela Mediaset, rede televisiva de Berlusconi.
Graças ao silêncio comprado de Mills, Berlusconi conseguiu sair incólume dum dos processos que mais perto esteve de desmontar a teia de negócios sujos do seu empório e o modo como ambos se perpetuam pela corrupção e promiscuidade com certos funcionários públicos e políticos. Entretanto, a entourage de Berlusconi já saiu a terreiro para repetir a cassete: trata-se dum ataque pessoal vindo duma justiça 'vermelha' que deve ser removida.
Quando a política chega a este estado de impunidade face à ética republicana e de soberba sobre outro poder legítimo, o judicial, que democracia resta? Um populismo destes ainda é democracia?
Para não parecer que isto é o hábito latino, diga-se que Mills foi casado até 2008 com Tessa Jowell, ex-ministra da Cultura de Tony Blair e actualmente com a pasta dos Jogos Olímpicos de Londres.

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