"I did not have sexual relations with that woman"
“I can no more disown him than I can disown my white grandmother,” [referindo-se ao reverendo Jeremiah A. Wright]
Obviamente que não acho que Bill Clinton devesse ter assumido o sua relação com Monica Lewinski, não devia ter sequer respondido à pergunta. A frase que Bill Clinton deixou para a história é apenas um de muitos exemplos do político que diz aquilo que acha que a 'opinião pública' quer ouvir, apenas e só por essa razão, porque pensa que é aquilo que a 'opinião pública' quer ouvir. Não por ser aquilo que pensa, não por ser aquilo em que acredita, não por ser aquilo que é preciso dizer naquele momento, mas apenas porque acha que é o que a 'opinião pública' quer ouvir.
Foi exactamente o que Barak Obama não fez, depois de estalar a polémica dos discursos incendiários do reverendo Wright (pastor da igreja que Obama frequenta há 20 anos). Barck Obama mostrou que tem de facto uma maneira diferente de fazer política. Podia ter procurado a saída mais fácil, e arranjado uma desculpa esfarrapada. Mas não, não negou o inegável, nem iludiu a questão. Tampouco deixou de dizer o óbvio, não é responsável pelo que diz o rev. Wright, nem tem que estar de acordo com tudo o que ele diz. Mas muito mais importante, recentrou o debate naquilo que é realmente importante, a questão racial nos EUA. Fez um diagnóstico lúcido, e contextualizou os discursos de Wright sem desculpabilizar. Fez provavelmente o melhor discurso de toda a campanha eleitoral. Nas questões morais, de cosutmes, de valores, como é o caso do racismo, as políticas tecnocráticas não chegam, as palavras, os simbolismos tornam-se absolutamente essenciais. Barack Obama fez um discurso brilhante, o que era fundamental quando a questão racial tomou (finalmente?!...) o centro da campanha. Se tinha dúvidas dissiparam-se, Obama é definitivamente o meu candidato preferido.
Quem tiver 40 minutos disponíveis que os gaste a ver isto (via Arrastão), vale a pena.
2 comments:
Boa, Zèd.
Apesar de ter sido, sem dúvida alguma, este o melhor discurso de Obama até o momento, acho que ele se complicou. E muito. Por mais que procure agora se distanciar de Wright, os eleitores que ainda vão votar nas primárias serão “lembrados” das declarações do reverendo, direta ou indiretamente, pela campanha da senhora Clinton. E como serão lembrados! O tal reverendo conseguiu ferir de uma só vez o eleitorado tanto em seu patriotismo como em seu orgulho racial. Reverter esta situação se tornou uma missão quase impossível. Mas em política, tudo é possível. Vamos ver.
Vamos ver as reacções nos próximos dias. A situação estava num crescendo, a polémica estalou e foi violenta. Obama conseguiu estancar a "crise". A controvérsia talvez se acalme nos próximos dias, e acabe por desaparecer. Parece-me que os detractores de Obama vão ter alguma dificuldade em encontrar argumentos para continuar a alimentar a polémica. Acho que ele se saiu bem.
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