domingo, 2 de março de 2008

Os soldados não gostam de planícies VI

Tenho pena que o João Lopes não tenha gostado suficientemente do filme No Country for old men e não o tenha inserido na magnífica série de posts com o título Paisagens americanas no blog Sound +Vision.
Eis o que João Lopes diz do mais recente e portentoso filme de Paul Thomas Anderson: "O espaço do Oeste, ou melhor, do western americano é, por definição, uma paisagem de vocação redentora — o campo (no sentido paisagístico, mas também cinematográfico) abre-se à sua própria exploração (económica e simbólica) e o homem nele encontra a sua identidade, tendencialmente a identidade do seu colectivo. There Will Be Blood/Haverá Sangue é um herdeiro directo dessa mitologia."
Penso que as mesmas palavras se poderiam aplicar a No Country for old men. Vejamos:
Moss: I'm fixin to do somethin dumbern hell but I'm goin anyways. ...If I don't come back tell Mother I love her.
Carla Jean: Your mother's dead, Llewelyn.
Moss: Well than I'll tell her myself.
A paisagem do espaço do Oeste americano, é também neste filme uma paisagem de vocação redentora, por mais dumbern hell que seja... He goes anyways..
No espaço da fronteira, real e mitológica, também Llewelyn Moss encontra a sua identidade e a do seu colectivo, ele é o sobrevivente morto, mais uma vez, por mais dumbern hell que seja (é o lado tarantinesco do filme):
Moss: No sir. I'm a veteran.
Official: Nam?
Moss: Yes sir. Two tours. (...) Twelfth Infantry Battalion. August seventh nineteen and sixty-six to July second nineteen and sixty-eight. The official stares at him, chewing, sour.
Official: Wilson!
Guard: Yessir.
Official: Get someone to help this man. He needs to get into town.
Adenda: A nomeação de Josh Brolin para melhor actor era mais que merecida (já para não falar da nomeação de Tommy Lee Jones, por este filme).

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