Depois de ler esta notícia, e vendo as coisas de longe parece-me que há ainda ganhadores e perdedores na crise da semana passada na América Latina, que vale a pena referir (para além dos que já referiu o Manolo). De facto Chávez ficou mais uma vez mal na fotografia com a sua extemporânea escalada militar. O presidente colombiano Uribe, obviamente, ficou pior ainda porque violou o território, logo a soberania, de um país vizinho com o qual não está em guerra. Mais ainda porque impediu que os reféns das FARC sejam libertados nos tempos mais próximos - o que era talvez o seu real objectivo -, e não apenas porque as FARC se entrincheiram ainda mais ao serem atacadas, mas porque Reyes, o n°2 das FARC abatido estava a estabelecer contactos com vários países, nomeadamente a França, para negociar a libertação dos reféns. Há m pormenor importante nesta crise: a operação militar colombiana foi desencadeada por informações fornecidas pelos Estados Unidos (segundo o próprio ministério da defesa colmbiano), o que é bem revelador do quanto a administração Bush está interessada num clima de estabilidade na região. Sendo que a solução diplomática acabou por vingar a administração Bush é quem sai a perder da situação. Não deixa de ser muito significativo que a Colômbia, o hoje em dia o único real aliado dos E.U.A. numa região em que estes tinham por hábito pôr e depor ditadores a seu bel prazer, vendo-se encurralada e tendo que escolher entre a estrtégia de Bush e os seus vizinhos, tenha preferido estes. E não acredito que tenha sido um súbito acesso de boa-vontade de Uribe, que já demonstrou ter muito poucos escrúpulos, mas é tão mais significativo quanto Uribe tenha sido obrigado contra-vontade a optar pelos seus vizinhos em detrimento de Bush. Quer dizer que os vizinhos tem influência e poder suficientes para contrariar a política de Bush (e já agora a de Chávez também, já que este estava tão desejoso de uma escalada quanto o presidente gringo). Quem sai a vencer é afinal a América Latina, que conseguiu encontrar dentro de portas a solução para o imbróglio, demonstrando maturidade política e diplomática, e autonomia em relação aos E.U.A. Pelo que li parece que foram vários os líderes políticos locais que se envolveram decisivamente para procurar a solução diplomática, os presidentes da Argentina (Cristina Kirchner), do México (Felipe Calderon), da Niquerágua (Daniel Ortega) e da República Dominicana (Leonel Fernandez). É toda a América Latina quem sai a ganhar.
quarta-feira, 12 de março de 2008
A própria América Latina ganhou (e muito)!
Posted by Zèd at 10:59
Labels: Álvaro Uribe, América do Sul, América Latina, FARC, Hugo Chávez, Rafael Correa
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