Um poema para ler em voz alta (um dos meus grandes prazeres).
LISBOA
Digo:
«Lisboa»
Quando atravesso – vinda de sul – o rio
E a cidade a que chego abre-se como se do seu nome nascesse
Abre-se e ergue-se em sua extensão nocturna
Em seu longo luzir azul e rio
Em seu corpo amontoado de colinas –
Vejo-a melhor porque digo
Tudo mostra melhor o seu estar e a sua carência
Porque digo
Lisboa com seu nome de ser e de não-ser
Com seus meandros de espanto insónia e lata
E seu secreto rebrilhar de coisa de teatro
Seu conivente sorrir de intriga e máscara
Enquanto o largo mar a Ocidente se dilata
Lisboa oscilando como uma grande barca
Lisboa cruelmente construída ao longo da sua própria ausência
Digo o nome da cidade
- Digo para ver
1977
Sophia de Mello Breyner Andresen, Navegações, Ed. revista, Lisboa, Caminho, 2004, p. 7.
«Lisboa»
Quando atravesso – vinda de sul – o rio
E a cidade a que chego abre-se como se do seu nome nascesse
Abre-se e ergue-se em sua extensão nocturna
Em seu longo luzir azul e rio
Em seu corpo amontoado de colinas –
Vejo-a melhor porque digo
Tudo mostra melhor o seu estar e a sua carência
Porque digo
Lisboa com seu nome de ser e de não-ser
Com seus meandros de espanto insónia e lata
E seu secreto rebrilhar de coisa de teatro
Seu conivente sorrir de intriga e máscara
Enquanto o largo mar a Ocidente se dilata
Lisboa oscilando como uma grande barca
Lisboa cruelmente construída ao longo da sua própria ausência
Digo o nome da cidade
- Digo para ver
1977
Sophia de Mello Breyner Andresen, Navegações, Ed. revista, Lisboa, Caminho, 2004, p. 7.
A propósito do Dia Internacional da Mulher (8 de Março) e do Dia Mundial da Poesia (21 de Março) o Revelar Lx disponibiliza este e outros poemas de mulheres poetas sobre Lisboa.
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