sexta-feira, 18 de maio de 2007

As escolas de Lisboa


Depois do Peão ter sido precursor no debate de ideias e propostas por Lisboa, entendo que deveríamos reatar a discussão. Neste sentido, gostaria de falar sobre as escolas de Lisboa. Não sei ao certo o número de escolas de 1º ciclo (públicas e privadas) que existem na cidade, mas serão de certeza umas largas dezenas. Muitas, sobretudo as que se localizam no centro, estão instaladas em prédios antigos que para além de se encontrarem muito degradados não dispõem do mínimo de condições de segurança. É uma calamidade! As portas não fecham, os vidros das janelas estão partidos e não abrem. Como é possível imaginar uma escola onde as janelas não abram! As crianças sobem, descem e tropeçam constantemente em degraus periclitantes, os soalhos de madeira são instáveis e os tectos caem aos bocados, a humidade irrompe desses buracos… Em termos de material pedagógico e desportivo, a situação é indescritível! Penso que este tema deveria ser uma das prioridades da governação da cidade. É necessário inventar um programa especial direccionado para o parque escolar. Fazer um inventário das escolas e determinar quais as que deverão ser melhoradas e quais poderiam encerrar. Há escolas isoladas perdidas em bairros cujos edifícios já não têm salvação. Mas há outras que dão vida ao bairro.
Este programa deveria contemplar, pelo menos, duas valências. Uma direccionada para as escolas instaladas em edifícios que são propriedade da Câmara. E outra que passaria pelo apoio financeiro das obras aos senhorios particulares dos prédios que albergam, principalmente, escolas privadas. Aliás, estes últimos deveriam ser compelidos a cumprir o programa. Caso contrário, teriam de sofrer as consequências que, em meu entender, poderiam ir até à expropriação. Um município que trata mal as suas escolas, não é um município digno. E Lisboa merece ser uma cidade digna.
nb: Desenho retirado daqui.

4 comments:

Hugo Mendes disse...

Alguns dados (ano lectivo 2005/2006):

- 287 estabelecimentos na educação pré-escolar (sendo 98 públicos e 189 privados), servindo 17 748 alunos (4 989 no público e 12 759 no privado);

- 217 estabelecimentos do ensino básico (sendo 103 públicos e 114 privados), servindo 28 173 alunos (16 173 no público e 11 987 no privado);

O processo para o qual alertas tem uma explicação que é esta; mesmo que seja só parcial, ela é grave o suficiente: negligência deliberada para que as escolas, pelo menos algumas, cheguem a tal ponto de degradação que dá na atitude "olha que chatice, estão em tão mau estado que nos vamos ter que desfazer delas".

Resultado 1: várias escolas fecham.
Resultado 2: em seu lugar abrem escolas privadas.

Renato Carmo disse...

Então é preciso que não fechem.

Obrigado pelos dados, eles são de facto reveladores.

Daniel Melo disse...

Na mouche, tanto post como comentário.

Estais em forma, meus caros!
E imbatíveis quanto a horas :)
(eu bem me estou a esforçar, mas, de facto, colocastes a fasquia bem alto, enfim, estaria tentado a dizer uma expressão popular do género «a raiar a aurora» se não fosse demasiado rústica... ;)

Zèd disse...

Hugo,

Quer dizer que no ensino público há responsáveis que estão a deixar arrastar a situação deliberadamente para benificiar os privados? Isso é muito grave...

É preciso, de facto, denunciar este tipo de situações.