segunda-feira, 21 de maio de 2007

«Será que foi o Estado que 'tramou' esta geração?»

Isto está muito calminho por este blogue. Deve estar tudo de luto pelo FCPorto ter sido campeão. Paciência.

De qualquer forma, e para irritar um bocadinho as hostes :), gostava que alguém à esquerda comentasse os artigos do Vasco Pulido Valente no "Público" de sábado e do Francisco Sarsfield Cabral na edição de hoje.

A pergunta do título do post é, obviamente, uma provocação. Mas merece reflexão séria, quanto mais não seja para as pessoas da nossa geração, à esquerda, decidirem se é este o "Estado social" que querem; e se este é um "Estado social" que mereça ser defendido com a "resistência" do costume; se não é este o "Estado social" que, ao criar boas condições para uns, não produz a precariedade para outros. Ou seja, se a mesma precariedade que preocupa legitimamente tantos não é tanto criada unilateralmente apenas pelo mercado, mas em larga medida pela atitude que o Estado e as pessoas que este protege têm perante o mercado. É porque quando o Estado atinge o tecto de protecção - assimétrica - que pode conferir, e o mercado tem regulações desnecessárias e por isso não funciona (e não funciona as mais das vezes para proteger uns quantos insiders), haverá sempre um grande grupo que fica "a meio caminho de lado nenhum": o "precariado".


P.S. - Para não aparecer o discurso que em Portugal os mercados já são "desregulados" e que estamos "tomados pelo neo-liberalismo", o quadro seguinte, que correlaciona o nível de regulação no mercado de trabalho com o nível de regulação no mercados de diferentes mercadorias num conjunto de países da OCDE, deve desfazer as dúvidas. O quadro (clickar para aumentar) é retirado daqui.

3 comments:

CLeone disse...

O corporativismo não acabou em 1974, nem a sua resistência à livre concorrência. Se a ideia é um post provocador (costuma ser má ideia...), que tal m sobr eos tais insiders, em torno da cleptocracia ou do familismo amoral?
O Sarsfiled não li, e o VPV deixou de ter intersse há muitos anos...

Hugo Mendes disse...

"que tal um sobre os tais insiders, em torno da cleptocracia ou do familismo amoral?"

Vamos por partes, isto já é provocador q.b. :)

Eu acho que o VPV este sábado escreveu coisas duras mas acertadas. E que sobretudo vão de encontro às preocupações desta geração, mesmo à esquerda, mesmo que não gostem de ler o que vem lá escrito.

Hugo Mendes disse...

Esta minha provocação não correu lá muito bem, dado que devem todos concordar com o VPV...In the meanwhile, pode ser que se tenha aprendido qualquer coisa...