As coisas até são bem transparentes: fumar prejudica objectivamente terceiros (para além do próprio, mas este problema seu) e deve haver regras para limitar esta "externalidade negativa". Se essas regras são mais ou menos proibitivas, bom, podemos discutir os seus limites e a sua aplicação. Mas que haja regras que limitem o acto de fumar em público parece-me uma decisao de bom senso, não, Sofia? :)
"haja regras que limitem o acto de fumar em público", em público ou no(s) espaço(s) público(s)? há uma diferença muito considerável e está, se calhar, aí todo o problema
já agora um acrescento: por exemplo, proibir fumar num automóvel de aluguer tem q lógica? a do cheiro? eu também não gosto de perfumes fortes (enjoam-me e chegam-me a levar quase ao desmaio pela náusea)e não ando a defender q se proiba ninguém de sair de casa carregado de poison
"em público ou no(s) espaço(s) público(s)? há uma diferença muito considerável e está, se calhar, aí todo o problema"
Quando escrevi "em público" referia-me a espaços públicos e fechados, claro.
Não me parece que o automóvel de aluguer preencha esse requisito; mas aí a lógica pode ser outroa: uma garantia de segurança por parte da entidade proprietária do carro contra eventuais descuidos de quem o conduz.
mas o problema daqueles q, como eu, se mandam ao ar com a nova legislação não tem a ver com a proibição do fumo em espaços públicos fechados (essa é uma questão quase pacífica), mas sim no resto... nas prisões? nos quartos de hotel? etc etc...
A nova legislação proibe fumar em espaços abertos?
Nas prisões devia distiguir-se entre espaços publicos e privados. Nos quartos de hotel pode ser visto como uma medida de segurança por parte de quem é o proprietário do imóvel.
É verdade que se pode invocar o bom senso em todas estas campanhas pro-saúde vagamente calvinistas, mas que elas continuam a ser irritantes, continuam. E eu gostava de, insensatamente, continuar a fumar em bares, restaurantes, local de trabalho, no carro, nos hóteis e, em extremo, no passeio e em casa.
yep, a nova legislação proíbe o fumo em espaços abertos (um pátio no interior de um edificio da adm pública, por exemplo). Qto ao "pode ser visto como uma medida de segurança por parte de quem é proprietário do hotel"... well, e q tal deixar ao critério do proprietário se deseja ou não aplicar tal medida? Ah! não tenho nada contra campanhas pró-saúde, já tenho contra imposições obrigatórias de hábitos saudáveis. Et pour cause... não resisto a copiar para aqui um post do mar salgado:
"A Liga da Temperança ainda não conseguiu explicar por que motivo proibir o sr. Zé de abrir um bar só para fumadores, ao lado de dezenas de outros que cumprirão a lei, desprotege os não-fumadores. E como não conseguem explicar, lá vão, entediados, dizendo que isto é uma discussão estúpida. Têm toda a razão: quando assumirem que o que se pretende é acabar com o hábito de fumar, a discussão termina."
"Insensatamente", dizes bem, Sofia :) (pelo menos no que toca aos locais fechados ou semi-fechados)
Shyznogud, eu discordo de que a lei seja uniforme para todos os locais, ou seja, devia haver espaço aos proprietários decidirem se querem, por ex., que o seu bar permitisse o acesso a fumadores. Nesse sentido eu concordo contigo.
E também concordo (mas discordo se calhar de outros) com o facto de o Estado tentar promover a saúde dos cidadãos (a tal coisa de "acabar com o hábito de fumar"). Tal como promove o civismo, a educação, etc., porque razão havia de ser neutro aqui? Isto não significa "perseguir" os que não seguem os "bons conselhos" ou criminalizar os comportamentos - embora os que afectem terceiros que são involuntariamente visados possam e devam cair sob a alçadada da lei -; significa apenas promover uma dada posição ética. Ah, e convém não esquecer que é o Sistema Nacional de Saúde, ou seja, todos nós, que paga(mos) as consequências nefastas para a saúde que decorrem da "legítima irresponsabilidade" ou "insensateza" de cada um. Isto não é argumento para criminalizar isto e aquilo; mas é um argumento para legitimar a pedagogia do Estado.
bem, o argumento economicista é dos tais que não me convencem nada. Os impostos pagos pelos fumadores incluidos no preço do tabaco são canalizados directamente, pelo q sei, para o SNS e, quase aposto, cobrem largamente (e até dão" lucro") os problemas de saúde imputáveis ao consumo de cigarros. Além do mais, se quisermos continuar numa lógica economicista, e caminhando para o absurdo, os fumadores morrem prematuramente, logo o estado poupa nas pensões de reforma.. Além disso, mais onerosas para os contrubuintes são as doenças ligadas à alimentação e, Deo Gratia!, ninguém (são de espírito) propôe proibições alimentares. Volto a repetir q acho muito bem q se façam campanhas de prevenção de hábitos tabágicos. Não é isto q contesto, mas isso é bem diferente do regime de perseguição q transparece nesta cruzada pela saúde à força. Ah! outra particularidade muito curiosa desta lei, só maiores de 18 anos podem comprar tabaco. O q é deveras cómico se comparado, por exemplo, com a idade a partir da qual se considera q legalmente um jovem é dono e senhor do seu corpo para iniciar a sua vida sexual.
É que não é uma questão economicista, é de justiça entre os que decidem continuar a fumar e os que não fumam. Não são os euros que interessam aqui (entre gastos e poupanças), é o princípio de justiça.
12 comments:
As coisas até são bem transparentes: fumar prejudica objectivamente terceiros (para além do próprio, mas este problema seu) e deve haver regras para limitar esta "externalidade negativa". Se essas regras são mais ou menos proibitivas, bom, podemos discutir os seus limites e a sua aplicação. Mas que haja regras que limitem o acto de fumar em público parece-me uma decisao de bom senso, não, Sofia? :)
"haja regras que limitem o acto de fumar em público", em público ou no(s) espaço(s) público(s)? há uma diferença muito considerável e está, se calhar, aí todo o problema
já agora um acrescento: por exemplo, proibir fumar num automóvel de aluguer tem q lógica? a do cheiro? eu também não gosto de perfumes fortes (enjoam-me e chegam-me a levar quase ao desmaio pela náusea)e não ando a defender q se proiba ninguém de sair de casa carregado de poison
"em público ou no(s) espaço(s) público(s)? há uma diferença muito considerável e está, se calhar, aí todo o problema"
Quando escrevi "em público" referia-me a espaços públicos e fechados, claro.
Não me parece que o automóvel de aluguer preencha esse requisito; mas aí a lógica pode ser outroa: uma garantia de segurança por parte da entidade proprietária do carro contra eventuais descuidos de quem o conduz.
mas o problema daqueles q, como eu, se mandam ao ar com a nova legislação não tem a ver com a proibição do fumo em espaços públicos fechados (essa é uma questão quase pacífica), mas sim no resto... nas prisões? nos quartos de hotel? etc etc...
A nova legislação proibe fumar em espaços abertos?
Nas prisões devia distiguir-se entre espaços publicos e privados. Nos quartos de hotel pode ser visto como uma medida de segurança por parte de quem é o proprietário do imóvel.
É verdade que se pode invocar o bom senso em todas estas campanhas pro-saúde vagamente calvinistas, mas que elas continuam a ser irritantes, continuam. E eu gostava de, insensatamente, continuar a fumar em bares, restaurantes, local de trabalho, no carro, nos hóteis e, em extremo, no passeio e em casa.
yep, a nova legislação proíbe o fumo em espaços abertos (um pátio no interior de um edificio da adm pública, por exemplo). Qto ao "pode ser visto como uma medida de segurança por parte de quem é proprietário do hotel"... well, e q tal deixar ao critério do proprietário se deseja ou não aplicar tal medida?
Ah! não tenho nada contra campanhas pró-saúde, já tenho contra imposições obrigatórias de hábitos saudáveis.
Et pour cause... não resisto a copiar para aqui um post do mar salgado:
"A Liga da Temperança ainda não conseguiu explicar por que motivo proibir o sr. Zé de abrir um bar só para fumadores, ao lado de dezenas de outros que cumprirão a lei, desprotege os não-fumadores. E como não conseguem explicar, lá vão, entediados, dizendo que isto é uma discussão estúpida. Têm toda a razão: quando assumirem que o que se pretende é acabar com o hábito de fumar, a discussão termina."
http://marsalgado.blogspot.com/2007/05/tabako-ii-liga-da-temperana-ainda-no.html
Hugo, para que depois não digas que não aviso, há um post sobre isto no ladob
"Insensatamente", dizes bem, Sofia :) (pelo menos no que toca aos locais fechados ou semi-fechados)
Shyznogud, eu discordo de que a lei seja uniforme para todos os locais, ou seja, devia haver espaço aos proprietários decidirem se querem, por ex., que o seu bar permitisse o acesso a fumadores. Nesse sentido eu concordo contigo.
E também concordo (mas discordo se calhar de outros) com o facto de o Estado tentar promover a saúde dos cidadãos (a tal coisa de "acabar com o hábito de fumar"). Tal como promove o civismo, a educação, etc., porque razão havia de ser neutro aqui? Isto não significa "perseguir" os que não seguem os "bons conselhos" ou criminalizar os comportamentos - embora os que afectem terceiros que são involuntariamente visados possam e devam cair sob a alçadada da lei -; significa apenas promover uma dada posição ética. Ah, e convém não esquecer que é o Sistema Nacional de Saúde, ou seja, todos nós, que paga(mos) as consequências nefastas para a saúde que decorrem da "legítima irresponsabilidade" ou "insensateza" de cada um. Isto não é argumento para criminalizar isto e aquilo; mas é um argumento para legitimar a pedagogia do Estado.
bem, o argumento economicista é dos tais que não me convencem nada. Os impostos pagos pelos fumadores incluidos no preço do tabaco são canalizados directamente, pelo q sei, para o SNS e, quase aposto, cobrem largamente (e até dão" lucro") os problemas de saúde imputáveis ao consumo de cigarros. Além do mais, se quisermos continuar numa lógica economicista, e caminhando para o absurdo, os fumadores morrem prematuramente, logo o estado poupa nas pensões de reforma.. Além disso, mais onerosas para os contrubuintes são as doenças ligadas à alimentação e, Deo Gratia!, ninguém (são de espírito) propôe proibições alimentares.
Volto a repetir q acho muito bem q se façam campanhas de prevenção de hábitos tabágicos. Não é isto q contesto, mas isso é bem diferente do regime de perseguição q transparece nesta cruzada pela saúde à força.
Ah! outra particularidade muito curiosa desta lei, só maiores de 18 anos podem comprar tabaco. O q é deveras cómico se comparado, por exemplo, com a idade a partir da qual se considera q legalmente um jovem é dono e senhor do seu corpo para iniciar a sua vida sexual.
É que não é uma questão economicista, é de justiça entre os que decidem continuar a fumar e os que não fumam. Não são os euros que interessam aqui (entre gastos e poupanças), é o princípio de justiça.
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