É sempre interessante ver um artista tentar outros caminhos. No caso desse artista ser o Camané, parecia valer a experiência e com essa convicção rumei ao S. Luiz. Sobre o palco, amontoavam-se os músicos da Orquestra Sinfónica Portuguesa e um quarteto de Jazz que acompanhariam o cantor na incursão pelos seus compositores e intérpretes preferidos, numa escolha variada, de Elis Regina, a Frank Sinatra. E logo na primeira música da noite se percebeu que este registo não se adequa ao fadista, tanto na expressão vocal, como na corporal. À sua total falta de swing (um fadista é, por vocação, estático e hirto), juntou-se um constante esforço para não ter a sua voz abafada pelos arranjos sinfónicos (por norma, sempre considerei que grandes versões orquestrais na tradição da música clássica prejudicam o desempenho de canções). Se nas actuações de músicas francesas e italianas, esteve mais seguro, devido à aproximação linguística e sentimental, já na abordagem à música anglo-saxónica, o seu estilo não se adapta. Mas o momento alto da noite foi mesmo a sua interpretação de O Vendaval passou de Tony de Matos, em que Camané brilhou, ao resgatar uma canção e um intérprete de gosto duvidoso, provando que, de facto, é um artista de outro nível (nestes resgates, lembrou-me a excelente interpretação de Caetano Veloso da também duvidosa Cucurrucuc Paloma).
Para quem ainda não viu, Outras Canções II, repete este fim-de-semana (quinta a domingo).
3 comments:
Lá estarei na quinta .
Mas vou pela sombra :O))))
Lena
Nisso de versões de canções de "gosto duvidoso" ninguém bate o Bebo Valdés e o Cigala no álbum "Lágrimas Negras", têm lá duas ou três versões de coplas espanholas absolutamente magistrais.
(ps - e o "Paloma" não é uma canção assim tão duvidosa, oh Sofia...)
sabe Sofia acho que não vimos o mm espectáculo!!! o concerto não foi interessante, foi fantástico!
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