domingo, 25 de fevereiro de 2007

Gore 2008



Daqui a algumas horas, Davis Guggenheim poderá subir ao palco do Kodak Theatre para receber o óscar para melhor filme documentário pelo "An Inconvenient Truth". Provavelmente, receberá uma ovação implicitamente dirigida a Al Gore. Se assim acontecer, há quem, nos próximos dias, voltará a falar no último para a corrida à Casa Branca.

Em 2002, Al e Tipper Gore publicaram uma compilação de fotografias de fotógrafos norte-americanos sobre o "espírito da família". Quando comprei o livro, comentei com a minha mulher que se Al Gore tivesse ganho as presidenciais em 2000, não teríamos tido oportunidade de ver a maior parte daquelas excelentes imagens. Em vez disso, estaríamos a assistir a uma presidência diferente. E nas prateleiras das livrarias, no lugar deste livro, não estaria, certamente, nenhum outro assinado por George e Laura Bush. E isso faz muita diferença. Uma diferença do tamanho da decência, da seriedade, e do respeito.

7 comments:

Zèd disse...

Não me parece que o próprio Gore queira voltar a candidatar-se, pelo menos dá ideia de ter feito o "An Inconvenient Truth" como quem paira "acima" do mundo da política.

Se Gore tiver feito o filme para relançar a sua carreira política, isso obviamente não muda em nada o conteúdo do próprio filme, mas muda a intenção com que foi feito. Confesso que gostei do filme também por Gore não estar comprometido politicamente, mas apenas com um genuíno desejo de contribuir para a resolução dos problemas ambientais, se não for esse o caso eu ficaria desiludido (suponho que muitos potenciais finaciadores de uma possível camapanha eleitoral também não tenham ficado particularmente agradados com o filme).

Disclaimer: o meu candidato favorito é o Obama.

Hugo Mendes disse...

Zèd: idem, ibidem.

João Caetano disse...

O Al Gore anda nesta história do aquecimento global há 30 anos. Não é de agora. O sucesso do filme (ganhou o óscar) e a sua ambição política são de natureza muito diferentes. E mesmo que o primeiro possa promover o segundo, em que é que isso é diferente do livro publicado há poucos meses pelo Obama?

Sobre aquecimento global e política, convém reter as suas palavras: "este não é um problema político; é um problema moral". Certamente, o maior desafio moral que a humanidade enfrentou.

Ele será sempre o melhor presidente que a américa não teve.

Hugo Mendes disse...

"Ele será sempre o melhor presidente que a américa não teve."

Talvez, mas achas que ele será candidato a 2008? O que se diz por aí?
Eu acho que a sua campanha ecologista é verdadeiramente salutar, e um exemplar engagement moral e cívico, mas precisamente por isso dificilmente enquadrável nos parâmetros e nas exigências de pré-formatação do discurso político americano.
Quando vi o filme pensei imediatamente que aquilo fosse mais uma "despedida" de que o re-início de uma qualquer e possível corrida eleitoral - uma espécie de "goodbye politics! hello civic engagement!" -, mas posso estar enganado.

João Caetano disse...

Não sei se será candidato em 2008, mas sei que não será o sucesso do filme que o fará avançar. O Al Gore tem mais de 30 anos de dedicação à causa pública. O filme é um pequeno contributo. Acho que há muita gente na expectativa.

Zèd disse...

"em que é que isso é diferente do livro publicado há poucos meses pelo Obama?"

É diferente apenas porque o Obama está na política activa, não esconde de ninguém que quando lança o livro está já a preparar a sua candidatura.

De resto concordo com tudo em relação a Al Gore, já falava do CO2 muito antes de estar na moda, e teria sido um excelente presidente.

Hugo Mendes disse...

Ò Zèd, estás-te a fazer a um tacho na futura administração do Obama, não é?