quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

O novo Público? Não, o novo P

Para papel de embrulho não está mau. Agora como jornal, chapéu. O Público acabou, kaput. Agora é P. É outra coisa. Está uma salganhada! De fugir! Seja qual for a benevolência, trata-se duma imitação falhada do novo The Guardian (a propósito, o site deste é de fugir, o do Público ainda resiste, o do El País descambou, apesar do grafismo irrepreensível).
Vamos por partes, ainda primeiras impressões, como é óbvio.
O cabeçalho ficou péssimo, parece uma placa 'informativa' dos centros comerciais. Mudar um logotipo de jornal só se ele fosse bera, que não era, era bom e já era pequeno. Este é tão pequeno quanto o outro mas 1000x menos legível. E folclórico.
Os conteúdos: tudo mais reduzido (certo?), o texto apertado como o Metro à hora de ponta, até pelas tiras superiores autopublicitárias descabidas, como já referiu a Sofia. A opinião está cada vez mais do lado da direita, com o afastamento incompreensível do Mário Mesquita, sob o pseudo-pretexto de colunistas não partidários, como se o Pacheco Pereira o fosse e os partidos tivessem peste. A linha editorial mantém-se a dum neo-liberalismo prosélito descaracterizador do projecto original e assim ficará enquanto o actual director não for substituído.
As secções: o Local foi miseravelmente desvalorizado (um autêntico tiro no pé!), o Nacional e o Internacional com Sociedade e Política fundidos talvez seja uma boa solução, desde que não se despromovam os temas sociais. O P2 é a cultura vista como espectáculo, além dum conjunto de reportagens que têm um lado inovador.
Nas fotos, por vezes mal impressas, não se percebe porque não podem combinar com o preto-e-branco.
A letra parece mais pequena e custa a ler, mesmo para uma pessoa como eu, sem problemas de visão (deve ser porque leio mesmo e não me fico pelos bonecos.., se calhar não sou o público-alvo).
Uma hipótese: o target será outro; eu, que sempre li diários, cada vez ligo menos à imprensa mainstream e mais à Internet, onde estão grudados aqueles que o P quer agarrar, mas grudados desde a infância! Paradoxos! Como vai alienando as gerações mais velhas e o seu projecto original, acabará por ir perdendo leitores. Mas eles é que sabem. Quanto ao Público original, paz à sua alma. Esperemos que ressurja noutro lado.

2 comments:

Sofia Rodrigues disse...

E quase pior que tudo junto, li não sei onde que a crónica escrita por Silva Melo acabou...

Fliscorno disse...

É, realmente parece que os conteúdos minguaram. Em contrapartida, as fotos parecem agora o sumo do jornal...