segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Mote reaccionário da semana

«Um Estado que não tem os meios da sua reforma não tem os meios da sua conservação»

Edmund Burke

4 comments:

Hugo Mendes disse...

Depende: o que é conservador (o "reaccionário" era mais para provocar) nuns tempos pode bem ser progressista noutros. E perante o que se passa hoje em países como França ou Portugal, onde - pour aller vite - o Estado corporativo e entregue a certas clientelas poderosas (que sabemos raramente serem os que mais precisam do Estado e da sua asa protectora) cresceu em certos aspectos contra e não a favor do interesse geral, esta ideia pode muito bem ser progressista.

Hugo Mendes disse...

Vá lá, essa frase foi escrita no final do século XVIII, não sejamos tão exigentes :)
Esta era a altura em que os Estados caíam com alguma facilidade.

Hugo Mendes disse...

Nem toda a agenda dos partidos trabalhistas ou social-democratas é conservadora; aliás, mais do que no passado, em que os corporativismos pensavam que o Estado era um contínua torneira aberta para despejar fundos, os hoje os partidos de centro-esquerda no governo são obrigados a pensar nos fins do Estado, e não apenas nos meios (= normalmente a mais dinheiros para as suas diferentes clientelas). Alguns cortes não têm nada de conservador em si mesmo, nem de economicismo como hoje está na moda dizer, mas são reafectações da despesa pública para o que realmente interessa, e para acabar com regalias de alguns corpos que engoradaram à custa dos outros e da dívida pública em geral (ou seja, das próximas gerações que a vão ter que pagar). Isso é pensar nos fins e não apenas nos meios, e pode ser feito com um caracter progressista, para transformar o próprio Estado e a sociedade.

(só uma nota relativamente à conservação do Estado: não é inteiramente verdade que o Estados não vejam a sua conservação ameaçada; a ameaça é diferente do passado, é certo, não é belica; mas, por exemplo, quando 56% da dívida publica francesa está em mãos estrangeiras, é a independencia e a margem de manobra de um pais que está em causa)

Hugo Mendes disse...

Antes que comecemos a desenrolar os lençois do costume :), tens de me dar exemplos do que não são medidas progressistas (ou, inversamente, são medidas conservadoras) tomadas por governos sociais-democratas e trabalhistas, que é para não iniciarmos uma conversa de surdos. É porque o que é "progressista" ou não, como calculas, é um bocado escorregadio e, sobretudo, o seu significado alterou-se ao longo do tempo.